ISAG: Metaverso – um novo desafio para as empresas

Por Fred Antunes, Coordenador da Pós-Graduação em Web 3.0, Blockchain e Criptoeconomia do ISAG – European Business School

O metaverso é uma realidade digital e alternativa, uma experiência imersiva que permite interacção num universo virtual. É um cenário que parece distante, mas que já está a ser trabalhado por vários gigantes tecnológicos, aparecendo associado, por exemplo, a tecnologia de blockchain e criptomoeda, que permite transaccionar nesta realidade, e também a Tokens e NFT.

Para quem acabou de se adaptar ao e-Commerce, este mundo pode parecer desafiante e, até, utópico. Contudo, é certo que, se os últimos anos alteraram a forma como trabalhamos, comunicamos e agimos em sociedade, o metaverso e a criptoeconomia vão fazer o mesmo, mas de forma substancialmente mais profunda.

Para o futuro, as dimensões de mudança que conseguimos prever vão desde métodos de pagamento até à forma como os produtos são percepcionados, passando pela interacção com o cliente. Não se trata, portanto, de uma transformação de nicho. Aliás, são cada vez mais as empresas de diferentes sectores interessadas em desvendar este uni(meta)verso.

Nesta verdadeira revolução das relações interpessoais, surgirá também uma nova dimensão de consumo, permitindo, até, um mercado mais sustentável, inclusivo e controlado, tal como o consumidor procura de forma crescente. O metaverso pode trazer, entre tantos outros exemplos, o fim do sizing, do stock ou do fitting, através do uso do 3D. Esta transformação permite poupar dinheiro e recursos em devoluções, stocks parados e produtos ultrapassados. Em alguns sectores, há mesmo a possibilidade de termos acesso a produtos mais baratos, pelo facto de implicar menos custos de produção.

Outra solução que o metaverso permite é a co-criação, onde o consumidor escolhe como deseja o produto final. A cooperação com as marcas fica cada vez mais forte, provando que, mais do que consumidores, existem utilizadores!

No caso das marcas portuguesas, muitas vezes associadas à tradição e história, o desafio pode ser encarado como uma oportunidade para levar a tradição a outras dimensões. Uma estratégia a considerar pode ser a aposta das NFT, um sistema que comprova a propriedade virtual e autenticidade de algo. Criando produtos únicos, em pequenas quantidades e pensados para esta realidade, estimula-se uma sensação de imediatismo e exclusividade, que impulsiona a aquisição de NFT de um produto. Embora não seja palpável, esse bem adquirido existe e tem um valor no mercado.

Esta nova realidade implicará também alterações no mercado de trabalho. Várias funções vão adaptar-se e outras, eventualmente, vão acabar por extinguir-se. Porém, muitas outras funções irão surgir, ligadas às áreas tecnológicas, o que implicará um esforço adicional de actualização de conhecimentos e de criação de formação altamente especializada. A mudança será gradual, mas já está a acontecer.


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ste artigo faz parte do Caderno Especial “Empresas 100% Portuguesas”, publicado na edição de Abril (n.º 309) da Marketeer.

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