2025, um ano incrível para a Aitana e os seus amigos

Texto de Anna Carolina Boechat, PhD, Coordenadora Científica para as áreas de Marketing e Comunicação do IADE

Já na década de 50, investigadores como Kelman analisavam o impacto da influência social na vida pessoas, deixando clara a forma como o outro – quer seja um familiar, um amigo ou até mesmo uma celebridade – molda a nossa personalidade e as nossas atitudes. A influência social prevê, desde o simples processo de identificação até um complexo ajuste de comportamentos, para que o influenciado seja cada vez mais um reflexo do influenciador.

Um breve salto temporal e estamos em 2025, onde ser influenciador é uma profissão extremamente rentável para inúmeras pessoas em todo o mundo. Esta rentabilidade decorre sobretudo das marcas, que utilizam os influenciadores como ferramentas de estímulo ao consumo. Desde os nano-influenciadores (com um alcance pequeno e uma base de seguidores local) até aos mega-influenciadores e celebridades (que atingem facilmente mais de 500.000 pessoas), todos são unânimes na partilha das suas rotinas pessoais repletas de produtos e serviços incríveis com descontos fantásticos que os seguidores não podem perder – sendo estes conteúdos por vezes acompanhados de um certo desconto disponível por tempo limitado.

A verdade é que este marketing de influência ajuda a impactar ainda mais as nossas interações sociais, onde uma larga parcela de quem somos está associada ao que o outro é e consome. E como se não bastasse esta dinâmica já complexa, tem vindo a crescer nos últimos anos um fenómeno: os influenciadores 100% criados através da Inteligência Artificial (IA). São “pessoas” com perfis absolutamente normais nas redes sociais, que publicam as suas “vidas”, interagem com os seguidores de forma bastante assídua e frequentemente partilham os seus interesses. A única diferença é que são geridas por empresas de marketing e IA, que utilizam a presença destas figuras nas redes sociais como forma de cumprirem as suas estratégias de negócio.

Aitana López é um dos nomes mais reconhecidos desta tendência: a modelo digital tem mais de 300.000 seguidores e, segundo algumas fontes, ganha mais de 10.000€ por mês com o trabalho que produz nas redes sociais. Lil Miquela, Leya Love e Imma são outros exemplos de como os AI-Influencers já fazem parte da estratégia de marcas globais, como é o caso da Samsung, Prada, IKEA, Tinder ou RedBull. A Meta já possui ferramentas de IA que permitem a criação destas personagens, o que certamente irá impactar (e muito) os nossos feeds e os conteúdos que consumimos atualmente, caso esta medida seja implementada em larga escala.

Para as empresas, os AI-Influencers parecem ser a solução ideal: a aparência está sempre perfeita, podem “trabalhar” em qualquer horário, não adoecem e estão sempre disponíveis. Mas e para nós? Qual o impacto do desenvolvimento da IA nas redes sociais e no marketing de influência? Estaremos a caminhar para um cenário onde tudo é digitalizado, falso e simulado? De que forma iremos interagir com estas personagens? Um AI-Influencer irá convencer-nos a comprar algum produto?

Tais perguntas dão o que pensar e não há respostas claras sobre o tema. Uma vez que esta tendência está a emergir agora com mais força, só daqui a algum tempo teremos uma visão mais clara sobre os desenvolvimentos éticos, sociais e comportamentais que os influenciadores da IA estão a trazer.

Entretanto, uma coisa é certa: a dinâmica das redes sociais está a mudar e somos convidados a olhar para este universo digital com muito mais atenção e cautela em 2025. Que tenhamos bom senso!

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