Nova Bali a SUL (bem perto, nos Açores)
Há azul e verde, um mar sem fim, novas propostas hoteleiras e comida de pedir por mais! Há descanso e tempo. Aventura e experiência. Por São Miguel, há ainda muito mundo para sentir. A começar pelo SUL.
Texto de M.ª João Vieira Pinto, em S. Miguel
Já foi aos Açores uma ou duas vezes e acha que já não faz sentido voltar. Aliás, já foi a São Miguel e já riscou a ilha da sua lista de viagens a fazer. O texto que se segue é uma tentativa para o levar a mudar de ideias. Eu também já fui, voltei, e tornei a voltar uma e outra vez. A mais recente foi agora, em Outubro, onde provei o que nunca tinha provado e experimentei o que jamais tinha experimentado.
O repto era ir conhecer o mais recente investimento de Rodrigo Herédia por terras de São Miguel. Rodrigo avançou para a ilha há quatro anos, quando, com o sócio João Reis abriu o Santa Bárbara Eco-Beach Resort, na zona da Ribeira Grande. Foi a primeira experiência em hotelaria a que se segue, agora, o SUL. Dizem que a sul há mais luz, que as cores são mais vivas e o tempo passa mais devagar. Não sei se foi por isso que Rodrigo assim baptizou o seu primeiro projecto a solo. Mas podia bem ter sido. No SUL, junto à vila de Lagoa, há luz, há branco, há todo um azul imenso que chega do mar, e, sim, há tempo a passar devagar.
Com a ajuda de Rui Sabino de Sousa, da SAL Works, Rodrigo Herédia desenhou três tipologias de quartos, entre Junior Suites, Junior Suites com piscina e Prime Suite. Em todas quis espaço, que se mistura com conforto, numa decoração onde o branco sobressai e reforça a dimensão. Por mim, confesso, senti-me “aconchegada” e rendida desde o primeiro pé no SUL. E assim me fui mantendo ao longo dos dias que se seguiram, em jeito slow mood. Porque a piscina privada da suite ou a “partilhada”, que é de água salgada, só têm vista para céu e mar e nos remetem para o infinito; porque a massagem – feita com óleos da Essentia Azorica, marca açoriana à base de plantas autóctones – aconteceu num recanto do jardim com o som das ondas em cenário de fundo, a fazer-nos sentir em Bali; ou porque o pequeno-almoço se demora até ao meio-dia…
Só que, e porque o SUL não tem mais que 12 quartos, a ideia é que quem chega e por lá fique vá conhecer algumas actividades que o destino oferece. Por isso, é vasta a lista de experiências associada a uma equipa de “Guest Ambassadors”, desde passeios pedestres a uma aula de yoga, ou mais radicais como canyoning… Precisamente o que me calhou, em pleno domingo de manhã. Pensei resistir; ainda bem que não o fiz. Num misto de caminhada, rapel e mergulho, entre trilhos e cascatas, que se estendeu ao longo de boas duas horas, percebi, finalmente o fascínio pela vegetação “escondida” e inigualável dos Açores. Aquela que só conhece quem se aventura. Aventure-se!
No dia anterior, o jantar tinha sido no Otaka. Um restaurante de inspiração nikkei, onde o japonês e o peruano se fundem com o peixe dos mares açorianos, em propostas assinadas por José Pereira. O chef que decidiu voltar a casa depois de alguns anos fora e que em boa hora abriu portas na baixa de Ponta Delgada. Não vou dizer o que provei ou comi, que é pecado. E, para sugerir, ninguém melhor que o próprio chef. Foi isso que fiz e saí – a alargar o cinto, é certo – com a convicção de que por ali não há ”mais ou menos”. Praticamente tudo é uma experiência de luxo para os sentidos.
Por isso, claro que a caminhada do dia seguinte veio a calhar. Ah, e sendo que, ainda no sábado, só tínhamos ido almoçar o melhor peixe de quase toda a ilha, no Borda d’Água, em Lagoa. Aqui, o que é genuíno é bom, como a broa que nos chega à mesa feita por mãos caseiras. A lista de peixe e marisco é infindável e vale a pena perdermo-nos. Sem horas.
Mais ainda, também no sábado, não sei como, mas conseguimos arranjar espaço para experimentar a nova carta do Cardume, o restaurante do White Exclusive Suites & Villas, onde o chef Manuel Dias com a ajuda de André Fragoeiro – ambos rendidos aos Açors dpeois de se terem casado do ritmo pelo continente – nos fazem querer aplaudir do principio ao fim. Com ingredientes locais e ultrafrescos – o peixe pode ter sido apanhado no dia, a partir do barco do próprio hotel –, são poucos os pratos que não têm factor “Uau”, num serviço irrepreensível. Só um conselho: se quiser ir experimentar, convém ligar e marcar, porque só há uma mesa disponível para quem não está hospedado.
Claro que com esta agenda cumprida, quando no domingo à tarde chegamos ao Santa Bárbara Eco-Beach Resort, só nos apetecia mergulhar na piscina que banhava os pés do quarto e deixar-nos ficar por ali, ou não fosse a água aquecida todo o ano.
O projecto é de 2015 e foi o primeiro de Rodrigo Herédia em São Miguel, neste caso em parceria e sociedade com o amigo João Reis. A ideia era abrir o primeiro eco-beach resort dos Açores e conseguiram-no em formato de villas e studios, que se multiplicaram até aos actuais 30, de diferentes tipologias.
E a verdade é que em véspera de regressar ao continente, o ritmo começou a desacelerar. Como o Santa Bárbara tem uma série de actividades desenhadas para os hóspedes, seguimos a sugestão de uma aula de yoga num terraço pendurado sobre o mar da praia… de Santa Bárbara. Se for, faça. Há momentos mágicos e este é um deles.
Malas fechadas, mas ainda antes do check-in no aeroporto, e porque os Açores são também terra de chá, fomos só aconchegarmo-nos à mais recente casa de Ponta Delgada: a Terra Verde Tea House, onde os scones acabados de fazer casam na perfeição com uma carta de chás de todo o Mundo. Mas se não é fã de scones, não se preocupe, pois há bolos do dia e muito mais!
Sim, claro que sim, que regressamos com vontade de voltar e a certeza que continua a haver mais e mais para descobrir.