12% das jovens já faltou às aulas por não poder comprar produtos menstruais

A Evax promoveu um estudo em Portugal relacionado com a pobreza menstrual no País. Entre as principais conclusões estão o facto de 23,5% das inquiridas entre 18 e os 24 anos reconhecer que já teve de recorrer a produtos como toalhitas higiénicas, lenços, um segundo par de cuecas, algodão, roupa velha ou meias por não conseguirem comprar produtos menstruais e 12% admite já ter faltado às aulas pelo mesmo motivo.

O documento indica ainda que quase 85% dos portugueses considera existir pobreza menstrual em Portugal e que dois em cada um dos inquiridos (19,1%) conhece um caso de pobreza menstrual. Segundo o estudo são sobretudo as jovens entre os 18 e os 24 anos, que frequentam o ensino secundário, residentes na região Centro e inseridas em contextos familiares com rendimentos baixos, que revelam maior proximidade com o fenómeno.

Das 12% das jovens que revela já ter faltado às aulas por não poder comprar produtos menstruais, 3,2% refere que esta é uma situação que acontece recorrentemente. “Envergonhada”, “triste”, “mal”, “suja”, “vulnerável”, “nojenta”, “desconfortável”, “inútil” e “diferente” foram algumas das palavras utilizadas pelas raparigas para descrever como se sentiram por faltar às aulas por não poderem comprar produtos menstruais. Para justificar a ausência, mais de metade utilizou a “desculpa” de estar doente e só 9,8% disse de facto a verdade.

Os pais e os professores

A visão dos professores também foi tida em conta e quase 22% referiu conhecer nas suas escolas situações de raparigas que não podem comprar produtos de protecção menstrual. Destes, mais de metade reconhece que estes casos acontecem com uma frequência elevada. Quase 10% dos professores diz ter alunas que faltam às aulas ou têm de sair da sala de aula por não conseguirem adquirir produtos menstruais.

Também 18,2% assume que já teve pais que lhes confidenciaram que não podem comprar produtos menstruais para as suas filhas e 34,5% indica já ter ajudado de alguma forma na aquisição de produtos menstruais para pessoas em risco de pobreza menstrual.

Entre os pais inquiridos, 8,4% reconhece já ter tido dificuldades para conseguir comprar produtos de protecção menstrual para as suas filhas e 5,5% confessa que, em algum momento, as suas filhas terão ido para a escola sem produtos de protecção menstrual. Esta é uma realidade que assume maior expressão entre os pais mais jovens (25 a 34 anos) e residentes na região Sul.

Questionados se alguma vez permitiram que as suas filhas ficassem em casa e faltassem à escola por não poderem comprar produtos menstruais, 5,5% do total da amostra de pais respondeu que sim.

E no que toca à população em geral, 23,6% afirma conhecer pessoas que já lhes confessaram ter tido dificuldades económicas para conseguir comprar produtos menstruais para si mesmas ou para as suas filhas. Por outro lado, dos 76,4% que indicam não conhecer ninguém, 13%   assume que já teve dificuldades económicas para comprar produtos menstruais para si e quase 15% confessa mesmo que já teve que abdicar da compra de outros produtos para conseguir comprar produtos de protecção menstrual.

Além disso, 8,5% diz que já se viu obrigada a ir para o trabalho ou para a escola sem protecção menstrual e 10,4% indica que já teve de pedir produtos menstruais a outros por não conseguir adquiri-los. Um quarto da população inquirida, ou seja 24,5%, já ajudou, de alguma forma, na aquisição de produtos menstruais para pessoas em risco de pobreza menstrual.

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