Guta Moura Guedes: “O nosso mercado tem de ser o mundo”
«A inclusão do design numa estratégia de desenvolvimento e projecção do País é essencial para tornar a nossa produção mais competitiva e concorrencial, rentabilizar os recursos naturais e reposicionar a nossa imagem.» A declaração é de Guta Moura Guedes, directora e co-criadora da ExperimentaDesign, a bienal que, criada em 1998, e realizada hoje em Lisboa e Amesterdão, colocou Portugal no mapa do circuito mundial de eventos de design. Mas para que o nosso país e o made in Portugal ganhem maior dimensão é preciso, segundo Guta Moura Guedes, «um plano global que junte designers e produtores, que estimule sinergias e aposte só em projectos de alta qualidade e de dimensão internacional». Em paralelo, sustenta, ponto fulcral é o desenvolvimento de uma estratégia de comunicação internacional e nacional forte e continuada, «a médio prazo e sem interrupções». Porque só assim se conseguem marcas fortes e globais, imperativo actual à sobrevivência: «Uma marca portuguesa que não seja pensada para ter uma escala global será dificilmente sustentável hoje em dia», advoga!
Que importância tinha o design em Portugal, em 1998, quando é criada a Experimenta? Que visão e objectivos estiveram na génese?
Quando a Experimenta foi criada, em 1998, o design em Portugal dava os primeiros passos para fora de um círculo mais restrito, académico ou industrial. Em termos de grande público era bastante desconhecido. Já existia uma produção muito interessante de design de comunicação e design industrial, existiam cursos de design, mas havia uma falta de informação sobre o que se passava lá fora e uma grande necessidade de alavancar o que se fazia por cá. A bienal é criada com a intenção de desenvolver uma plataforma internacional em Lisboa, em Portugal, dedicada à investigação, difusão e reflexão sobre o design, apoiada numa perspectiva cultural e não comercial, e com uma franca intenção de promoção global do design.