Para si, já é Natal?
M.ª João Vieira Pinto
Directora de Redacção Marketeer
Esta semana tive o privilégio de tropeçar em duas histórias de vida que me deixaram de lágrima. Não por serem tristes; apenas por me fazerem repensar, de novo, prioridades, relações, materialismos e tempo. O valor do tempo ou tempo com valor.
O que leva a responsável de topo de uma marca de luxo a deixar tudo para trás, baralhar e dar de novo? Querer viver, com vida. Com espaço para dar, para estar, sem ter que fazer parecer. «E hoje sou muito mais feliz», dizia. Mais feliz com menos. Menos casa, menos roupa, menos carro ou menos festas. Mas, repetia, «mais do que de facto importa».
Não é fácil o clique. Dar o passo. Abraçar a mudança quando dela se precisa. Mudança de vida, para a vida.
O que é que tudo isto tem que ver com o Natal? Ainda esta semana – ou na semana em que escrevo este Editorial – foram apresentados alguns dos melhores anúncios desta época festiva. Campanhas de marcas, de produtos ou serviços, em que ela, a marca, surge apenas como carimbo final. A assinatura do filme. Não há preços, promoções, descontos ou lançamentos imperdíveis. O tema, ou os temas, são outros. Fala-se de relações, amores, paixões e tempo. Como a campanha da britânica John Lewis & Partners, com Elton John, ou a da department store Manor.
Os melhores filmes, os que ficam e se partilham, são precisamente esses. Os que nos deixam de coração apertado, de nó na garganta e fala trémula. Porque nos fazem pensar no que temos andado a esquecer.
Se tudo isto se poderia combinar? Sempre pôde e será possível encaixar estes dois mundos. Apenas, diria, não nos podemos continuar a distrair em qualquer curva de um caminho. Seria importante que respirássemos mais devagar e pensássemos que há mais natais para além do Natal! Que as marcas se lembrassem e nos lembrassem mais vezes. E que garantíssemos um maior equilíbrio. Até para podermos voltar a dar real valor ao que temos, promovemos, pagamos e oferecemos!
E para si, já é Natal?
Editorial publicado na revista Marketeer n.º 268 de Novembro de 2018.