54,9% das mulheres portuenses tem apenas conhecimentos básicos de literacia financeira

Uma nova análise da Portuguese Women in Tech revela que 79,2% das mulheres do distrito do Porto está aquém das suas ambições financeiras e apenas 3,2% afirma estar além das suas ambições financeiras. Esta é uma das conclusões do inquérito que inquiriu, entre os dias 26 de maio e 28 de Junho de 2023, 154 mulheres a residir neste distrito, dos 21 aos 70 anos.

O relatório Women & Wealth – Literacia Financeira no Feminino demonstra ainda que mais de metade das inquiridas (53,9%) tem apenas conhecimentos básicos relacionados com literacia financeira, sendo que apenas 5,2% diz ter conhecimentos avançados e 7,1% considera mesmo não ter quaisquer conhecimentos.

No campo laboral, a maioria (63,6%) afirma não ter qualquer contribuição para as decisões financeiras na sua empresa e apenas 7,2% assume a responsabilidade principal pelas decisões financeiras neste contexto. No entanto, entre as mulheres que afirmam ser as principais responsáveis pelas decisões financeiras, uma percentagem significativa (72,7%) diz ter apenas conhecimentos básicos relacionados com literacia financeira. Não há uma única inquirida a afirmar ser a principal responsável pelas decisões financeiras na sua empresa e, simultaneamente, a assumir ter conhecimentos avançados relacionados com literacia financeira.

No contexto pessoal, as inquiridas revelam mais poder nas decisões financeiras, com uma fatia de 44,2% a representar as mulheres que são as principais responsáveis pelas decisões a nível financeiro no seu agregado familiar e 51,3% a afirmar partilhar a responsabilidade com outra(s) pessoa(s). Ainda assim, do grupo de mulheres que dizem ser as principais responsáveis pelas decisões a nível financeiro no seu agregado familiar, 57,4% diz ter apenas conhecimentos básicos ou não ter quaisquer conhecimentos relacionados com literacia financeira.

Já em questões salariais, mais de metade das inquiridas (58,5%) não considera que o salário que recebe neste momento é justo, considerando as suas capacidades/conhecimentos/função. No entanto, destas, 55,6% nunca tentou negociar o seu salário, sendo que 30% aponta falta de segurança para o fazer.

Quando se trata de criar uma empresa, 51,3% das inquiridas diz já ter tido uma ideia de negócio, mas 53,2% assume não ter avançado de todo com essa ideia. Destas, 64,3% confessa falta de segurança como um dos motivos para não ter avançado; 58,9% desafios a nível financeiro e 44,6% falta de conhecimento.

«Estes números validam aquilo que constatamos nas diversas iniciativas que vamos promovendo pelo país e nas conversas que vamos tendo neste âmbito. As mulheres continuam a demonstrar pouco conhecimento a nível financeiro e, consequentemente, pouca segurança. Sabemos que os baixos níveis de literacia financeira acentuam as desigualdades e é, por isso, urgente apostar neste tema junto do público feminino, para que as questões que fazem com que as mulheres continuem a ter dificuldades em obter posições de poder financeiro sejam ultrapassadas e possamos observar mulheres mais independentes e autoconfiantes nestas matérias», sublinha, em comunicado, Inês Santos Silva, co-fundadora da Portuguese Women in Tech.

Artigos relacionados