10 erros que todos os jovens criativos cometem e agora vão poder evitar
Texto de João Gomes de Almeida, Partner & Chief Creative Officer da 004 e formador do webcast FLAG – Criativo Publicitário: 10 passos para o sucesso
Qualquer profissional com o mínimo de experiência, que esteja minimamente atento ao que o rodeia, consegue elencar uma série de erros que cometeu no início da sua carreira e que viu serem cometidos pelos seus pares.
Muitos destes erros poderiam certamente ser evitados caso estas pessoas tivessem sido advertidas antecipadamente das muitas armadilhas que o mundo profissional nos coloca.
Enquanto criativo publicitário, vou elencar os erros mais comuns no início desta profissão – uns que cometi e outros que vi serem cometidos. Depois de leres este texto, a decisão é tua sobre se queres seguir estas advertências ou chocar de frente com uma parede. Aqui vai:
1) Pensar que sem uma licenciatura e um mestrado não chegas a lado nenhum
De todas as vezes que me tentaram contratar (e foram várias!), nunca me perguntaram que licenciatura é que eu tinha ou se tinha feito um mestrado.
Sejamos sinceros, quem te quer contratar procura talento e trabalho. Não há nenhum diploma no mundo que ateste estas duas características.
No entanto, existem vários cursos (não licenciaturas) mais práticos disponíveis no mercado e que te podem ajudar a atingires mais rapidamente os teus objectivos.
2) Pensar que ainda és novo e que tens todo o tempo do mundo para ganhar prémios de Jovens Criativos
Quantas vezes chegas à agência, abres o Facebook e lá reparas que vão abrir as inscrições para uma competição de jovens criativos. É então que pensas: “Pá, ganham sempre os mesmos e prometi à minha namorada que íamos passar o fim-de-semana a S. Martinho do Porto… bem, fica para a próxima!”
Deixa-te dessas tretas! O tempo passa a correr e tens poucos anos para mostrar que és um craque desta indústria – nenhuma oportunidade pode ser desperdiçada!
3) Pensar que não é assim tão importante ganhar prémios de Jovens Criativos
Todos nós somos naturalmente mimados, convencidos e egocêntricos. Por isso mesmo, enquanto seres humanos, temos uma tendência natural para desculpabilizarmos os nossos falhanços.
A desculpa mais comum que costumo ouvir é: “Eu sou um bom profissional e não preciso de prémios para mostrar que sou bom.” O que é completamente verdade, acontece que ninguém ganha prémios para “mostrar que é bom”, mas sim para provar ao mercado que é melhor do que os outros. É simples, esta indústria é competitiva e tu ou és um vencedor ou és um perdedor, está na hora de escolheres o teu lado.
4) Pensar que podes substituir os livros que devias ler por tutoriais do YouTube
Muito do que tu és é aquilo que tu lês. Podes ver muitos filmes, ser um craque tecnicamente e ter uma mente mega-criativa, mas se não leres os livros certos, se não te interessares pela memória de quem singrou na publicidade antes de ti, então nunca vais ter todo o sucesso que poderias alcançar.
5) Desejar levar para a frente as tuas ideias mesmo quando te dizem que são más
Como disse no início deste texto, todos nós, quando chegamos à publicidade, somos uns mimados. Contamos as nossas ideias aos amigos enquanto bebemos umas cervejas e eles dizem que são todas muito boas, os nossos pais dizem que sempre fomos muito inteligentes e a nossa namorada diz-nos que somos muito talentosos.
Dá-se então o caso de chegarmos a uma agência e de termos um Diretor Criativo acima de nós, por norma pouco brincalhão, sempre preocupado com alguma coisa, com pouco tempo para nos aturar e constantemente a chumbar-nos as ideias.
O que fazer? Engolir e continuar a trabalhar, é claro. Na publicidade não há espaço para meninas e meninos mimados. E sabes que mais? Durante toda a tua vida, 90% dos teus trabalhos vão ser chumbados, principalmente pelos clientes.
6) Pensar que os Accounts não servem para nada.
Isto parece um cliché, mas infelizmente continua a ser verdade. Lá chega o fantástico do criativo a mais um dia de trabalho na agência: cap na cabeça, barba grande mas bem aparada, camisa com ananases pintados à mão, óculos vintage comprados em Amesterdão, bermudas de ganga a deixar ver a tatuagem e ténis adidas superstar, mas de uma versão xpto que só se compra na net. Do outro lado do ringue está a account, de seu nome Matilde, a pensar no próximo triquini que vai comprar na Cantê, visivelmente cansada das aulas do MBA na Católica, atarefada com os dois filhos (qualquer coisa Maria, os dois) e pronta para começar a disparar briefings a torto e a direito para os criativos.
Atenção! Vamos lá parar com isto. Sem criativos e sem accounts não existem agências de publicidade – o trabalho de ambos é vital. Por favor, não desculpes os teus falhanços com os outros. Os accounts são boas pessoas e estão na agência para te ajudar, mas se fores ca#%ão com eles é óbvio que eles também vão ser ca#%ões contigo.
7) Pensar que a tua vida continuará igual depois de entrares na publicidade
Se há coisa que me leva aos arames é entrevistar miúdos que me vêm com a conversa: “Eu posso entrar agora para estágio, mas em Março vou ter que tirar uma semana porque já tenho férias marcadas na neve com os meus pais.” Malta, vamos lá ser sérios. Estás a começar agora a tua carreira e esse deve ser o teu foco. Se queres uma vida calma vai para a função pública e não para uma agência de publicidade.
É importante que no início da tua carreira o teu único foco seja mesmo a tua carreira. Se não for agora, quando vai ser? Quando fores casado e tiveres dois gémeos no colo?
Eu bem sei que te venderam uma série de tretas de que tens que te divertir, sair à noite todas as semanas e sei lá mais quê… mas neste início a palavra de ordem deve ser foco!
8) Pensar que não deves correr riscos
É muito difícil crescer neste mundo sem arriscar. Há momentos em que vais ter que correr riscos, começar de novo e ponderar as vantagens e desvantagens. Às vezes é bom mudar de ares, conhecer novas pessoas e testar novos métodos de trabalho. Tens que estar preparado para isto, sob o risco de se não o fizeres não evoluíres.
9) Pensar que isto não é um negócio como os outros
As agências de publicidade são um negócio como outro qualquer. Têm como finalidade última o lucro, empregam pessoas e têm que pagar impostos. Estar ciente disto é estar também ciente que em última instância são os nossos clientes que nos pagam as contas. Por isso mesmo, é no cliente e no seu benefício que temos que ter o nosso foco.
10) Pensar que és um artista e que por isso não tens que ser organizado
Aqui faço o meu mea culpa. Antes de trabalhar em publicidade era uma pessoa muito desorganizada. Acontece que a realidade tratou de conspirar contra este facto.
Se queremos produzir muito, ter tempo para pensar, responder a todos os briefings e ainda divertir-nos, então temos mesmo que fazer um esforço em prol da organização. Não somos artistas, somos profissionais. É caso para dizer que um criativo organizado vale por dois.