TIP on Challenge

Foi sob o mote “Ultrapassar desafios, vencer contrariedades” que decorreu mais uma TIP Talk da Marketeer, desta feita com João Lagos, presidente da Lagos Sport, e António Câmara, CEO da YDreams, como convidados. Dois empresários cujas vidas se cruzam desde há anos e que, no palco da TIP Talk, revelaram triunfos e quedas, conquistas e fragilidades.

Acompanhe a conversa!

João Lagos (JL) – Quando me fizeram este convite e disseram que o meu interlocutor seria o António Câmara, não sonhavam sequer que eu tinha um passado com o António por quem tenho uma enorme amizade. Conheci o António quando ele era muito jovem. Ele estava a acabar o Técnico. Morava ao lado de um campo onde eu estava a dar aulas. E um dia comecei a ouvir bater bolas – o António estava no intervalo dos estudos – e achei que ele devia jogar bem. Ao fim de algum tempo fui espreitar e jogava mesmo! Apresentámo-nos. Ele já sabia de ginjeira quem eu era – já tinha sido campeão nacional de ténis. Trocámos impressões, ele pediu-me ajuda nalguns aspectos técnicos. A partir daí acompanhei o grande percurso dele no ténis e como engenheiro. Poderia ter sido um grande jogador se não tivesse feito a opção de ser um grande engenheiro, sobretudo na área da matemática.

Este relacionamento acontece logo a seguir ao 25 de Abril – em Maio ou Junho de 1974-, numa altura em que o ténis era visto como um desporto fascista que tinha que acabar!

António Câmara (AC) – Eu sou professor e a primeira coisa que ensino aos meus alunos, quando começo as cadeiras, é como se deve bater uma esquerda – ainda utilizo o método antigo, com os pés a 45 graus, as pernas flectidas e os restantes aspectos teóricos. Depois chamo um aluno da primeira fila e peço-lhe que use a raqueta com a esquerda. Isto serve para mostrar que a teoria é só o primeiro passo e que eles têm de praticar imenso. Aprendi imenso com o João a noção de trabalho.

O João para nós, jovens tenistas, era o herói, o que tinha ido para o estrangeiro, e com ele aprendi a ter incentivo para o trabalho.

Só conseguimos lidar com as autoridades da altura, que eram de inspiração cubana, porque fizemos um plano cubano. Adaptámos o ténis ao espírito da época e imaginámos o que seria o plano de Cuba para o desenvolvimento do ténis e depois tirámos Cuba e pusemos Portugal. Na altura não havia redes sociais, mas usámos o sistema de partilha: as bolas velhas de um clube iam para as escolas, criando-se um ciclo.

Houve dois pontos muito importantes para o desenvolvimento do ténis em Portugal. Em primeiro lugar, os campeões da altura, como o João Lagos, ficaram no jogo. E depois, houve um enorme desenvolvimento do ponto de vista empresarial, como só tinha havido no futebol. Os torneios passaram a ter um nível brutal. Eram pequenas vitórias. Hoje em dia, o Portugal Open tem uma qualidade brutal. E começámos a cumprir o sonho de ver os jogadores portugueses, como o João Sousa ou a Michelle Larcher de Brito, a ganhar internacionalmente, algo que na altura era impensável.

Para ler o texto na íntegra, consulte a edição de Fevereiro de 2014 da revista Marketeer.

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