Há um Continente com frutas sem plástico no Porto. E mais a caminho
Em Dezembro do ano passado, o Continente inaugurou numa das suas lojas do Porto uma praça de frutas e legumes totalmente livre de plástico. No Continente Bom Dia do Via Catarina, os clientes são desafiados e levar os seus próprios sacos de casa ou, em alternativa, utilizar os sacos de papel que são disponibilizados gratuitamente. Podem também comprar uma das opções reutilizáveis que a marca desenvolveu – uma delas em algodão e a outra em poliéster.
Agora, cerca de dois meses depois, o Continente faz um balanço positivo da experiência. Em entrevista à Marketeer, o director de Projectos de Sustentabilidade e Economia Circular da Sonae MC conta que a ideia de criar uma zona de frutas e legumes sem plástico surgiu naturalmente, especialmente tendo em conta as leis aprovadas recentemente no âmbito da utilização deste material. «É muito bom confirmar essa suspeita e perceber que é uma aposta que tem futuro», afirma Pedro Lago.
O responsável sublinha ainda que esta foi a primeira loja em Portugal a apresentar um projecto como este. «Como loja piloto, o Bom Dia do Via Catarina tem servido para testarmos soluções e avaliarmos os impactos deste tipo de medida. Até agora, o projecto tem correspondido, se não superado, as expectativas», garante. Por isso mesmo, novas lojas deverão abraçar a ideia ainda este ano.
Como tem sido a reacção dos consumidores?
Há uma estranheza inicial porque faz parte da experiência de compra no supermercado encontrar sacos de plástico na zona das frutas e legumes. Mas percebe-se no comportamento do cliente que intuitivamente acaba por agarrar uma das outras alternativas (sacos de papel, de poliéster ou algodão) e prosseguir. Ao perceberem que o espaço tem essa particularidade (quando percebem o conceito), a reacção mais comum é aplaudir a iniciativa. Até porque não nos limitámos a retirar o saco de plástico – demos ao cliente alternativas e um espaço para repensar os seus hábitos de consumo, mostrando que há opções mais sustentáveis que não implicam perda de conveniência ou um esforço para mudar esses hábitos.
De entre o feedback que temos recebido, temos tido também muitos clientes a realçar o aspecto natural e genuíno do espaço, que faz recordar os mercados tradicionais.
Qual tem sido a principal tendência? Recorrer aos sacos de papel gratuitos ou utilizar sacos reutilizáveis?
Os sacos de papel ainda são utilizados pela maioria dos clientes, mas há um número crescente, e cada vez mais significativo, de consumidores a optarem pelas soluções de reutilização. E este é, precisamente, um dos comportamentos que pretendemos incentivar. A alternativa dos sacos de papel gratuitos existe porque faz parte da missão da marca oferecer uma experiência de compra conveniente, mas também é nosso compromisso promover comportamentos mais amigos do ambiente e o projecto no Bom Dia do Via Catarina é um exemplo muito claro dessa combinação.
Fora desta zona, há frutas e legumes com embalagens de plástico no supermercado? Qual é o critério?
O Continente reconhece, em casos específicos, a mais-valia do plástico no que diz respeito a questões de segurança alimentar, preservação dos alimentos e garantia de qualidade.
É por este motivo que na loja Via Catarina, além da área plastic free onde não entram plásticos descartáveis, se encontram frescos embalados por razões relacionadas com o acondicionamento de alimentos delicados e de pequeno porte (ex. bagas), a preservação de fraccionados para agregados mais pequenos (ex. melancia) ou a conservação de frescos que contêm humidade (ex. alface), evitando assim o desperdício alimentar.
Além da garantia da segurança alimentar, a correcta preservação e acondicionamento dos alimentos são essenciais para evitar o desperdício alimentar.
Planeiam alargar esta iniciativa a mais supermercados este ano? Em que zonas do País e quando?
A iniciativa encontra-se ainda em avaliação – esta primeira loja tem o papel crucial de medir a adesão dos consumidores, a reacção do cliente ao espaço, o feedback à mudança. Dada a resposta favorável que temos recebido a esta primeira loja plastic free, estamos certos de que existirão novas lojas em 2020 com este conceito, mas ainda não está fechada a estratégia para o futuro.
Texto de Filipa Almeida