Os desafios do Metaverso
Por António Rodrigues, professor associado e investigador no ISG- Business & Economics School
A recente reunião do Fórum Económico Mundial realizado em Davos, no passado dia 25, contou com a presença de grandes companhias multinacionais e abordou a construção de um metaverso “economicamente viável, seguro e inclusivo”. O acordo entre 60 empresas para a construção do metaverso mostra a importância do tema.
A iniciativa concentrou-se em duas áreas: a governança do metaverso – segurança e inclusão – e a criação de valor com a identificação dos incentivos e riscos que as empresas, os indivíduos e a sociedade encontrarão nesta nova realidade.
O metaverso, não sendo uma novidade – por exemplo, na interactividade em plataformas digitais, NFTs, gamificação, criptomoedas, inteligência artificial e neurociência – o que se perspectiva é a existência de vários metaversos com a vantagem tecnológica da personalização. Este cenário proporcionará mais valor nas relações que as empresas constroem com os seus clientes.
O Fórum Economico Mundial, na sua página, refere como objectivo “promover a colaboração entre vários stakeholders para construir o metaverso de maneira integrada e aberta e ajudá-lo a cumprir a sua promessa, transformando as experiências do consumidor e os modelos de negócios em todos os sectores”. Desta forma, os impactos do metaverso exigem atenção em relação à credibilidade das marcas, as questões ligadas à diversidade, à inclusão, ao meio ambiente e, sobretudo, à governança.
Em jeito de reflexão, o consumo de bens e serviços seja por via de novos produtos e serviços ou novas experiências são intensificados, exigindo das empresas novas formas de transparência e de relação com os clientes.
A fidelização às marcas através de novos vínculos afectivos, porque provavelmente o perfil dos clientes não será o mesmo que o dos clientes do mundo real, requer clareza nas mensagens, preservação do diferencial competitivo, criação e o fortalecimento de vínculos e atenção às questões de autenticidade.
As estratégias das relações das empresas com os seus stakeholders terão de ser repensadas face a uma nova realidade de posicionamento no mercado, discutindo ao nível da ética os desafios ao nível da privacidade e confidencialidade de dados, as relações contratuais, os temas ligados ao compliance, às boas práticas de concorrência, de contratação de colaboradores, de conduta profissional ética, de promoção de produtos e de cyber security.
O metaverso pretende deslumbrar-nos com um conjunto de ambientes virtuais interligados, operando como um universo paralelo à vida real. Como afirmou Aldous Huxley a propósito da sua obra “Admirável Mundo Novo”, “o preço da liberdade, e até da simples humanidade, é a vigilância eterna”.