“Google Zero” descreve uma nova realidade: o Google deixou de ser uma porta de entrada para os sites, transformou-se num “answer engine” que responde às perguntas dos utilizadores sem os encaminhar para outras páginas.
No centro desta mudança estão os AI Overviews, os resumos gerados por IA que surgem no topo dos resultados de pesquisa. Estes excertos, quase instantâneos, oferecem informação suficiente para satisfazer a maioria das consultas. O efeito? Cada vez menos cliques no tráfego orgânico e muitos editores a verem o volume de visitas derreter.
O Google já fez várias alterações ao seu algoritmo ao longo dos anos. Mas o Google Zero representa uma revolução. O SEO, antes motor de crescimento orgânico, está a tornar-se redundante. O que antes era uma autoestrada para os publishers, hoje é um beco sem saída.
Os dados confirmam: nas pesquisas noticiosas, as consultas sem clique subiram de 56% para quase 70% desde que os AI Overviews foram introduzidos . O tráfego do Business Insider, por exemplo, caiu 55% e a empresa acabou por reduzir drasticamente a sua equipa .
O Google defende-se…
Oficialmente, o Google garante que os AI Overviews melhoram a experiência do utilizador, oferecendo respostas rápidas, menos esforço e mais valor . Mas, para muitos editores, estas promessas pouco aliviam o impacto real no rendimento digital.
Por que isto interessa a editores, marketeers e marcas
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Muitos editores dependem do tráfego orgânico para monetizar publicidade, assinaturas e afiliados — agora ameaçado.
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Estratégias de conteúdo ficam fragilizadas: quem apostava no SEO vê-se forçado a migrar para soluções pagas ou segmentadas.
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A marca perde atribuição: o branding fica mais oblíquo, menos rastreável.
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A dependência de plataformas aumenta: desenvolvedores e marketeers transferem orçamentos para paid media, redes sociais e influencers, criando campanhas complementares.
Quem sai a perder — e quem se salva?
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Só os grandes publishers genéricos sofrem mais, pois conteúdos vastos são os primeiros a ser captados pelos AI Overviews.
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Sites especializados ganham vantagem quando Google reconhece a sua autoridade num nicho.
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Marcas D2C com dados próprios estão melhor posicionadas para resistir, comparativamente a plataformas que dependem apenas de tráfego de pesquisa.
Existe algum plano B?
Alguns publishers estão a focar-se em:
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reforçar newsletters e audiências diretas;
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criar conteúdo premium;
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investir em media social (YouTube, TikTok) e PR digital.
No entanto, estas estratégias não substituem totalmente o valor e o volume do tráfego orgânico.
O que os profissionais devem fazer, hoje
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Alargue os objetivos: além de SEO, inclua métricas de branding, engagement e fidelização.
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Invista em relações públicas digitais: as grandes plataformas de LLM valorizam conteúdos de fontes confiáveis.
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Multiplique canais: use redes sociais, influenciadores, conteúdo editorial e anúncios pagos para garantir visibilidade.














