“The Chapel nasceu para acolher eventos boutique com exclusividade e criatividade”, Catarina Quina Barros, diretora do Convento do Beato

EntrevistaNotícias
Sandra M. Pinto
07/11/2025
11:11
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07/11/2025
11:11


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No coração do Convento do Beato, em Lisboa, nasce a The Chapel, um espaço que alia história, arquitetura e modernidade. Resultado da reabilitação de uma antiga capela, este novo venue surge como uma extensão do Convento, pensado para acolher eventos boutique que exigem versatilidade, exclusividade e uma experiência imersiva. Mais do que um espaço para encontros corporativos ou culturais, a The Chapel preserva o património lisboeta, promove a criatividade e contribui para a regeneração do bairro do Beato, consolidando Lisboa como referência em turismo de negócios e cultura.

Por Sandra M. Pinto

Nesta entrevista, Catarina Quina Barros, diretora do Convento do Beato, partilha a visão por detrás deste projeto, os desafios da reabilitação, a proposta de valor única do espaço e a ambição de transformar cada evento numa experiência memorável.

Pode contar-nos como nasceu a ideia de criar a The Chapel dentro do Convento do Beato?
A The Chapel nasceu como uma submarca do Convento do Beato, daí a designação The Chapel by Convento do Beato. Surgiu para dar resposta às centenas de pedidos que, por vezes, o Convento não consegue acolher, seja por limitações de orçamento, falta de disponibilidade, dimensão do espaço ou por não se enquadrarem no tipo de eventos habitualmente recebidos.

Qual o significado simbólico e histórico deste espaço dentro do conjunto do Convento?
A The Chapel reforça a posição de Lisboa como destino de referência para eventos boutique e turismo de negócios. Ao recuperar e reabilitar uma antiga capela, a The Chapel preserva um elemento importante do património histórico lisboeta e transforma-o num polo dinâmico de criatividade e negócios. Este investimento diversifica a oferta cultural e empresarial da cidade, promove o turismo sustentável e gera novas oportunidades económicas para o bairro envolvente.

Sabemos que a The Chapel resulta da reabilitação da antiga igreja do Convento. Quais foram os principais desafios e preocupações durante esse processo de reabilitação?
A capela encontrava-se num estado avançado de degradação, com várias estruturas e detalhes arquitetónicos comprometidos pelo tempo. A reabilitação exigiu intervenções cuidadosas para garantir a segurança estrutural e preservar a sua identidade original. Após a extinção das ordens religiosas em Portugal (no sec. XIX) a igreja foi vendida e adaptada para uma indústria de torra de malte. Para o novo uso, o edifício foi completamente alterado: foram demolidas as torres sineiras e construído um depósito de água no seu lugar; foi suprimido o grande arco na fachada, que dava acesso à galilé por baixo do coro; e foram construídos os fornos de tijolo na zona do altar-mor. Já no século XX, presume-se que na década de 50, foram construídas várias lajes de betão na nave central, que cortaram o espaço em dois e danificaram inúmeras cantarias.
Quando iniciámos o projeto, não existia um programa para a igreja e, em rigor, fomos nós, arquitetos, que definimos os princípios gerais da intervenção. Logo de início, insistimos na necessidade de demolir as lajes de betão para se voltar a ‘ler’ a nave central em toda a sua dimensão. E para compensar a perda de área que essa demolição acarretava, propusemos construir um novo piso intermédio, descolado das paredes laterais para não colidir com as capelas laterais e para permitir que do piso térreo se consiga ver a grande abóbada que cobre a nave central. Este novo piso, além de aumentar o potencial do espaço para novos usos, foi pensado como uma grande ‘sanduíche técnica’ para receber o sistema de climatização e toda a distribuição de comunicações e energia.
Na nave central, a intervenção é apenas o novo piso e o revestimento das paredes e de parte da abóbada com reboco estrutural, para melhorar a resistência ao sismo. Fora da nave central, as zonas com maior intervenção foram as duas ‘alas’ laterais próximas da fachada principal e a zona a tardoz dos fornos, onde se concentram o elevador, as escadas e as novas instalações sanitárias. Por agora, ficaram acabadas as zonas comuns, mas a nave central encontra-se sem revestimentos nem pinturas.

O que diferencia a The Chapel de outros espaços para eventos em Lisboa? Qual é a proposta de valor única deste novo venue?
A The Chapel combina arquitetura histórica com design contemporâneo, adaptado às exigências atuais, num ambiente exclusivo. A imponência do espaço sente-se logo à entrada do espaço, especialmente pelo magnífico teto que caracteriza e confere charme ao piso superior. No piso inferior, as dez capelinhas (cinco de cada lado) estruturam o venue e possibilitam diferentes dinâmicas para cada tipo de evento. É um espaço com identidade, pensado para experiências imersivas e formatos diferenciados.

Que tipo de eventos a The Chapel está preparada para receber? Há um foco específico em eventos corporativos, culturais ou sociais?
A The Chapel está preparada para receber eventos diurnos, desde conferências, a reuniões, a almoços de empresa, ativações de marca e workshops. Pode receber também eventos criativos, culturais, sociais e experiências premium.

Qual é a capacidade do espaço e como está organizada a sua estrutura funcional (zonas, acessos, equipamentos, etc.)?
A The Chapel é constituída pelo Piso 0 que conta com uma sala de 1000 m², com espaços adaptados a zona de cozinha apenas para a preparação de comida e um pequeno pátio com 65 m². Além disso, é possível aceder também ao Piso 1, composto por uma sala com 400 m² e um pequeno terraço. Esta venue tem capacidade para até 500 pessoas, podendo variar consoante o layout de cada evento. No entanto, este limite cumpre as normas de segurança e capacidade do espaço, assegurando que todos os eventos decorrem de forma segura e organizada. Quanto aos serviços integrados, existe a possibilidade de gestão do evento, caso o cliente necessite desse serviço, e o espaço terá também fornecedores exclusivos.

Como se integra a The Chapel no plano mais amplo do Beato Quarter? De que forma este novo espaço reforça a visão global do projeto?
A The Chapel integra-se de forma natural no plano mais amplo do Beato Quarter, reforçando a estratégia de transformar esta zona num polo dinâmico, que combina história, cultura, criatividade e inovação. Ao diversificar a oferta de venues, a The Chapel contribui para atrair novos públicos e empresas, nacionais e internacionais, ajudando a posicionar o Beato como uma das áreas mais interessantes e ativas de Lisboa. Além disso, o espaço reforça a visão global do projeto Beato Quarter ao promover a ocupação sustentável e qualificada do território, valorizando o património existente e apoiando a regeneração económica e social do bairro.

Têm parcerias estratégicas ou colaborações pensadas no âmbito do Beato Quarter, especialmente com entidades culturais, tecnológicas ou turísticas?Por enquanto não. Como estamos no início ainda está a ser preparado.

A The Chapel estreia-se como palco da noite de abertura do Tribeca Festival Lisboa 2025. O que significa esta parceria para vocês? E o que podemos esperar desta estreia?
Para nós, a estreia da The Chapel como algo da noite de abertura do Tribeca Film Festival é um momento muito especial. É uma oportunidade única de mostrar o espaço ao público. Esta parceria significa também reconhecimento o potencial da The Chapel como venue de referência em Lisboa, capaz de acolher eventos culturais e empresariais de grande impacto.

Como está a ser a receção do mercado até agora? Já têm eventos agendados para os próximos meses?
Sim, já temos eventos confirmados para 2025 e 2026.

Que canais ou iniciativas de comunicação estão a ser privilegiados para promover a abertura da The Chapel — campanhas digitais, parcerias, eventos de apresentação, etc.?
As iniciativas de comunicação estão a ser coordenadas com a Pure, que nos apoia na gestão da comunicação, relações com a imprensa e desenvolvimento de estratégias para garantir que a abertura da The Chapel seja divulgada de forma consistente, criativa e de grande impacto.

O Beato Quarter é um projeto de regeneração urbana ambicioso. Como equacionam a sustentabilidade, ambiental, social e patrimonial, ao longo deste processo?
Do ponto de vista ambiental, o objetivo foi criar infraestruturas que possam perdurar. A nível social, queremos que o desenvolvimento do território beneficie não apenas quem nele trabalha, mas também quem vive e circula na zona. E em termos patrimoniais, a preservação da identidade do Beato é um ponto fundamental. Procuramos recuperar edifícios históricos com respeito pelas suas origens, dando-lhes novas funções sem apagar o seu passado.

Como têm trabalhado com a comunidade local neste projeto de transformação do território?
Temos procurado que este projeto contribua de forma positiva para a zona do Beato e para a sua comunidade. Acreditamos que cada novo espaço tem um papel importante no desenvolvimento do território, e a The Chapel surge precisamente com essa visão: a de trazer mais vida, cultura e oportunidades à zona. Além disso, o facto de existir mais um venue na zona reforça o posicionamento do Beato como um polo de inovação e criatividade em Lisboa, atraindo novos públicos e promovendo a economia local. Queremos que a The Chapel seja parte ativa desse crescimento e que contribua para continuar a valorizar este território, sem perder o seu carácter autêntico.

Que papel vê para o Convento do Beato e para a The Chapel na cena cultural e empresarial de Lisboa nos próximos 5 anos?
A The Chapel tem uma história incrível que faz parte da própria história de Lisboa. A sua reabilitação permitiu preservar o passado da cidade, enquanto lhe deu uma nova vida. Hoje é um espaço moderno e cheio de carácter.

Por fim, que mensagem gostaria de deixar a quem está à procura de um espaço verdadeiramente especial para o seu evento em Lisboa?
Gostaríamos de dizer que a The Chapel é um espaço realmente único em Lisboa. Mantivemos a identidade original do local, mas adaptámo-lo para que pudesse responder às exigências atuais de quem procura um espaço versátil e com história. É importante destacar que a The Chapel tem características muito diferentes do Convento do Beato. Enquanto o Convento é ideal para grandes produções e eventos de maior escala, a The Chapel foi pensada para receber formatos mais criativos, diferenciadores e até mais intimistas.




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