63% dos especialistas alertam para o impacto negativo da IA na Informação. 67% estão preocupados com o futuro
O IPIE – International Panel on the Information Environment revelou a versão portuguesa do estudo sobre o Ambiente Global da Informação. O relatório, que conta com a participação de mais de 400 especialistas em media e informação, de mais de 60 países, destaca o impacto da tecnologia de Inteligência Artificial (IA) nos conteúdos informativos.
A maioria dos especialistas (63%) acredita que vídeos, vozes, imagens e textos gerados por IA impactaram negativamente o ambiente informativo global em 2024. Olhando para o futuro, mais de dois terços (67%) dos especialistas estão preocupados com o impacto crescente das tecnologias de IA nos próximos cinco anos.
O estudo apresentado agora traz insights-chave sobre a desinformação, confiança e o ambiente informativo global, à medida que turbulências políticas e preocupações com os acontecimentos atuais moldam o ambiente informativo mundial.
Os resultados demonstram uma preocupação crescente: enquanto pouco mais da metade (54%) dos especialistas previa um agravamento das condições do ambiente informativo em 2023, o número sobe agora, em 2024, para os 63%.
Entre outras conclusões, destacam-se:
- Proprietários de redes sociais e ameaça da IA: Os especialistas consultados consideram os proprietários das plataformas de redes sociais como a maior ameaça ao ambiente informativo, seguidos por governos nacionais e estrangeiros, políticos e partidos políticos.
- Desafios no Acesso a Dados: Três quartos (77%) dos investigadores estão preocupados com a capacidade de entender os desafios futuros ou de criar boas políticas públicas, devido ao pouco acesso a dados para pesquisa. Conclusão destaca a necessidade crítica de maior transparência e disponibilidade de dados.
Para Nelson Ribeiro, Diretor da FCH-Católica e especialista em Media e Propaganda, membro do IPIE, “os dados necessários para avançarmos na compreensão do ambiente informacional não estão apenas inacessíveis, estão barricados por redes privadas e barreiras corporativas. Até que investigadores independentes tenham acesso, permaneceremos no escuro, e as nossas pesquisas continuarão aquém dos insights críticos que tanto necessitamos. Sem transparência e dados abertos, o desenvolvimento de políticas eficazes para combater os danos da desinformação continuará a ser uma batalha árdua.”
Os resultados do estudo de 2024 refletem um consenso crescente entre a comunidade global de investigadores sobre o estado deteriorado do ambiente da informação.
Os desafios impostos pela IA e pelas tecnologias digitais são substanciais, mas também há esperança de que os avanços nessas áreas possam ser aproveitados para a promoção de melhores práticas informativas.
No futuro, os especialistas concordam que será crucial priorizar o acesso a dados, fortalecer os media independentes e conduzir pesquisas internacionais robustas para navegar e mitigar estas questões complexas.