«Somos um festival cada vez mais focado no impacto ambiental»
Arranca já esta semana mais uma edição do Lisb-On, festival urbano que se apresenta como um jardim sonoro no centro de Lisboa. Entre os dias 6 e 8 de Setembro, o Parque Eduardo VII recebe nomes como Carl Craig, Marcel Dettmann, Róisín Murphy, Horse Meat Disco e Amor Records.
Zé Diogo, da organização do Lisb-On, considera que o crescimento do evento tem sido notável, passando a contar com três palcos este ano. Em entrevista à Marketeer, explica como a sustentabilidade é um dos pilares mais importantes do festival e desvenda parte do que está a ser preparado.
Desde a sua primeira edição até hoje, como é que o festival tem evoluído?
O Lisb-On celebra este ano a sua 6.ª edição. Se olharmos para os seis anos é notável o seu crescimento. As duas primeiras edições tiveram apenas dois dias, sábado e domingo. Desde 2016 que o festival oferece também a sexta.
Em 2017, passámos de um para dois palcos. Este ano, vamos ter três palcos. Mais artistas, mais música e mais dança. E não vamos dividir os palcos por estilos de música. O que fazemos é manter os três palcos sempre com um estilo diferente a cada performance permitindo, desta forma, ter uma oferta completa.
De notar também os passos enormes que o Lisb-On tem vindo a dar no que toca a medidas ambientais. Passados seis anos, somos um festival cada vez mais focado no impacto ambiental. O palco Carlsberg Hillside é alimentado através de painéis solares, oferecemos cinzeiros portáteis no recinto, não permitimos qualquer plástico por parte dos concessionários de restauração, as casas de banho terão um sistema integrado para uma gestão sustentável de resíduos sanitários, garantindo a transformação dos resíduos sólidos em fertilizantes para uso em explorações agrícolas. E, por último, os jardineiros (festivaleiros) podem levar os copos das edições anteriores.
Quais os maiores desafios? Já consegue ter um público fiel?
O maior desafio do Lisb-On é o mesmo desde a sua primeira edição. Conseguir impactar de forma positiva o público de tal forma que se torne quase como um embaixador do festival. Acreditamos que o segredo está em garantir uma experiência inesquecível, tanto em música como em serviços e germinar desta forma o sentimento de pertença aos jardineiros.
Queremos que estes marquem na sua agenda o primeiro fim-de-semana de Setembro como um regresso ao seu jardim. E esse trabalho de marca, que já nos obrigou a sacrificar algumas oportunidades, tem feito do Lisb-On um dos festivais mais bem avaliados dos últimos anos. Exemplo disso é a entrada no guia de melhores festivais em Setembro do Pitchfork. Temos uma enorme percentagem de jardineiros que nunca falhou uma edição, desde o primeiro ano. A nossa missão não é receber milhares de clientes. É, sim, de receber milhares de jardineiros embaixadores do Jardim Sonoro.
O que distinguiria na edição deste ano?
Penso que o que distingue esta edição é a criação de um 3.º palco que vai trazer mais artistas e público. E isto acontecerá sem qualquer aumento de espaço. Quer isto dizer que esta aposta obrigar-nos-á a ser mais eficazes nos serviços e vai elevar a fasquia a todos os níveis.
O cartaz também é um dos pontos fortes deste ano. Trazemos ao nosso jardim Masters at Work (vencedores de um Grammy), a banda Ten City (que celebra em 2019 três décadas de carreira), Dixon e Solomun vão fazer um set exclusivo de quatro horas b2b. Um dos responsáveis pela programação da discoteca fabric em Londres e criador do icónico Houghton Festival, Craig Richards, também estará presente. Moodymann regressa ao jardim e ainda teremos a artista Róisín Murphy a tocar no domingo. O feedback deste cartaz foi unânime e rapidamente percebemos que estes nomes juntos vão transformar esta edição em três dias de festa.
Que diferenças desta edição face às anteriores?
Todos os anos temos o cuidado de perceber que tipo de feedback o nosso público nos dá. Temos muitos feedbacks positivos mas, como tudo, há sempre aspectos a melhorar. Em 2018, percebemos que tínhamos de melhorar alguns serviços e nesta edição trabalhámos nesse sentido.
Percebemos também que a procura do nosso público é cada vez mais exigente. Em cinco edições começámos a perceber alguns padrões de procura e este ano fomos ao encontro dos mesmos.
Que afluência prevista? E qual o perfil do público que procura o Lisb-On?
Este ano, estamos com uma previsão de maior afluência. Esperamos um sábado esgotado e uma sexta e domingo bastante mais cheios que nos anos anteriores. A nossa previsão é de 20 mil jardineiros nos três dias de festival.
O Lisb-On é conhecido como um dos festivais com melhor ambiente do País. Recebemos muitos comentários de que escolhemos os nossos jardineiros a dedo. O público que temos é um reflexo do que temos vindo a fazer nos últimos anos. Apostamos na música e fazemos com que o foco seja esse. Não invadimos a experiência dos jardineiros com marcas, brindes e luzes. O simples, neste caso, torna-se uma das nossas principais vantagens competitivas. E eu acredito que o público está cada vez mais a procurar festivais assim.