1 em cada 3 portugueses gastou mais em compras online este ano

Um terço dos portugueses (33%) gastou mais em compras online este ano face a 2023, e destes, 1 em cada 3 admite ter gastado ‘bastante’ mais, de acordo com o estudo “Consumer Sentiment Survey 2024”, realizado pela Boston Consulting Group (BCG).

Verifica-se assim uma diferença de 11 pontos percentuais (pp.) entre os que gastaram mais e aqueles que gastaram menos (22%). Este crescimento do consumo em canais digitais já tinha sido verificado no ano passado, indicando uma tendência nos hábitos dos portugueses.

Com 94% dos inquiridos a fazer compras através da internet, a facilidade em comparar produtos e o acesso a melhores preços e descontos são apontadas como as principais razões para optar por esta via em detrimento do comércio tradicional, por 60% e 50% dos inquiridos, respetivamente, seguidas da maior conveniência (46%) e maior variedade de produtos (38%) que esta opção acarreta.

“Apesar de ter sofrido um recuo no período após a pandemia de Covid-19, o comércio eletrónico tem crescido em Portugal, estabelecendo-se como uma via cómoda, fácil e atrativa para os consumidores, à semelhança do que se tem verificado a nível global”, afirma Tiago Kullberg, Managing Director e Partner da BCG em Lisboa.

“A maioria dos portugueses já faz compras online e esta tendência deverá manter-se, sobretudo devido à aposta das marcas nas vendas através das redes sociais, que se alinha com os hábitos e preferências de consumo da população”, acrescenta.

As categorias favoritas dos portugueses no comércio online são viagens, roupa e acessórios, e tecnologia. Em contrapartida, decoração e mobiliário, brinquedos e jogos e bens de luxo são as menos privilegiadas pelos inquiridos para compras através da internet.

Além de comprarem mais online, a maioria dos portugueses (54%), com destaque para os adultos entre os 18 e os 34 anos (73%), passa, em média, mais de uma hora por dia nas redes sociais, valor que não se alterou face ao ano passado.

Destes, 40% planeia diminuir o seu tempo nas redes, percentagem que se mantém em relação às expectativas manifestadas em 2023 e que não se concretizaram este ano.

De acordo com dados da Datareportal, o Youtube (73%), o Facebook (58%) e o Instagram (57%) são as redes sociais mais utilizadas pelos portugueses, sendo esta última, bem como o LinkedIn (48%), aquelas que apresentam um maior crescimento, com mais 6 pp. cada face a 2023.  Em 2024, a maioria (82%) dos portugueses utilizou o MB Way, sendo esta proporção a que mais cresceu entre os serviços financeiros digitais face a 2023 (+5 pp.). A percentagem de utilização desta ferramenta digital chega aos 94% se olharmos para os jovens adultos entre os 18 e os 34 anos.

À pergunta “Utiliza os seguintes serviços financeiros digitais?”, 88% dos inquiridos revelou usar a aplicação móvel do banco (+3 pp. face a 2023), 79% recorre ao website do banco (-2 pp. face a 2023) e 29% utiliza uma carteira digital (e-wallet).

Estes dados apontam para a continuação de uma tendência de crescimento dos canais digitais, a qual se observa no REBEX 2024 Portugal, conduzido pela BCG, que revela que 45% dos portugueses preveem utilizar mais a aplicação do banco no telemóvel (vs 5% que prevê utilizar menos).

Nesse inquérito, 3 em cada 10 inquiridos espera utilizar mais os serviços bancários e financeiros online, enquanto 1 em cada 10 espera utilizar menos, e 27% prevê recorrer menos à agência bancária presencialmente (vs. 16% que preveem recorrer mais).

O estudo “Consumer Sentiment Survey” tem como base um inquérito a 1.000 portugueses em todo o território de Portugal continental, conduzido entre 6 e 20 de agosto de 2024, com base em 38 perguntas relacionadas com o sentimento dos portugueses para com os seus hábitos de consumo este ano.

Por outro lado, um estudo recente da BCG, intitulado “The New E-Commerce Innovation Imperative for Retailers”, indica que a tecnologia está a transformar todos os aspetos da jornada de compras no comércio eletrónico e a alterar o comportamento dos consumidores, revelando uma necessidade de inovação por parte dos retalhistas para responder às crescentes exigências dos mesmos.

Neste contexto, os retalhistas líderes em inovação estão a priorizar o e-commerce, investido sobretudo em marketplaces (42%) e no comércio social (social commerce) (39%). A adoção de um modelo de marketplace permite expandir a oferta sem custos significativos nas operações internas. Paralelamente, o comércio social traduz-se numa ferramenta fundamental para comunicar ofertas, alcançar clientes e aumentar o reconhecimento da marca e a quota de mercado, sobretudo entre os consumidores mais jovens, na medida em que se estima que cinco mil milhões de pessoas fazem parte de redes sociais, e os utilizadores ativos passam, em média, entre duas a quatro horas por dia nelas.

Além disso, a Inteligência Artificial (IA), nomeadamente a IA Generativa, é  uma das principais áreas de investimento para mais de metade dos retalhistas a nível global  (58%), uma vez que veio revolucionar o e-commerce e o setor do retalho no geral, permitindo  um aumento da eficiência, redução dos prazos, uma melhor gestão da complexidade de processos e um aumento da criatividade.

Assim, para terem sucesso no e-commerce e conseguirem acompanhar os hábitos e preferências dos consumidores atuais, é necessário que os retalhistas consigam desenvolver uma estratégia robusta de inovação capitalizando a IA Generativa para criar novas experiências, ofertas e modelos de negócio.

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