11 tendências da restauração para 2022: da saúde mental às esplanadas

Se já era comum verificarem-se tendências de consumo que afectariam determinado sector com o avançar do tempo – motivando a elaboração de listas com dicas para cada novo ano que se aproxima –, a pandemia veio intensificar ainda mais esta noção de mudança e alteração de hábitos. Do interesse crescente por espaços ao ar livre à preocupação com o ambiente, passando pelo lugar de destaque dos vegetais e da saúde mental ou pela colaboração, são muitas as características que marcarão a experiência num restaurante já em 2022.

O cenário é traçado pela Edições do Gosto, empresa especializada no desenvolvimento de modelos de interacção entre os vários intervenientes do sector da gastronomia e restauração. De acordo com esta organização, em parceria com o especialista Bruno Azevedo, são 11 as tendências que vão marcar o panorama gastronómico nacional e internacional já no próximo ano:

1 – Mundo vegetal 2.0

Segundo as Edições a Gosto, é a aceleração da viragem verde. Previsível com o aumento de consumidores preocupados em adoptar cada vez mais uma dieta com menos proteína animal e mais proteína vegetal.  Prevê-se uma clara aposta dos restaurantes em apresentar propostas vegetarianas e vegans e o aparecimento de estabelecimentos dedicados a este tipo de alimentação.

2 – Preocupação com a saúde mental das equipas

Numa indústria em que o ambiente de trabalho é naturalmente tenso, é cada vez mais notória a preocupação com as sobrecargas emocionais e físicas dos recursos humanos. O trabalho em restauração não se coaduna com o trabalho remoto e necessita de profissionais que consigam uma maior conciliação entre a vida pessoal e familiar. Haverá um maior e necessário foco na gestão das renumerações, folgas e horários de trabalho. Este será também um ponto crítico para a captação e retenção de talentos.

3 – Tecnologia sem contacto

O período de confinamento forçou os restauradores a apresentar soluções para mitigar os efeitos da pandemia no sector e os clientes foram obrigados a dar mais uso à tecnologia. É hoje possível a reserva de mesa, encomenda de take-away, entregas em casa, escolha e pagamento de refeições com pouca intervenção humana, através de plataformas digitais cada vez mais apetrechadas de soluções 360º.

4 – O restaurante é onde quisermos

Fruto das mudanças ocorridas durante a pandemia, assistimos a um cenário que é o de levar o restaurante para sítios menos habituais e inusitados. Isto inclui novos restaurantes fora das localizações habituais e pedidos de comida em que o cliente finaliza o prato em casa.

5 – Gastronomia colaborativa

A anterior organização do trabalho nos restaurantes conferia pouca mobilidade aos chefes de cozinha para se reunirem e colaborarem mutuamente. A oportunidade actual é a partilha de conhecimentos, soluções e práticas bem como a participação em eventos que promovem o fortalecimento da gastronomia portuguesa.

6 – Small is beautiful

Na era da especialização, a dimensão deixou de ser um factor preponderante ao sucesso de um restaurante. O importante é medir o valor que o restaurante aporta através da sua autenticidade e compromisso com a sociedade. A pandemia de Covid-19 veio demonstrar as virtudes dos espaços pequenos, como sendo mais ágeis a responder aos problemas de gestão.

7 – Encurtar distâncias

Encurtar a distância entre a origem dos produtos alimentares e o restaurante permite ter um discurso gastronómico inclusivo e fornecer ao consumidor a opção de, ao realizar o consumo, estar também a contribuir para a manutenção das actividades dos produtores locais. É também útil para a redução da pegada de carbono.

8 – Casual, casual, casual

Casual no restaurante, casual no serviço e casual no consumo. A simplificação do serviço permite retirar o acessório e ficar apenas com o essencial nestas três dimensões.

9 – Mais céu aberto

Durante a pandemia de Covid-19, as esplanadas assumiram um protagonismo essencial. No futuro, refeições a céu aberto aparecem cada vez mais nas opções de restauração, passando pelos eventos especiais no exterior das herdades, quintas ou turismo rural.

10 – Comida e arte

O restaurante é uma plataforma onde se estabelecem diversos diálogos sociais. A relação entre a comida e a arte é uma das menos exploradas. Com a necessidade de relacionar a arte com a sociedade e colocar as pessoas no centro da arte, o restaurante aparece como o local perfeito para expor e criar interacção entre a arte e o público, colocando cozinheiros e a restauração como agentes de divulgação artística e cultural.

11 – Cozinha africana

As comidas dos países de África são cativantes e intensas e têm um lugar a tomar na culinária de Portugal. O actual momento cultural e geracional, naturalmente a rimar com a restauração que lhe dará corpo, vai fazer com que se encontre mais comida africana nos menus e mesas dos restaurantes.

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