A vida portuguesa… Num refresco

CATARINA PORTASO interesse pela temática da identidade portuguesa começa quando Catarina Portas faz, para a revista “Marie Claire”, uma selecção de alguns produtos que tinham preenchido a vida doméstica das famílias portuguesas nos anos 50 e 60 em Portugal. As crónicas de Miguel Esteves Cardoso, “A Causa das Coisas”, serviam de inspiração a esse trabalho. Iniciava mais tarde uma pesquisa para um livro, programando reconstituir fotograficamente uma despensa de época. Quando começa a sua procura desses objectos e marcas, Catarina Portas apercebe-se que estavam em risco de desaparecer. Mas produtos como os flocos de aveia e arroz da Zelly, chá Gorreana dos Açores, conservas da Tricana, pasta dentífrica Couto, creme de mãos Benamor e sabonetes Ach Brito, Claus e Confiança, restaurador Olex, cerâmicas Bordalo Pinheiro, limpa-metais Coração, bordados de Viana do Castelo, ouro de Travassos, lápis Viarco… e a as míticas andorinhas Bordalo Pinheiro (que são um exclusivo) estão hoje, a são e salvo, na loja A Vida Portuguesa, graças a viagens de pesquisa e a um trabalho persistente de contacto que Catarina Portas desenvolveu com os responsáveis pelas fábricas. Depois disso, «há um livro que se impôs escrever», diz, adiantando que é sobre “20 fábricas, marcas e produtos antigos portugueses” e conhecerá edição em português e inglês.

Antes da abertura da loja, Catarina Portas criara com a amiga Isabel Haour uma estrutura para vender caixas temáticas de alguns produtos, em embalagens assinadas por Miguel Vieira, que incluíam um pequeno livro que contava a história dos produtos. Tudo se vendeu num primeiro Bazar no Natal de 2004, num espaço emprestado no Bairro Alto. Era um primeiro teste ao mercado. As colecções chegaram ainda a conjunto de lojas seleccionadas sob a designação: «Uma casa portuguesa – colecção de antigos, genuínos e deliciosos produtos de criação portuguesa».

O segundo teste, à necessária excelência dos produtos para internacionalização, fez-se no Salão Maison & Object, em Paris, para onde Catarina Portas viajou a convite da Confiança, na sequência de uma colecção exclusiva com rótulos antigos que tinha sugerido à saboaria de Braga. Uma loja de design de Banguecoque, e várias em Bruxelas, Inglaterra, Paris, bem como a londrina Designers Guild e a Conran Shop, foram as primeiras clientes.

Foi em Dezembro de 2005, depois de intensa procura, que encontrou o armazém na Rua Anchieta onde está A Vida Portuguesa (que abrira como Uma Casa Portuguesa quando estava no negócio Isabel Haour). Catarina Portas espera, finalmente este ano, abrir uma loja gémea no Porto. «É muito importante crescer, o que se fará também com a loja online», diz, explicando ainda que «as colecções ou produtos exclusivos pressupõem alguma quantidade que tem de ser escoada». O que acontecerá em parceria com a Alexandra Melo, que tem online uma loja com mais de dois anos que comercializa artesanato português. O catálogo, comum às duas lojas, terá perto de 1500 produtos.

Quanto ao investimento no mercado externo, é um projecto a prazo que «só se justificará quando o catálogo de exclusivos tiver alguma dimensão», diz. De facto, a proactividade na apresentação de propostas para produção de produtos exclusivos tornou-se numa parte importante do trabalho que Catarina Portas desenvolve.

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Por Catarina Alfaia

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