You and The Sea: Em harmonia com o mar
Sair dos grandes aglomerados de pessoas nunca nos soube tão bem como nestes estranhos tempos que vivemos. E a pouco mais de meia hora de Lisboa fomos descobrir o You and The Sea.
Texto de Maria João Lima
A pouco mais de meia hora de carro de Lisboa esconde-se o refúgio perfeito para quem quer desligar por uns dias do bulício da cidade grande. Na Ericeira, a curta distância da Praia do Sul, fomos encontrar o You and The Sea.
Chegar ainda de dia permite começar, desde logo, a desfrutar dos odores e da paz que o mar transmite. Sentar na varanda, a receber os últimos raios de sol de um dia que se apaga, permite, de certa forma, fazer reset para receber tudo o que os dias seguintes podem trazer de descanso à cabeça.
Numa semana excepcionalmente quente em Lisboa, o desfrute dos primeiros momentos na Ericeira pareceu-nos um bálsamo. Finalmente a pele refrescava um pouco, sem chegar a sentir-se frio. O cair da noite pedia, como de resto acontece amiúde no oeste, um casaquinho ligeiro para aconchegar. Mas antes disso haveria ainda tempo para começar a explorar o apartamento, um dos 35 disponíveis no You and The Sea. Alojados num T2 – num dos quatro edifícios distintos, com entradas independentes pelo exterior, mas interligados pelas áreas comuns – percebemos que tínhamos a cozinha totalmente equipada caso fosse nosso intuito cozinhar. Não era, mas poderíamos. Na companhia de um café, Delta Q, percebemos que havia uma enorme varanda que, no exterior, unia a espaçosa sala ao quarto “de casal”, passando pela cozinha. De fora ficava o quarto “dos miúdos” equipado com duas camas individuais e que tinha uma varanda exclusiva. Daí avistámos a piscina e decidimos ir explorar o hotel.
Do Estúdio ao T5, há tipologias para todas as necessidades e, dependendo da escolhida, os apartamentos permitem acomodar entre duas e oito pessoas, às quais se podem juntar mais duas no sofá-cama da sala. Em comum têm o acesso ao ginásio, ao spa, à sala de jogos, ao restaurante Jangada e à piscina que é de água ligeiramente aquecida. Não é quente nem é essa a intenção, mas não esqueçamos que estamos na Ericeira e nem sempre as temperaturas do ar se prestam a banhos de mar. A pensar nisso, a piscina não está ao ar livre, mas separada por vidros da zona de restaurante. E se, num primeiro momento pode causar estranheza a portugueses – estar a almoçar a ver gente na piscina ou estar na piscina a ver pessoas a comer um arroz de marisco? –, a verdade é que aos estrangeiros não lhes parece inabitual.
Acabámos por ficar a jantar no restaurante Jangada, no próprio hotel, mas que está aberto também a não-hóspedes. E não faltam opções para refeições mais ligeiras ou mais completas, havendo também uma grande variedade de pizzas feitas em forno a lenha para satisfazer os desejos dos mais miúdos ou dos mais graúdos.
Começámos pelo Seaviche com peixe bem fresco e que casa muito bem com a batata doce. Depois optámos pela partilha de uns secretos com um arroz negro super cremoso e verdadeiramente no ponto, não perdendo a consistência com o tempo à mesa. Estávamos em noite de carne e o Beef-it apresentou-se-nos com uma suculência incrível que a maionese ajudava a potenciar.
Depois de tudo isto não nos sobrou alternativa se não ir até à vila para ajudar à digestão. Um passeio bem agradável que nos fez perceber que o carro não voltaria a sair do estacionamento até à hora de regressar à capital.
Mas haveria mais surpresas que se revelariam apenas com a luz do dia seguinte. Combinado previamente no momento do check in, às 9 horas chegava ao apartamento o pequeno-almoço (que em tempos de pandemia é entregue à porta de cada um dos hóspedes em vez de ser tomado na sala comum). Entre sumo natural acabado de espremer, iogurtes, fruta, ovos, bacon e uma variedade de pães e bolos, não nos faltou absolutamente nada.
E se no primeiro dia, com céu totalmente limpo e o sol a começar a trajectória, nos soube a férias estar na varanda a desfrutar na vista para o mar, o dia seguinte nasceria encoberto e já convidava a abrir as cortinas da grande janela da sala de estar e apreciar a mesma paisagem no interior e no quentinho.
As preocupações com a sustentabilidade são visíveis em variados detalhes como a utilização de madeiras recuperadas na construção das cabeceiras das camas e mesas, e a opção por amenidades com doseadores reutilizáveis, resultando num consumo de plástico mais racional.
Mas o tema da sustentabilidade e da protecção ambiental estão também presentes nas diferentes instalações artísticas existentes no You and the sea, como o caranguejo do artista Bordalo II. A aposta em artista é evidente também no mural pintado pela artista Mariana, a Miserável – que dá as boas-vindas nas áreas de lazer e bem-estar do You and The Sea – e na intervenção do artista Tufer, uma viagem ilustrada pelos oceanos e pela vida marinha, que serve de fio condutor que une todos os espaços, orientando os hóspedes e visitantes do hotel para a entrada principal do complexo.
Fica a promessa de regresso, seja num fim-de-semana a dois ou para uns dias em família na companhia do nosso cão, já que o hotel é pet friendly.