Novobanco: Retribuir à sociedade que ela nos dá
No novobanco, todos estão envolvidos na área de responsabilidade social: os clientes, os colaboradores, os fornecedores, os parceiros e as comunidades que o banco serve, onde se pretende maximizar o impacto positivo e ser um exemplo de gestão responsável. Assim, a responsabilidade social no novobanco vai muito para além da integração de preocupações ambientais ou sociais nas operações e nos produtos, assumindo um papel crucial enquanto princípio orientador da execução da sua estratégia de negócio. Em entrevista à Marketeer, Inês Soares, responsável do Gabinete ESG do novobanco, explica as linhas orientadoras.
Na vossa opinião, este é um tema importante para a forma como os clientes olham para a marca?
Sem dúvida! Na definição da nossa arquitectura de Responsabilidade Social Empresarial ouvimos os nossos clientes, entre outros stakeholders, para podermos integrar as suas expectativas e preocupações no desenvolvimento da nossa actuação neste âmbito.
Com esta abordagem promovemos a transparência perante os clientes e reforçamos a sua confiança, contribuindo consequentemente não só para o sucesso da nossa actividade a longo prazo, mas também para a reputação da marca.
Os nossos balcões, por exemplo, são mais do que espaços comerciais, são espaços de relação com os clientes e com a comunidade em geral, e por isso promovemos iniciativas e eventos nos espaços do novobanco, que nos aproximam ainda mais da comunidade e apoiam os nossos parceiros na divulgação dos seus projectos e iniciativas.
Pretendemos contribuir para incentivar a economia e para promover a inclusão financeira e digital e, neste sentido, apoiamos eventos e iniciativas que acelerem a partilha de conhecimento. Alguns exemplos recentes são os eventos como as Corporate Talks, direccionadas a literacia financeira para pequenas empresas, o Portugal Exportador e os Prémios de Exportação e Internacionalização, ou o ciclo de conferências ESG Talks.
Têm o lema “Connosco e com os nossos clientes, a solidariedade vai falar a uma só voz”. Que acções promoveram?
Ao nível da solidariedade focamo-nos em três vertentes que estão alinhadas com as nossas áreas de impacto prioritárias em termos de Sustentabilidade/ESG: o Ambiente, a Literacia Financeira e Digital e o Bem-Estar Social. O banco actua em parceria com instituições de solidariedade social onde podemos destacar o mecenato ao Banco de Bens Doados, ENTRAJUDA, à AMI – Assistência Médica Internacional, à Associação Acreditar ou à Associação Salvador, entre outras.
Obviamente, tentamos também identificar as necessidades mais prementes a cada momento, o que nos últimos anos significou uma atenção especial às dificuldades socioeconómicas geradas pela pandemia da Covid-19 e, mais recentemente, à crise humanitária gerada pela guerra na Ucrânia.
Como funciona o programa “Contas com Gestos que contam”?
Retribuir à sociedade o que originamos com a nossa actividade é um dos nossos compromissos e foi precisamente este princípio que esteve na base da associação das nossas Conta 100% e Conta 360º a causas de responsabilidade social, que contemplam a vertente social, cultural e ambiental.
Ao abrir uma destas contas, destinadas à gestão do dia-a-dia financeiro dos nossos clientes particulares, 100% e 360º, o cliente pode escolher um de três projectos que o novobanco apoia e acompanhar o seu desenvolvimento.
Os três projectos apoiados pelo novobanco são: Semear (programa de inclusão social de jovens e adultos com dificuldade intelectual e de desenvolvimento da Associação BIPP – Inclusão para a Deficiência); Projecto Este Espaço Que Habito (promovido pelo Movimento de Expressão Fotográfica – MEF, junto de cinco Centros Educativos com jovens em cumprimento de medida tutelar de internamento, utilizando o recurso da fotografia enquanto ferramenta técnica e de expressão pessoal para desenvolver, a partir dos espaços fotografados, uma procura e descoberta da sua própria identidade); Projecto de Reciclagem Recreativa de Brinquedos (desenvolvido pela ZERO WASTE LAB, este projecto endereça o problema dos brinquedos de plástico em fim de vida, sem destino adequado). Com estes projectos conseguimos marcar a diferença e colocar estes temas na agenda dos nossos clientes. A importância dos temas deu origem a uma segunda edição a ser lançada já no início do ano.
Estiveram envolvidos na “Acção Qualidade de Vida”…
O novobanco é mecenas da Associação Salvador e está associado a este projecto desde a sua primeira edição. A “Acção Qualidade de Vida”, que conta já com 15 edições, tem como objectivo a atribuição de apoios directos e pontuais a pessoas com deficiência motora e comprovada falta de recursos financeiros.
Lançaram para 2022 o programa de voluntariado com três áreas de actuação: literacia financeira e digital, impacto ambiental e apoio humanitário. Como foi a adesão?
O nosso programa de voluntariado pretende desenvolver e fomentar o envolvimento dos colaboradores em acções de apoio à comunidade que contribuam para dar resposta a questões socioeconómicas e ambientais importantes nas comunidades que servimos. O banco assume o compromisso com a comunidade de conceder 9500 horas de voluntariado até 2024 – este é um dos objectivos estabelecidos na segunda edição do nosso programa do Dividendo Social. Todos os colaboradores podem dedicar um dia por ano ao voluntariado, repartido ou não em dois momentos, criando condições que permitam o envolvimento cívico, a promoção de ambientes que desenvolvam uma cultura colaborativa, de empatia e diversidade e de partilha de experiências e conhecimento.
Em que consiste o Dividendo Social?
O Modelo de Dividendo Social desenvolvido pelo novobanco vai já na sua segunda edição e pretende reflectir a forma como abordamos as nossas prioridades de sustentabilidade e ESG, materializando os nossos compromissos e o nosso impacto positivo nesta área. A segunda edição do modelo Dividendo Social 2022-2024 integra as três dimensões da sustentabilidade: ambiental, social e de governo corporativo, quer no modelo de negócio, quer na cultura do banco. Definimos três programas – Ambiente, Bem-Estar Social e Financeiro e Banca Responsável – e estabelecemos iniciativas, indicadores a acompanhar e objectivos muito concretos para cada um desses programas. No programa de Ambiente, estamos focados em reduzir o nosso impacto negativo sobre o meio ambiente e em promover uma economia mais sustentável e de baixo carbono. No programa de Bem-Estar Social e Financeiro, incorporamos critérios sociais na forma como gerimos o nosso negócio, promovendo o bem- -estar dos nossos colaboradores e contribuindo para o bem-estar financeiro das comunidades que servimos. Finalmente, no programa de Banca Responsável, definimos iniciativas e medimos a nossa performance nos temas de equidade, inclusão e igualdade de oportunidades e de género, posicionando ainda a sustentabilidade na nossa cadeia de valor, através da incorporação de critérios ESG na selecção dos nossos fornecedores.
A nível interno, que acções têm desenvolvido para os colaboradores da empresa?
Para o novobanco, o bem-estar dos nossos colaboradores é uma prioridade estratégica. Neste sentido, uma das acções que destacamos é o “Programa 5+”, que é composto por cinco objectivos: +saúde física, +saúde mental, +bem-estar, +equilíbrio, +felicidade, e desenvolve acções e iniciativas específicas de enfoque em cada uma destas vertentes, com o intuito de melhorar níveis de bem-estar, felicidade, motivação e engagement das nossas pessoas.
São um dos bancos que mais apoiam as artes fotográficas. Qual o balanço?
O mecenato cultural do novobanco destaca-se pelo programa novobanco Cultura, que reúne as quatro importantes colecções novobanco – Fotografia, Pintura, Numismática e Biblioteca – e as várias iniciativas de âmbito nacional que vem promovendo. Este programa tem por missão reflectir o compromisso do banco em Preservar, Promover e Partilhar com a sociedade portuguesa o importante património cultural e artístico do novobanco. Através de uma política de partilha com a sociedade portuguesa, o novobanco promove uma estratégia de mecenato cultural inovadora, através de um conjunto de iniciativas de dinamização da arte, de forma descentralizada e continuada, como é exemplo o Prémio criado com o Museu de Serralves para jovens artistas e o Prémio de Fotografia REFLEX | CAIS – novobanco. O REFLEX – Prémio de Fotografia CAIS e novobanco, lançado em 2007, é dedicado à valorização da fotografia em Portugal, reforçando e ampliando os efeitos positivos de uma iniciativa nacional de âmbito artístico, que alia a fotografia a temas socialmente relevantes. Este ano o tema foi a Diversidade e Inclusão, retratando e celebrando a diversidade, nomeadamente, étnica, social, racial, de género, religiosa e política.
A nível da sustentabilidade, que medidas tomaram para reduzir a pegada ecológica?
Diversas medidas têm sido tomadas, entre as quais a redução dos consumos de papel – em 2021, o Grupo novobanco reduziu em 25,5% o consumo de papel, cerca de 53 toneladas de papel fotocópia, e que muito se deveu à cultura “sem papel” que estamos a fomentar. No decorrer de 2021, o projecto Phygital evitou o consumo de 14 toneladas de papel e 14 milhões de litros de água necessários para a sua produção. É expectativa do banco que este projecto permita evitar, até 2024, o consumo acumulado de cerca 147 toneladas de papel (menos 154 milhões de litros de água por ano).
Outra medida foi a passagem para a utilização de electricidade verde e isenta de emissões de carbono desde Novembro de 2021. E ainda o envio de papel e outros resíduos para reciclagem, destacando o envio dos nossos cartões de débito e de crédito para reciclagem para serem utilizados na produção de mobiliário urbano feito com plástico reciclado. Só em 2022 já enviámos 1400 kg de cartões bancários para reciclar.
Mas destacaria ainda o compromisso Business Ambition for 1,5 ºC, um desafio lançado pelo Pacto Global das Nações Unidas, que o novobanco assinou e que tem como principal objectivo alcançar a transição para uma economia de baixo carbono e evitar o sobreaquecimento da atmosfera em mais de 1,5 ºC.
Ao termos assumido este compromisso estamos a estabelecer metas baseadas na ciência para reduzir as emissões de gases de efeito de estufa pelas quais somos directamente responsáveis, mas também para reduzir aquelas pelas quais somos indirectamente responsáveis, através dos nossos financiamentos, investimentos e cadeia de valor.
Como cooperam com a redução dos gastos de energia e redução de consumo?
Neste âmbito podemos destacar duas vertentes, a componente interna do banco e, por outro lado, o posicionamento do banco enquanto parceiro dos seus clientes na oferta de produtos.
Na primeira vertente, temos fortes compromissos de redução de consumos internos do banco. Até 2024 reduziremos as nossas emissões referentes a estes consumos em 28% (emissões de GEE – Gases de Efeito de Estufa, de âmbito 1 e 2). Na segunda vertente, lançámos este ano a Linha de Crédito Sustentabilidade, que pretende apoiar as empresas a desenvolverem actividades e investimentos destinados à transição energética. Para os particulares lançámos a linha crédito pessoal a energias renováveis, com a finalidade de apoiar a compra de equipamento de produção de energia renovável, como, por exemplo, os painéis solares. Temos ofertas de crédito à habitação com condições especiais para habitações com elevada certificação energética e opções de crédito pessoal para veículos eléctricos.
Como está o banco na área de ESG?
O novobanco, consciente do importante papel do sector financeiro, definiu como uma das suas prioridades estratégicas a integração dos riscos ESG no seu modelo de negócio. Actuamos com a consciência de que os bancos têm o importante papel de reorientação dos fluxos de capital para investimentos sustentáveis. Deste modo, definimos a nossa estratégia de sustentabilidade baseada em princípios de transparência e promovendo uma visão de longo prazo. Os nossos compromissos estratégicos abordam as três vertentes do ESG: Ambiente (Environmental), do Social (Social) e Governação (Governance).
Muito resumidamente, na componente ambiental, estamos focados em reduzir o nosso impacto negativo sobre o meio ambiente e em promover uma economia mais sustentável e de baixo carbono, apoiando os nossos clientes nas suas jornadas de transição; na componente do bem-estar social e financeiro (S), gerimos o nosso negócio com base em critérios sociais, promovendo o bem-estar dos nossos colaboradores e contribuindo para o bem-estar financeiro das comunidades que servimos; na componente de governação (G), centramos a nossa actividade num modelo de negócio responsável, com base em valores de equidade, igualdade de oportunidades e género, posicionando ainda a sustentabilidade na nossa cadeia de valor.
Constituímos recentemente o Gabinete de ESG e implementámos um steering mensal de sustentabilidade, onde as áreas de negócio, estratégia e risco se sentam à mesma mesa tendo como único tópico a sustentabilidade. Com este novo paradigma o banco pretende reforçar o seu apoio aos clientes, adequando e reformulando a sua oferta de produtos e serviços para incluir progressivamente considerações ambientais, sociais e éticas, cada vez mais presentes nas necessidades de clientes, tendências de mercado e exigências regulamentares.
Este artigo faz parte do Caderno Especial “Sustentabilidade e Responsabilidade Social”, publicado na edição de Dezembro (n.º 317) da Marketeer.