Concurso de cerveja artesanal expande para novas cidades

O Concurso Nacional de Cervejas Caseiras e Artesanais já não terá lugar somente em Lisboa. Afinal, não faria sentido um concurso que se quer nacional estar confinado a apenas uma cidade. Quem o explica é Bruno Aquino, da organização, segundo o qual a iniciativa irá alargar-se também ao Porto e a Portimão já este ano. As inscrições para participar estão abertas até ao próximo dia 23, no site Cerveja Magazine.

Em entrevista à Marketeer, o responsável refere o que motivou a expansão do concurso, dá conta da sua evolução e assegura que, para já, este é o único evento do género a decorrer em Portugal. Bruno Aquino garante, ainda, que a cerveja artesanal não é uma moda: «É a (re)descoberta de todas as potencialidades de um produto que muitos julgavam ser assim e só poder ser assim.»

O que levou à expansão do concurso para duas novas cidades?

A designação oficial do evento é “Concurso Nacional de Cervejas Caseiras e Artesanais”. Por conseguinte, não fazia muito sentido definirmos o concurso como nacional e mantermos a sua realização apenas em Lisboa, até porque o movimento da cerveja artesanal em Portugal tem tido um crescimento totalmente descentralizado, com marcas de cerveja, bares e festivais a aparecerem um pouco por todo o país. Foi, portanto, e decorrente do crescimento do próprio concurso, uma evolução natural.

Como foram escolhidas as cidades?

Lisboa e Porto são cidades em que faz sentido fazer um concurso de homebrewing, não só pelo número de pessoas que aí habitam, mas também pela presença de comunidades cervejeiras fortes, que tendem a congregar-se nos bares e noutros espaços dedicados à cerveja aí existentes. Portimão foi a terceira cidade escolhida dentro de outras em que foi estudada essa possibilidade, casos de Aveiro, Coimbra ou Braga. A opção acabou por recair em Portimão por assim assegurarmos uma mais fácil participação da comunidade cervejeira do Algarve e de parte do Alentejo, que teria de outro modo maiores dificuldades em poder assistir a este tipo de eventos, caso só se realizassem em Lisboa ou a norte da capital.

Este é o único concurso do género em Portugal?

O crescimento do número de eventos ligados à cerveja em Portugal tem sido exponencial, com inúmeros festivais, apresentações de novas marcas e de cervejas, concursos para cervejas comerciais, entre outros. A nível do hobby de produção de cerveja em casa, o Concurso Nacional ainda é único, sendo, no entanto, expectável o aparecimento nos próximos anos de conceitos similares, o que resulta do crescente interesse do consumidor pela cerveja artesanal.

Como tem sido a evolução do concurso em termos de participantes?

A primeira edição do evento teve 17 cervejas a concurso. Desde então, o número tem crescido continuadamente, sendo que no ano passado quase chegámos às 80 amostras. A expectativa para este ano é voltar a subir, sendo que seria muito bom ficarmos próximo das 100 cervejas a concurso.

Que condições é preciso reunir para participar?

Basta ter um grande amor por cerveja e ter o hobby de fazer cerveja em casa. Mais concretamente, poderão participar no concurso cervejeiros caseiros ou pequenos produtores artesanais (produção inferior a 150 litros mensais por estilo), com cervejas originais. Depois, é ler bem o regulamento do concurso, fazer a inscrição, enviar as cervejas para os locais de avaliação e no final, quem sabe, ganhar um dos muitos prémios que estão disponíveis para os vencedores desta edição, designadamente a repercussão das receitas vencedoras nas instalações da Dois Corvos, Maldita e D’os Diabos, reconhecidas marcas de cerveja artesanal portuguesas.

Como justifica o crescimento da cerveja artesanal em Portugal?

Portugal não é uma ilha no que concerne ao crescente interesse pela cerveja artesanal. Este movimento começou ainda na década de 70, primeiro em Inglaterra e depois nos EUA, e tem vindo a espalhar-se por todo o mundo, desde Espanha a Itália, passando pela Suécia e Dinamarca, Austrália e Japão.

Durante muitos anos, as pessoas estiveram acostumadas a consumir um produto em tudo idêntico, fosse a cerveja consumida em Portugal ou na Indonésia. O mesmo perfil de sabor, a mesma aparência, o mesmo conceito. Com a chegada das cervejas artesanais, o consumidor passou a ter acesso a cervejas distintas, quer em aroma, quer em sabor, quer, acima de tudo, na forma como são pensadas e elaboradas. Essa explosão de criatividade dos cervejeiros trouxe, naturalmente, novos interessados ao meio e deu, às que já bebiam cerveja com regularidade, uma paleta enorme de opções que, até então, lhes estava vedada. E não, não se trata de uma moda. O que se passa é simplesmente a (re)descoberta de todas as potencialidades de um produto que muitos julgavam ser assim e só poder ser assim.

Texto de Filipa Almeida

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