GBSO: Inovação e sustentabilidade na área da cosmética

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Lançada em 2015, a GBSO gere, actualmente, 25 marcas entre as insígnias que distribui e as que representa como agente, o que significa cerca de 600 produtos no sector da cosmética e dos cuidados para o corpo. Nesta entrevista e num período que se avizinha crítico para a economia, a GBSO faz um balanço da performance da empresa, fala das grandes tendências de consumo na área da cosmética e partilha a sua visão para os próximos tempos. De acordo com Rita Palma, directora de Marketing e Partner da empresa GBSO, a sustentabilidade, a responsabilidade social e preços acessíveis são alguns dos ingredientes essenciais para uma fórmula de sucesso.

 

Quais as tendências de consumo na área da cosmética que se estão a acentuar este ano?
As tendências que se acentuam este ano já se iniciaram anteriormente, nomeadamente o eixo da sustentabilidade, sobretudo ao nível das embalagens e das formas de apresentação, sendo o refill, o material reciclado e a reutilização as tendências transversais a várias categorias. Ao nível da formulação, ganham as fórmulas simples, mono ingrediente, sem água (apresentação sólida, em cápsula e em pó por exemplo). O “faça você mesmo” é, também, uma tendência que se acentua, na qual o próprio consumidor mistura vários óleos, cremes e fórmulas para obter um produto adaptado às suas necessidades especificas. Por outro lado, o consumidor valoriza produtos seguros, mas responsáveis do ponto vista social, com um propósito e uma mensagem forte ao nível da relevância colectiva, seja na origem dos ingredientes, seja no apoio a causas importantes do ponto de vista da sociedade.

Nesse sentido, quais as apostas da GBSO?
A nossa aposta vai no sentido de lançar produtos inovadores na nossa marca, reforçando a nossa posição na categoria de rosto com produtos simples e qualitativos e muito acessíveis do ponto de vista de preço. Além disso, queremos reforçar a nossa oferta na área dos produtos sustentáveis, oferecendo alternativas ao consumidor aos produtos ditos tradicionais e muito acessíveis, tanto ao nível do local de compra como de preço. Acabámos, igualmente, de lançar novidades na Soft & Co (com a sub marca GLOW), que consistem numa linha de cinco séruns simples e eficazes, com os ingredientes mais relevantes no cuidado de rosto, assim como um óleo anti-estrias e anti-manchas composto por vários óleos e testes de eficácia comprovada.

Gerem, actualmente, 25 marcas. Qual a mais relevante em volume e em valor no vosso portfólio?
Neste momento, a marca mais importante é a nossa, a Soft & Co, que conta com 25 referências, mais os conjuntos especiais e promocionais. A linha de corpo ainda representa a grande parte das vendas, com a linha de rosto a valer já cerca de 20% das vendas da marca.

A Soft & Co foi lançada em 2017. Quão importante foi este lançamento de marca própria?

Foi extremamente importante pois veio trazer-nos um conhecimento e um trabalho ao nível do processo de produção, tendências, mercado e marketing que não tínhamos quando apenas representávamos marcas de terceiros. Veio, ainda, dar alguma autonomia e valor à empresa, que agora não está apenas dependente de terceiros. O processo de criação de um produto desde a detecção da necessidade, a escolha da fórmula, do packaging, imagem e comunicação até à sua implementação é muito enriquecedor e gratificante, sobretudo quando é um sucesso, como tem acontecido com os lançamentos da Soft & Co.

Neste período de pós-pandemia, como sentiram a alteração do comportamento do consumidor ao nível do consumo de produtos de cosmética?
Durante a pandemia o mercado da cosmética foi muito penalizado, sobretudo a maquilhagem, os cremes de rosto específicos, podologia, solares e cuidados masculinos. Durante a pandemia, o consumidor optou por compras rápidas pelos locais de rápido acesso e sem perder muito tempo. Vingou a compra básica, em promoção, packs familiares, sendo que os produtos de nicho ou mais específicos saíram penalizados. A excepção foram alguns produtos de indulgência para a pessoa se sentir bem em casa, como os produtos de Spa. A origem dos produtos e a sua responsabilidade social foram vectores sobrevalorizados durante a pandemia, como o “made in Portugal”. Neste momento, com o fim da pandemia, as pessoas procuram inovação, equilibrando com um consumo responsável. Voltaram a sair à noite, a ir a festas e procuram produtos com que se sintam bem e que destaquem a sua beleza.

Em que medida a crise económica também está a mudar esses comportamentos?
A crise económica que se acentua neste momento vai constituir a grande barreira a esta dinâmica pós-Covid de procura de inovação e diferenciação, sobretudo no mercado do grande consumo. Os operadores vão ter de oferecer aos consumidores, ávidos de consumo, produtos com um posicionamento de preço ajustado, sendo que as condições são muito desfavoráveis, principalmente devido ao aumento de preços das matérias-primas, transportes, e que têm impacto no preço dos produtos o que, obviamente, se irá reflectir no consumidor. Esse vai ser o grande desafio dos próximos tempos.

Nesse contexto, que novidades estão a ser preparadas e que poderão ser apresentadas ainda este ano?
Este ano, a grande parte dos lançamentos já está no mercado, nomeadamente os produtos novos da Soft & Co. Teremos, ainda, novidades da Jordan, com a apresentação da escova mais leve do mercado – com -50% de plástico que uma escova tradicional – e o nosso primeiro perfume com sistema de refill da marca Pepe Jeans.

A nível de volume de negócios, como têm evoluído desde o período pré-pandemia e quais as perspectivas de crescimento em 2022?
Em 2019 facturámos cerca de 4.6 milhões e, em 2020, crescemos para os 5,3M. Em 2021, facturámos 5,7M e a previsão para 2022 é fechar com uma facturação de seis milhões. Prevemos crescer cerca de 20% em termos de facturação total, sendo que a Soft & Co, com a sua sub marca Glow, e a Jordan, com a inovação ao nível da linha Green Clean e reforço da linha de criança, serão os principais motores de crescimento.

Poderá a inflação que já se faz sentir nos bolsos dos portugueses afectar estas estimativas?
Para já não estamos a sentir grande impacto, pois as vendas têm sido muito conduzidas pela inovação. No entanto, já estamos preparados para sentir um impacto negativo em algumas categorias onde o aumento de preços é inevitável. Tal como momentos de crise anteriores, umas categorias e marcas compensam o decréscimo dos outros. Por outro lado, estamos a fazer um esforço de não repercutir no consumidor todos os aumentos que temos tido nos produtos e suas componentes, e a fazer algumas poupanças em outras áreas da empresa que não impactam a qualidade da oferta.

Uma empresa, aliás, que conta já com diversos funcionários. Esperam reforçar a estrutura?
Sim, já somos 20 pessoas, distribuídas pelo departamento comercial, marketing, compras, serviço ao cliente, logística e financeiro. Neste momento, estamos numa fase de reorganização interna com vista a adaptar-nos às novas condições e exigências do mercado. Nesse sentido, provavelmente, irão surgir algumas oportunidades em áreas específicas.

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