Web Summit: O fenómeno dos influenciadores digitais

Os influenciadores não nasceram com a Internet. Na verdade, diversas personalidades, como músicos ou políticos, podem ser considerados como tal. O que a Internet e as redes sociais trouxeram foi um novo tipo de influenciadores, agora “digitais”. Eram pessoas anónimas, mas tornaram-se criadores de conteúdos seguidos por comunidades de fãs. O fenómeno chamou a atenção das marcas, que vêem neste novo tipo de influenciadores uma ponte directa para audiências leais, com um elevado grau de envolvimento.

O branded content e a relação das marcas com influenciadores digitais, os seus segredos e potencial, mas também riscos, foi um dos temas em debate esta manhã no palco PandaConf, do Web Summit, sob o tema “Influencing the influencers”. Lado a lado estiveram Eyal Baumel, CEO da Yoola, um estúdio de conteúdos digitais que representa mais de 5000 influenciadores, e Reza Izad, CEO do Studio71, que produz todos os anos mais de mil campanhas com influenciadores digitais.

«Se pensarmos no sentido mais amplo de influenciador, então Donald Trump é o maior infuenciador do mundo», começou por dizer Eyal Baumel. O que distingue os influenciadores digitais dos outros, acrescentou, é a relação de empatia que conseguem criar com os seus seguidores. «Um bom influenciador digital é aquele com o qual as pessoas se identificam, de quem gostariam de ser amigas», descreveu.

Tanto a Yoola como o Studio71 ajudam as marcas a escolherem os influenciadores digitais mais adequados e eficazes para comunicarem os seus produtos e serviços e desenvolvem modelos preditivos que permitem saber de antemão se uma campanha vai ter sucesso ou não. «Hoje, ao nível do marketing de performance de que estamos a falar, é muito fácil perceber quem são os influenciadores que podem gerar vendas ou envolvimento. Graças à tecnologia, temos muito dados à nossa disposição que nos permitem determinar esses parâmetros, assumindo que as campanhas dos clientes são orientadas para resultados e conversão – podem simplesmente funcionar para melhorar a imagem da marca», frisou Reza Izad.

De acordo com Eyal Baumel, o canal onde este tipo de branded content melhor funciona é o YouTube, que é «de longe a melhor plataforma de vídeo e aquela que encontrou o melhor modelo para monetizar os vídeos. O Instagram também é uma boa plataforma e talvez aquela que gera mais envolvimento com a audiência». No mesmo tom, Reza Izad acrescentou que «no Instagram é mais fácil identificar o influenciador certo para o cliente, porque geralmente têm audiências segmentadas por áreas (por exemplo, cosmética). No YouTube, temos de “escavar” um pouco mais.»

Os dois responsáveis revelam que, antes de passarem a “representar” um influenciador digital, é sempre feito um trabalho exaustivo de investigação acerca do seu passado, para garantir que, quando estes trabalham com marcas, não possa vir a público nada que possa prejudicar o cliente.

Quanto aos microinfluenciadores, «as marcas ainda estão um pouco na expectativa, a tentar perceber como podem escalar os conteúdos com este tipo de influenciadores», considerou Eyal Baumel. Na opinião de Reza Izad, os microinfluenciadores «geralmente são mais eficazes na produção de conteúdos para públicos específicos, mas obrigam a um investimento em media. As marcas devem criar vários micro-conteúdos em diversas plataformas, para atingirem audiências de massas. Nesse sentido, acaba por ser mais complexo.»

Texto de Daniel Almeida

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