Enquadramento: Limites de emissões poluentes mudam com nova norma europeia
A Comissão Europeia avançou com a publicação, no início deste mês de Novembro, da norma Euro 7, que traz novas exigências ao sector automóvel no que diz respeito aos limites de emissões poluentes permitidas a novos automóveis produzidos na Europa, já a partir de 2025. Esta publicação junta-se agora à aprovação pelo Conselho Europeu do Ambiente, em Julho, do diploma que proíbe a venda de carros novos, a combustão ou híbridos, a partir de 2035.
Embora positivas para o meio ambiente, estas alterações poderão ter um forte impacto na indústria automóvel, que terá de fazer investimentos avultados no processo produtivo dos motores a implementar em novos automóveis a serem lançados no mercado. A norma Euro 7, em particular, é uma actualização da Euro 6 (já de si, muito restritiva), que tem como principal objectivo limitar ainda mais as emissões poluentes causadas pelo tráfego automóvel. A Comissão Europeia acredita que as novas tecnologias estão aptas para assegurar esta transição e, por isso, estabeleceu um novo conjunto de padrões que tornam os carros mais “limpos”, durante mais anos. E é precisamente por via da tecnologia que será feita a monitorização destas emissões, através de sensores instalados a bordo, que vão permitir controlos técnicos periódicos por forma a prevenir, ao longo do tempo de vida útil dos automóveis, que as emissões aumentem de forma descontrolada.
A nova norma entra em vigor já daqui a três anos e aplica-se a ligeiros de passageiros, comerciais ligeiros, camiões e autocarros.
Segundo a Comissão Europeia, os automóveis foram responsáveis, em média, por 39% das emissões de NOx em 2018, sendo que esta percentagem aumenta para 47% nas áreas urbanas. A expectativa de Bruxelas é que a partir da entrada em vigor da norma Euro 7 em 2035, as emissões de carros e furgões venham a diminuir em 35%, comparativamente aos resultados obtidos pela norma Euro 6. Do mesmo modo, as partículas do tubo de escape serão reduzidas em 13% nos carros e nos veículos comerciais ligeiros, e 39% nos autocarros e camiões, enquanto as partículas libertadas pelos travões dos carros serão reduzidas em 27%. A norma Euro 7 promete ainda ser uma forma de reduzir as emissões provenientes das partículas libertadas pelos pneus.
Apesar do impacto financeiro que a nova norma deverá ter no processo produtivo de novos automóveis, a Comissão Europeia contrapõe dizendo que a mesma norma irá acabar com testes actualmente obsoletos e que serão substituídos por instrumentos digitais para permitir a monitorização das emissões poluentes. De acordo com Bruxelas, isto permitirá à indústria uma redução dos custos de conformidade, mas Oliver Zipse, presidente da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA) e presidente executivo da BMW, já veio dizer que estes benefícios não compensam o aumento dos custos de produção, e que a nova norma terá um forte impacto no preço dos automóveis imputado ao consumidor.
Para alguns analistas, isto significa que, a partir de 2025, os preços dos automóveis a combustão poderão aumentar significativamente, equiparando-se, em certa medida, aos carros eléctricos. No entanto, em simultâneo, estes analistas consideram que ainda existe o risco desta norma atrasar a transição efectiva para os eléctricos, dado que nos próximos anos os fabricantes terão de investir em novas tecnologias para tornar os automóveis a combustão conformes com a Euro 7, o que lhes retirará capacidade de produção de veículos 100% eléctricos.
Este artigo faz parte do Caderno Especial “Gestão de Frotas”, publicado na edição de Novembro (n.º 316) da Marketeer.