A rivalidade entre Android e iOS ganhou um novo capítulo, desta vez no campo da segurança digital. A Google divulgou recentemente dados que mostram que os utilizadores dos seus telemóveis Pixel recebem até menos 96% de mensagens maliciosas do que os utilizadores de iPhone. A diferença, segundo a empresa, deve-se à integração mais ampla da inteligência artificial (IA) em todo o ecossistema Android, que permite antecipar e bloquear tentativas de fraude com maior eficácia.
De acordo com o estudo realizado pela Google em parceria com a consultora YouGov, junto de mais de cinco mil utilizadores nos Estados Unidos, Índia e Brasil, os utilizadores de Android recebem, em média, menos 58% de mensagens fraudulentas do que os de iPhone. No caso dos telemóveis Pixel, a diferença é ainda mais acentuada, atingindo os 96%. O relatório aponta ainda que os utilizadores do sistema operativo da Google são 20% mais propensos a considerar as suas proteções de segurança “muito eficazes”, enquanto os de iPhone são 150% mais propensos a classificá-las como “ineficazes”.
A Google afirma que a inteligência artificial incorporada no Android é responsável por bloquear milhares de milhões de chamadas e mensagens suspeitas todos os meses, impedindo mais de 10 mil milhões de tentativas fraudulentas a nível global. O sistema analisa o conteúdo das comunicações em tempo real, identifica padrões típicos de spam, phishing ou burlas mais complexas e é capaz de bloquear ações perigosas antes que o utilizador seja afetado.
As defesas são reforçadas por ferramentas como o Play Protect, que verifica as aplicações antes e depois da instalação, e pela navegação segura do Chrome, que emite alertas quando uma página pode representar um risco. Segundo a Google, esta abordagem integrada permite neutralizar fraudes antes mesmo de chegarem ao utilizador, oferecendo uma proteção proativa e contínua.
A Apple, por sua vez, procura recuperar terreno. A mais recente atualização do iOS, a versão 26, introduziu uma nova função de filtragem de chamadas, que solicita ao remetente que se identifique antes de permitir que o utilizador atenda. Esta medida visa reduzir o impacto das chamadas indesejadas e detetar possíveis tentativas de fraude, embora seja uma funcionalidade que o Android já oferecia há vários anos através da aplicação Telefone.
Em Portugal, onde o Android domina o mercado com uma quota de utilização de cerca de 75%, contra 24% do iOS, a aposta da Google em reforçar a segurança através da IA poderá consolidar ainda mais a sua posição.
Num mercado cada vez mais competitivo, a segurança digital tornou-se um fator de diferenciação entre as grandes marcas tecnológicas. A Google posiciona-se agora como líder nesta frente, apostando na inteligência artificial como escudo contra as ameaças digitais, enquanto a Apple tenta recuperar o atraso. Na batalha entre Android e iPhone, a próxima atualização poderá já não ser sobre câmaras ou desempenho — mas sobre quem protege melhor o utilizador.
