Está a nascer o Corporate Code for Reputation Excellence

«Fazer nascer um código para as empresas adoptarem de maneira a serem geridas de uma forma orientada para a reputação.» É este o objectivo do Rep.Circle – The Reputation Platform, centro de conhecimento para a Reputação Corporativa fundado em 2019 pela Lift Consulting, ao lançar hoje o Corporate Code for Reputation Excellence.

Na verdade o que hoje é lançado é ainda o esqueleto daquilo que daqui a uns meses será, de facto, chamado de Corporate Code for Reputation Excellence. Para lá chegar, há ainda um longo caminho a ser percorrido.

Mas vamos por partes. O esqueleto do documento foi desenhado pelo Rep.Circle com a participação activa do seu Conselho Consultivo, um grupo de 11 personalidades do panorama empresarial português: António Saraiva (presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal), Cristina Campos (Country president Novartis Portugal), Isabel Vaz (CEO da Luz Saúde), Margarida Couto (presidente do Grace), Nuno Fernandes Thomaz (administrador da SOGEPOC SGPS), Pedro Castro e Almeida (CEO do Santander Portugal), Pedro Penalva (CEO da Aon Ibéria, Africa e Israel), Pedro Santa Clara (professor da Nova School of Business and Economics), Raúl Galamba de Oliveira (chairman dos CTT e director emeritus McKinsey & Company), Tomás Pinto Gonçalves (gestor) e Vera Pinto Pereira (CEO da EDP Comercial).

Como esqueleto, o Corporate Code for Reputation Excellence está já organizado em sete pilares essenciais – Propósito, Empatia, Ambiente de Trabalho, Inovação, Sustentabilidade, Transparência e Métrica. O passo seguinte passará por reunir em encontros mensais (um por cada pilar, ao longo dos próximos sete meses) líderes dos mais diversos sectores de actividade com vista a incorporar os seus contributos e co-construir o código de boas práticas, alinhado com a realidade empresarial portuguesa. «Vamos olhar para os silos das empresas e perceber que em cada silo existem situações que podem potencialmente impactar negativa e positivamente a reputação das empresas e criar percepções junto dos stakeholders», explica Salvador da Cunha, CEO da Lift, em conversa com a Marketeer.

O objectivo é, assim, conseguir ter um documento accionável (não bastava que fosse teórico) e que tivesse um resultado prático, com o qual empresas e gestores portugueses se identifiquem. Apesar de existirem muitos estudos e documentação em outros países na área da reputação, Suzana Rocha Pereira, head of Content Marketing & Reputation da Lift, lembra que «era necessário também ter conceitos com os quais os nossos gestores se identificassem, bem como com as boas práticas e com os parâmetros que são utilizados nesta medição de intangíveis».

Os responsáveis pelo Rep.Circle preveem que no Verão de 2022 o Corporate Code for Reputation Excellence esteja pronto a lançar o repto à comunidade empresarial nacional para a subscrição e para a adopção pelos gestores. «Este código vai dar noções claras a cada departamento das organizações para que se saibam organizar em função de um bem comum que é a reputação geral das empresas e que possam perceber o que é que isso quer dizer», explica Salvador da Cunha. E Suzana Rocha Pereira acrescenta: «Queremos que seja um documento de trabalho que possa ser usado diariamente nas empresas e que possa ser uma checklist importante quando tiverem de ser tomadas as decisões.»

Salvador da Cunha lembra que «os activos intangíveis representam hoje mais de 80% do valor de uma empresa, sendo a reputação o mais importante». Daí que, para este gestor, se torne claro que «uma boa reputação, construída de forma sólida, resulta numa clara vantagem competitiva e aumenta o valor da empresa, para além de minimizar a volatilidade e o risco financeiro». Além disso, reforça, uma reputação firme assegura às organizações condições muito positivas de captação e retenção de talento, um dos maiores desafios das empresas nacionais. «Hoje, empresas como a Lift, que trabalhavam para dar notoriedade às empresas, têm entre os principais pedidos dos seus clientes o trabalho da área de employer branding porque não têm pessoas. E precisam de ter boa reputação para que as pessoas lá queiram trabalhar.»

Salvador da Cunha deixa claro que não querem com este trabalho criar rankings. «O que queremos é que as empresas percebam porque é que são percepcionadas de determinada maneira e porque é que há pessoas que não querem ir trabalhar para lá, pessoas que não querem comprar produtos e serviços daquela empresa, porque não se identificam com os métodos de gestão da empresa. Trata-se de olhar para o âmago da empresa e perceber porque é que essas percepções estão a ser geradas e porque é que isso interfere no negócio», sublinha.

Texto de Maria João Lima

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