Organização sem fins lucrativos alerta para “epidemia de abuso misógino” no Instagram
Um novo relatório do Center for Countering Digital Hate (CCDH) acusa o Instagram de ignorar sistematicamente o assédio a figuras públicas femininas. A organização sem fins lucrativos britânica alerta para uma “epidemia de abuso misógino”, patente em mensagens privadas enviadas através desta rede social, sugerindo que o problema não está a ser tratado pelos moderadores da plataforma.
Através de uma investigação que envolveu cinco mulheres bem conhecidas junto do público – as actrizes norte-americanas Amber Rose e Rachel Riley, a jornalista Bryony Gordon, a co-fundadora do grupo Reclaim These Streets Jamie Klingler e a fundadora da revista Burnt Roti Sharan Dhaliwal –, o CCDH analisou um total de 8717 mensagens privadas e concluiu que, a cada 15, uma infringia as regras do Instagram. A organização alega ainda que estas contas continuaram activas mesmo depois de terem sido reportadas.
«Há muito que as mulheres falam do conteúdo abusivo que os misóginos lhes enviam para a sua caixa de mensagens privadas. Assédio, ameaças e abuso sexual com base em imagens pode ser enviado por estranhos, a qualquer momento e em grandes quantidades – directamente para as mensagens privadas dos utilizadores sem o seu consentimento», dizem, citados pelo Independent, os investigadores.
Em resposta, o Instagram refere que simplesmente porque uma conta continua activa não quer dizer que a plataforma não tenha agido. As contas que enviam mensagens que vão contra as regras da rede social ficam impedidas de enviar mensagens privadas durante um certo período de tempo, sendo que medidas mais drásticas são tomadas caso as mensagens abusivas continuem a ser enviadas.
Cindy Southworth, responsável pela segurança das mulheres na Meta, a empresa detentora do Instagram, salienta, por sua vez, que embora discorde de muitas das conclusões do CCDH, concorda que o assédio a mulheres é inaceitável. «As mensagens de pessoas que não se segue são encaminhadas para uma caixa de entrada diferente, onde se pode bloquear ou reportar o autor. As chamadas de pessoas que não se conhece só são efectuadas depois de se aceitar o pedido de mensagem e também é disponibilizada uma forma de filtrar as mensagens abusivas para que nunca as chegue a ver.»