Gravidez: O meu corpo está a mudar…
A partir do momento em que desconfia da gravidez, a mulher constata quase diariamente alterações significativas no corpo. Aliás, as mudanças constatam-se de imediato com os sinais de gravidez, quando a mulher começa a sentir tensão mamária e os seios aumentam.
Mas então a partir do momento em que confirma a gestação, as alterações corporais são ainda mais significativas para a mulher e, ao longo da gravidez, reflectem- se inclusive na sua rotina diária.
O corpo da mulher grávida passa por uma mudança gradual que acontece para que o bebé se desenvolva adequadamente no interior do útero. O aumento do volume abdominal é a alteração mais visível e aquela em que pensamos de imediato, mas, para acompanhar o crescimento do feto e preparar o evento que é o nascimento, as mudanças corporais acontecem a muitos outros níveis.
Desde logo a nível hormonal, com o aparecimento da gonadotrofina coriónica (hCG), a hormona da gravidez que é segregada pela placenta. Esta hormona estimula uma maior produção de estrogénio e progesterona, uma vez que a sobrevivência do feto está directamente dependente destas hormonas.
Como já referimos, o aumento do volume abdominal é a alteração mais visível e esta dá-se porque, ao longo dos nove meses de gestação, o útero aumenta o seu peso de 50/60 g para mais de um quilo. Este aumento leva a que o útero comprima os órgãos que estão próximos de si, nomeadamente a bexiga, que fica com a sua capacidade reduzida, o que leva a uma maior frequência de micções. Também o estômago e os intestinos sofrem com esta compressão, o que pode originar alguns problemas digestivos e obstipação. O inchaço que as mulheres grávidas costumam assinalar nas pernas também se deve ao facto de o útero comprimir os troncos venosos da pélvis.
O sistema cardiovascular é também alvo de mudanças na gravidez. Tudo porque é este aparelho que fornece os elementos necessários para o desenvolvimento do feto no útero e para a eliminação dos resíduos, funcionando a placenta como intermediária no processo.
Por esta razão, o funcionamento do aparelho cardiovascular regista uma expectável alteração para se adaptar à gravidez. Por outro lado, as hormonas da gravidez provocam a dilatação dos vasos sanguíneos, o que leva a um aumento substancial do volume do sangue que, por sua vez, dilui os glóbulos vermelhos. Tal pode originar anemia.
Ainda que nos dois primeiros meses de gestação, a dilatação vascular origine uma pequena descida da pressão arterial, por altura do momento do parto, esta situação está já normalizada. Outro órgão que sofre alterações é o coração que, para manter a circulação sanguínea, aumenta a frequência dos batimentos; como tal, nos segundo e terceiro trimestres de gravidez, o débito cardíaco aumenta, pelo menos, em 30%.
É normal na gravidez as mulheres terem sensação de falta de ar. Tal acontece porque o volume do útero aumenta, comprimindo o diafragma e os pulmões, dando-se uma diminuição da capacidade da caixa torácica. Também a pele sofre alterações neste período, podendo a mulher verificar a existência de manchas escuras no rosto e da chamada linea nigra, uma linha vertical no abdómen. Ambas as situações ocorrem devido às alterações hormonais próprias da gravidez, que estimula o aumento da produção de melanina.
Outra mudança é a mãe aumentar progressivamente de peso. Esta alteração está dependente de vários factores como a alimentação, o tamanho do bebé e a constituição física da mãe, mas, por norma, mantém-se dentro dos limites considerados expectáveis, ou seja, entre os nove e os 12 quilos. A gravidez é um momento único da vida de cada mulher, que também se reflecte no seu corpo. Este não só se prepara para o evento que é o nascimento, como também se adapta para proporcionar as melhores condições para o desenvolvimento do feto.