54% dos portugueses faz escolhas menos sustentáveis devido à situação financeira

Mais de metade dos portugueses (54%) revela que a actual situação social e financeira faz com que seja mais difícil agir de forma sustentável. Na origem desta dificuldade acrescida estão, segundo um estudo da Kantar, as preocupações dos consumidores nacionais com o contexto de guerra e inflação, e o regresso ao trabalho presencial, resultando em menores consumos dentro de casa e maior frequência de compra de comida pronta.

Ainda assim, os consumidores portugueses estão acima da média europeia na procura por carne, peixe, frutas ou vegetais produzidos localmente, uma vez que 46% dos inquiridos em Portugal (cinco pontos percentuais acima da média na Europa) diz fazer estas escolhas com regularidade como forma de apoiar produtores locais e de disfrutar de produtos mais saborosos.

Os dados demonstram que 80% dos portugueses afirma levar um saco ou cesto próprio para as compras enquanto 70% declara tentar comprar embalagens amigas do ambiente, mas apenas 19% consegue regularmente evitar as embalagens de plástico.

Além disso, 63% da população inquirida afirma que, nas compras que faz, escolhe produtos de empresas que financiem iniciativas locais ou apoiem instituições de caridade. Contudo, mais de metade da população diz duvidar das reais preocupações ecológicas das marcas, vendo-as sobretudo como uma ferramenta de marketing.

Este estudo divide também os consumidores a nível global em três grupos – eco-actives, eco-considerers e eco-dismissers – tendo em conta o seu compromisso com a sustentabilidade. Pela primeira vez em três anos, o estudo mostra um decréscimo dos eco-actives (os mais preocupados com o ambiente), que hoje representam 19% do total dos consumidores, quando no ano passado representavam 23%. Já o grupo dos eco-dismissers aumentou de 26% em 2021 para 37% em 2022. O mercado espanhol e o irlandês são os que registam o maior decréscimo de eco-actives, seguindo-se o mercado português.

Por outro lado, conclui-se que as pessoas de alguma forma preocupadas com o meio ambiente continuam a ser um target importante para as marcas. O conjunto de eco-actives e eco-considerers (que tomam algumas medidas para reduzir o seu impacto no ambiente, mas encontram na conveniência e no preço dos produtos algumas barreiras) vale, no total, seis mil milhões de euros gastos em produtos de grande consumo (FMCG).

Neste sentido, 38% dos inquiridos a nível nacional afirma comprar com frequência produtos para o lar com menos químicos agressivos, um valor que dispara para 67% entre eco-actives. Nos produtos de cuidado pessoal com ingredientes naturais, 62% dos eco-actives diz comprar com frequência, contra 36% do total da população.

Já 39% dos portugueses escolhe frequentemente produtos recarregáveis, por oposição aos descartáveis, num número que sobe aos 63% entre eco-actives. E 79% destes consumidores mais sustentáveis garante evitar deliberadamente a compra de bebidas em garrafas de plástico, enquanto apenas 29% dos portugueses concorda com esta afirmação.

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