“Queremos construir uma marca 360: estar no FM, no digital, no on-demand e nos eventos”: Nuno C. Matos, M80

EntrevistaNotícias
Lídia Belourico
30/07/2025
15:00
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Lídia Belourico
30/07/2025
15:00


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Foi no cenário descontraído e elegante do Ageas Cool Jazz que encontrámos a rádio oficial do evento: a M80. Mais do que estacionada no recinto, a rádio funde-se com o espírito do festival. Com uma proximidade subtil, mas certeira, a M80 insinua-se nas noites do Ageas Cool Jazz como uma melodia familiar que encontra naturalmente o seu lugar entre sons, histórias e emoções partilhadas. É (quase) impossível não querer fazer parte.

Em entrevista exclusiva à Marketeer, Nuno Castilho de Matos, diretor-adjunto da M80, revela os bastidores desta operação singular. Fala-nos da exigente preparação logística, da transversalidade geracional da estação, das mudanças estratégicas que marcaram o ano de 2025 e da forma como a rádio se posiciona no ecossistema atual: mais rápida, mais plural e mais presente.

Aqui, no Ageas Cool Jazz, a proximidade que a M80 tem com as pessoas é única. Como se planifica a emissão em direto de um festival como este, que é, de certa forma, atípico?

Sim, este festival não decorre em dias seguidos como é habitual, acontece ao longo de todo o mês de julho, o que exige uma logística diferente. São sete dias de festival, mais outras “Lazy Sundays”, que se realizam noutra zona de Cascais. Por isso, não estarei a mentir se disser que começamos a preparar este festival em setembro.

Desde logo com o promotor, com as condições que iremos ter, com o espaço que, eventualmente, teremos aqui no recinto, como vamos fazer a promoção, como vamos anunciar os nomes, como vamos promover os artistas que vão integrar este festival… em setembro e outubro já estamos a preparar as emissões.

E os nomes? Vocês interferem?

Não, nós não interferimos minimamente nos nomes que vêm cá. Obviamente, tentamos fazer alguma pressão.

Até há pouco tempo, este era um festival transversal às rádios da Bauer, ou seja, todas as rádios da Bauer tinham presença aqui, consoante o artista em questão. Se fosse um artista mais M80, era a M80 que estava presente, se fosse um artista mais Smooth FM, era a Smooth FM que cá estava.

Desde o ano passado, achámos que fazia sentido que apenas a marca M80 fosse a rádio oficial. A Smooth FM continua a ter também presença no festival.

Das rádios do Grupo Bauer a M80 é a que tem tentáculos em mais gerações?

Sim, tem a ver com isso e com o facto de este festival ser mais adulto, mais upscale, e um pouco diferente de um festival urbano como o “Alive”, o “Marés Vivas” ou outro menos urbano.

O Ageas Cool Jazz tem características que, para nós, são muito interessantes em termos de mood, de lifestyle, e estão muito alinhadas com aquilo que queremos para a M80.

A M80 é, das rádios da Bauer, aquela que funciona melhor de forma transversal e que pode tirar maior partido deste festival e do universo que o envolve. O Cool Jazz representa muito o ambiente vivido dentro do festival, especialmente para quem está habituado a ir a festivais. Aqui, tudo acontece com muita calma. Temos esse mundo “jazzístico” sempre muito presente.

Já não é a primeira vez que vocês fazem este tipo de emissões, estas ativações fortalecem a marca?

Acho que é essencial esta questão de estarmos presentes na vida das pessoas. E estar na vida das pessoas não é apenas quando ligam a rádio, é estar, de facto, com elas: nos eventos, nas festas, na praia, no campo, onde quer que seja. Procuramos essa oportunidade de contacto com os nossos ouvintes e com possíveis ouvintes que queremos conquistar.

Estamos a viver um ano muito desafiante e importante para o futuro da marca M80. Queremos construir uma marca 360: estar no FM, no digital, no on-demand e nos eventos. Isso é fundamental.

Se não estás presente, as pessoas esquecem-se. Por isso, não desperdiçamos nenhuma oportunidade para trabalhar a marca e fazer esta ativação.

Há 3 meses a M80 sofreu um rebranding. Qual é tem sido o feedback das pessoas (e o vosso) em relação ao retorno da marca?

O feedback tem sido ainda melhor do que esperávamos. Como é óbvio, há sempre aquele primeiro impacto: há quem goste e quem não goste. Felizmente, em termos comerciais, seja junto de anunciantes ou potenciais anunciantes, que é algo que também nos interessa, e em termos de público, o retorno tem sido muito positivo.

Mudámos também o claim, mas uma das mudanças mais importantes foi na vertente musical da estação. É fundamental que as pessoas percebam que continuamos a ser a rádio que transmite a música das suas vidas, e esse conforto era algo que queríamos manter e comunicar.

A nível de imagem, penso que tem funcionado bem. Agora, temos de levar a cabo este trabalho essencial: mostrar às pessoas que esta é a nova imagem da M80.

Mas será que ainda não chegou a toda a gente?

Não, ainda não chegou toda a gente. Há pessoas a quem isso simplesmente não interessa. O que lhes importa é ligar o botão e sentirem que, mesmo com tanta coisa a acontecer nas suas vidas, mesmo que esteja tudo em alvoroço, têm ali uma zona de conforto. Por isso, a questão da imagem passa-lhes um pouco ao lado. Há muita gente que olha para o logotipo e ainda não consegue fazer essa distinção.

Aliás, até há uma questão que tem que ver com o “80”. Há muitas pessoas que dizem que é a rádio dos anos 80. E não é.  É dos 70, 80, 90, 2000…

Por isso é que estamos cada vez mais a reforçar a programação com música dos anos 90 e 2000. Temos fins de semana temáticos, mais ou menos de 15 em 15 dias, para mostrar essa variedade. Não quero afirmar com toda a certeza, porque posso estar a cometer algum erro, mas somos, provavelmente, a rádio com maior variedade musical ou, pelo menos, uma das que têm mais variedade, porque conseguimos cobrir várias décadas.

Houve anos em que era muito confortável posicionarmo-nos como “a estação dos anos 80”, e isso estava muito marcado. Só que as pessoas que gostavam da música dos anos 80 estão a desaparecer.

Para concluir, 2025 tem sido um ano particularmente desafiante e marcante para a marca — e, imagino, ainda mais intenso para a direção. Houve mudanças radicais. Como é que têm conseguido gerir esta velocidade vertiginosa do mundo atual, onde tudo avança tão rapidamente e em que não se pode perder o comboio?

É quase um trabalho a tempo inteiro, 24 horas por dia. É muito exigente. O facto de estarmos numa multinacional obriga-nos a ter um nível de exigência ainda maior e permite-nos perceber melhor os exemplos do que se passa lá fora, o que nos dá condições diferentes para arrancar com as coisas.

A verdade é que, quando entrámos nesta vida, já sabíamos que ia ser assim. Precisamos de injeções de adrenalina. Se eu quisesse um trabalho das 9 às 5, não tinha vindo parar aqui.

Além destas mudanças, temos vindo a construir a equipa para termos os melhores dos melhores. Não podemos ter pessoas medianas, temos de ter mesmo os melhores a trabalhar connosco, porque a nossa fasquia tem de ser a mais alta. Sem margem para dúvidas.

Agora… se vamos aguentar este ritmo durante muitos anos? Se calhar não. Mas enquanto for possível, é sempre prego a fundo.




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