Casa Ermelinda Freitas: Um século em família

A celebrar o seu 100.º aniversário este ano, a Casa Ermelinda Freitas é uma referência incontornável no mercado nacional dos vinhos, com várias provas dadas e prémios amealhados ao longo do tempo. Mas é também a história de quatro gerações de mulheres que, de testemunho em testemunho, souberam dar dimensão e continuidade a um negócio familiar, cujos produtos são hoje apreciados nos quatro cantos do Mundo.

A empresa foi iniciada em 1920 por Deonilde Freitas, continuada por Germana Freitas e, mais tarde, por Ermelinda Freitas. Desde a primeira geração, sempre apostou na qualidade das vinhas e dos vinhos, que inicialmente eram produzidos e vendidos a granel sem marca própria. Só quando Leonor Freitas (filha de Ermelinda) regressa a Fernando Pó (no concelho de Palmela), depois de 20 anos a trabalhar como técnica superior noutra área, para assumir os destinos da empresa familiar, é que se inicia a produção de marcas próprias. Um novo capítulo estreado em 1997 com a produção do Terras do Pó tinto, o primeiro vinho produzido e engarrafado pela Casa Ermelinda Freitas.

A decisão de enveredar pela produção de marcas próprias haveria de ser decisiva para que a produtora da região da Península de Setúbal ganhasse escala e reconhecimento nacional e internacional, como demonstram as mais de 180 medalhas conquistadas desde essa altura!

Neste âmbito, o destaque vai para o prémio conquistado no concurso Vinalies Internationales 2008, onde o Casa Ermelinda Freitas Syrah 2005 foi reconhecido como o melhor vinho tinto do Mundo. Mais recentemente, durante o Sommelier Wine Awards 2020, a Casa Ermelinda Freitas foi considerada em Inglaterra, e pelo segundo ano consecutivo, a melhor adega de Portugal.

«Este século de história representa o amor à terra, o trabalho feito por três gerações antes de mim, o agradecimento à minha família actual, e, sobretudo, ao consumidor, que tem preferido os vinhos da Casa Ermelinda Freitas e possibilitado que a casa cresça e tenha prestígio a nível nacional e internacional », afirma Leonor Freitas, sócia-gerente da Casa Ermelinda Freitas.

E garante que o futuro já está a ser preparado: «Para mim, como empresária e mãe, o melhor momento é, sem dúvida, o facto de os meus filhos (a 5.ª geração) já estarem presentes na gestão da Casa Ermelinda Freitas», reitera a sócia-gerente.

Em mais de 30 países

Nos últimos anos, a Casa Ermelinda Freitas tem feito um grande investimento na adega e na gama, para garantir um portefólio de vinhos abrangente, capaz de ir ao encontro dos gostos de todos os consumidores nacionais e internacionais. Hoje, o portefólio da empresa estende-se por marcas como Dom Campos, Terras do Pó, Dona Ermelinda, Quinta da Mimosa, por uma vasta gama de monovarietais (CEF Syrah Reserva, CEF Touriga Nacional, CEF Merlot Reserva, CEF Pinot Noir Reserva, CEF Sauvignon Blanc & Verdelho), pela gama de espumantes e ainda pelo CEF Moscatel de Setúbal, um produto icónico da região da Península de Setúbal, entre outras referências.

Os produtos da empresa estão disponíveis em todas as grandes superfícies nacionais. «A principal tendência que sentimos no mercado chama-se diversidade. Temos que ter vinhos para todos, preços para todas as situações e ocasiões. É nesta perspectiva que temos estado a apostar, de forma a que todos os clientes possam continuar a ter acessibilidade aos vinhos da Casa Ermelinda Freitas», afirma Leonor Freitas. «Hoje é completamente impossível não se falar em inovação. Só podemos ser competitivos com evolução e actualização, participação e modernização. Temos feito investimento permanente, quer na vitivinicultura – não se pode ter bom vinho sem boas uvas -, quer na tecnologia, bem como na formação e actualização dos nossos colaboradores, não esquecendo a grande importância da nossa equipa de enologia», acrescenta.

Em termos de expansão internacional, os primeiros mercados a receberem os vinhos da Casa Ermelinda Freitas foram sobretudo alguns países europeus que concentram grandes comunidades de portugueses, como o Luxemburgo, França, Holanda ou Alemanha.

Actualmente, a Casa Ermelinda Freitas exporta para 33 países em todo o Mundo (espalhados pela Europa, América do Sul, América do Norte, África e Ásia). Apesar de o mercado nacional ainda ter um grande peso no negócio (65%), o mercado internacional já absorve 35% da produção da empresa. «Felizmente a marca está cada vez mais nacional e internacional e esperamos que o nosso consumidor continue a preferir os nossos produtos », explana Leonor Freitas. Este é o maior «reconhecimento por uma marca de qualidade, com a melhor relação qualidade-preço, indo sempre ao encontro do nosso consumidor e da sociedade, e que tem dignificado a região dos vinhos da Península de Setúbal e de Portugal», acrescenta.

Produção de álcool-gel

O contexto de pandemia que vivemos não permite que a Casa Ermelinda Freitas celebre o seu 100.º aniversário da forma que estava prevista. «Este aniversário era para ser uma grande festa, com um grande envolvimento de todos», lembra Leonor Freitas. Contudo, a empresa não quis deixar de ter um papel activo na sociedade e na saúde dos portugueses, e alocou uma parte das verbas disponíveis a um projecto que resultou na produção de 6000 litros de álcool-gel na sua adega em Fernando Pó.

O projecto foi criado em Abril em parceria com o Instituto Politécnico de Setúbal (IPS), que foi responsável por criar a solução antisséptica, e pela Vinisol, empresa especializada na destilação de vinhos. O álcool-gel produzido pela Casa Ermelinda Freitas foi distribuído em hospitais e instituições particulares de solidariedade social (IPSS) do distrito de Setúbal, bem como por agentes de Protecção Civil e estabelecimentos prisionais.

«A ideia de produzir álcool-gel nasceu da necessidade que sentimos que havia na sociedade e no mercado devido à grande procura por este produto. Nós próprios tínhamos dificuldades em adquirir álcool-gel e o que encontrávamos estava com um preço muito alto», recorda Leonor Freitas. «O IPS forneceu todo o seu conhecimento e parte química para o processo de concepção, a Vinisol vendeu o álcool a um preço muito barato, tendo sido assim possível criar esta conjugação de esforços que permitiram uma grande aprendizagem em prol da nossa sociedade e ajudar todos os que necessitam», acrescenta.

Além do álcool-gel, a Casa Ermelinda Freitas apoiou também, através de um donativo, a produção de 2500 viseiras de protecção individual, igualmente em articulação com o IPS. «Este foi um trabalho de grande colaboração com o IPS, de que me orgulho muito, porque nesta fase as preocupações devem estar centradas nas pessoas, depois nas pessoas e ainda nas pessoas. Não há dúvida que juntando vontades e saberes podemos ser solidários e, com um pequeno gesto, ser uma grande mudança e ajuda para a vida das pessoas e instituições», reitera a sócia-gerente.

De acordo com Leonor Freitas, este é o momento em que a saúde deve ter prioridade sobre a economia. «O principal objectivo é que não haja nenhum caso de saúde e, se houver, que seja o menos grave possível. Primeiro, está a saúde dos nossos colaboradores e consumidores. Queremos continuar a ser um agente importante da nossa região, manter os nossos postos de trabalho e continuar a surpreender os nossos consumidores», conclui a responsável.

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