Influenciadores: «É possível dizer que não»
Catarina Tomaz, directora de Marketing do grupo Via Outlets (Freeport Lisboa Fashion Outlet e Vila do Conde Porto Fashion Outlet), diz que sim. Inês Veloso, directora de Marketing da Randstad, diz que não. Assim e começaram e assim terminaram o Frente a Frente que teve lugar durante a 13.ª Conferência Marketeer, sob o mote “Quanto valem os influenciadores?”.
Catarina Tomaz acredita que os influenciadores têm um papel importante a desempenhar na estratégia de comunicação de uma marca. Inês Veloso considera que isso até pode ser verdade para algumas insígnias, mas não para todas. No campo do emprego e recrutamento, e mais concretamente da Randstad, os melhores influenciadores que existem são os próprios colaboradores.
A directora de Marketing da Randstad não nega o valor que os influenciadores digitais, mais ou menos conhecidos do público, podem ter, mas garante que não faz sentido apostar neste caminho só porque sim.
Catarina Tomaz, por seu turno, afirma que os influenciadores valem muito, apesar de não conseguir quantificar: «Hoje, não há nenhuma proposta a nenhuma questão para atingir um objectivo que não passe por influenciadores.» Ainda assim, admite que são apenas uma peça do puzzle, mais um canal ou elemento de comunicação que deve fazer parte de um marketing mix mais diverso – sendo que a directora de Marketing do grupo Via Outlets encara o conceito de influenciadores de forma mais abrangente, juntando também as figuras públicas que sempre tiveram relações com marcas. O que mudou, conta, foi a plataforma e a amplitude.
«Não sou velha do Restelo. Quero só dizer que é possível dizer que não», insiste Inês Veloso, lembrando que não é obrigatório que todas as grandes empresas tenham campanhas com influenciadores – como tinha sido dito durante outra intervenção na conferência – e que a Randstad é prova disso mesmo. No caso da companhia que representa, os influenciadores digitais são trocados pelos colaboradores e clientes, uma vez que são estes os únicos que têm uma ligação com a marca. «Sim porque sim, porque todos os outros fazem?», pergunta a profissional.
Catarina Tomaz responde com a palavra “afinidade”. Segundo a responsável, de todas as buzzwords associadas a este tema, “afinidade” talvez seja uma das mais importantes. Se a marca conhecer bem o influenciador, se houver afinidade entre as duas partes, a relação é mais fluída, mais livre e com menos regras e preocupações. Como consequência, os resultados também deverão ser melhores.
«Temos formas de medir; não controlando, controlar», adianta ainda Catarina Tomaz, afirmando que é possível um resultado benéfico para todos em vez de a marca aparecer apenas como pano de fundo de uma fotografia.
Inês Veloso sublinha ainda que a aposta nos influenciadores internos, em vez de parcerias comerciais, permite que sejam contadas histórias relevantes sem dinheiro envolvido: «Os nossos influenciadores não são pagos para falar sobre as suas experiências.» Explica a directora de Marketing da Randstad que as pessoas que aceitam participar nas campanhas têm orgulho naquilo que fazem e não se importam de dar a cara pela empresa.
Texto de Filipa Almeida
Foto de Paulo Alexandrino