7 em cada 10 profissionais de Comunicação e RP em Portugal são mulheres
As mulheres estão em larga maioria nas empresas de Comunicação e Relações Públicas em Portugal, representando cerca de 68% da massa laboral. No entanto, os homens continuam a dominar os cargos de gestão, ocupando 60% destas funções, apesar da subida de 3 pontos percentuais na liderança feminina. As conclusões são do estudo “O Valor da Comunicação”, divulgado pela APECOM – Associação Portuguesa das Empresas de Conselho em Comunicação e Relações Públicas.
A segunda edição deste estudo, que foi desenvolvido pela Informa DB para a APECOM, faz uma radiografia ao sector nacional da Comunicação e Relações Públicas, não apenas em termos económicos, mas também sociais e demográficos. Os dados são referentes ao ano de 2021 e englobam 121 empresas associadas da APECOM.
Segundo o estudo “O Valor da Comunicação”, depois de um ano de 2020 que foi difícil, em 2021 o sector da Comunicação e RP em Portugal registou um crescimento em vários indicadores. O volume de negócios agregado das empresas associadas da APECOM cresceu 27%, para 110,6 milhões de euros, enquanto o EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) subiu 74%, para 14 milhões de euros. De resto, 75% das empresas que representam o universo deste estudo viram o seu negócio crescer em 2021, a uma média de 26,8%.
Também os lucros do sector aumentaram 162% face a 2020, para 9,1 milhões de euros, enquanto o número de empregados subiu 7,9%, para 1227 colaboradores. Já as exportações tiveram uma variação positiva na ordem dos 35%, para 15 milhões de euros. “Ainda que 2021 tenha sido um ano marcado pela pandemia, o sector conseguiu ultrapassar largamente os valores atingidos em 2018, revelando uma enorme capacidade de adaptação ao contexto económico e social”, frisa o estudo da Informa DB.
Durante a apresentação do relatório, Domingas Carvalhosa, presidente da APECOM, afirmou que, apesar do bom momento do sector, ainda há um caminho para percorrer ao nível da sua valorização. «O sector da Comunicação e Relações Públicas atravessa um período de mudança e estes ventos de mudança trouxeram também novas oportunidades. Hoje somos um sector mais forte e resiliente, em que grandes empresas convivem com pequenas, em que consultoras generalistas convivem com especializadas. Neste sector há espaço para todos», afirmou a responsável. «Mas somos um sector que não se valoriza. A maioria dos nossos clientes pensa em preço e não em valor. Existe um grande caminho a percorrer para que sejamos vistos (e pagos) em função desse valor que entregamos. O preço está nas mãos dos nossos clientes; o valor está nas nossas», sublinhou.
Um sector de PME’s, mas empregador
O estudo “O Valor da Comunicação” mostra ainda que o sector nacional da Comunicação e Relação Públicas é sobretudo composto por empresas maduras: a idade média dos playes deste sector é de 15 anos, sendo que 2/3 tem entre 6 e 19 anos.
Em termos de dimensão, o número médio de empregados destas empresas ronda os 10,1 (acima da média nacional, de 7,9), “de onde se pode concluir que este é um sector cujo principal activo e foco de maior investimento continuam a ser as pessoas”, salienta o estudo. Os profissionais do sector auferem uma remuneração média anual de cerca de 20 mil euros.
Já no que diz respeito a volume de negócios, apenas 14% das empresas analisadas obtém uma faturação entre dois e 10 milhões de euros (encaixando na categoria de Pequenas e Médias Empresas). Contudo, estas representam a maioria (55%) do volume de negócios do sector e são responsáveis por quase metade (46%) do número de colaboradores, reflectindo uma “expectável concentração do mercado nos players de maior dimensão”.
Há, no entanto, uma elevada concentração geográfica: 77% das empresas de Comunicação e RP portuguesas estão sediadas na Área Metropolitana de Lisboa.
Texto de Daniel Almeida