Quase 2 em cada 10 famílias compram bens de grande consumo online
O que mudou entre o primeiro e o segundo confinamento? A transição para o mundo digital é um dos grandes destaques, já que quase dois em cada 10 lares portugueses fizeram uma compra online de bens de grande consumo nos dois primeiros meses deste ano. De acordo com o estudo “2021 vs. O primeiro confinamento – o que mudou?”, realizado pela Kantar e analisado em conjunto com a Centromarca, registaram-se agora mais 148 mil lares a escolher as compras online do que no período de recolhimento obrigatório do ano passado.
Perante estes dados, as duas entidades afirmam que os efeitos provocados pela pandemia levaram à descentralização dos canais de compra, provocando um recuo dos hiper/supermercados.
«O segundo confinamento acabou por ser a confirmação de que o online é um canal viável para uma compra segura e prática, resultando no crescimento significativo de compra de produtos frescos, por norma adquiridos na loja física. Pode concluir-se que o canal online é cada vez mais relevante na distribuição em Portugal e está a entrar na rotina dos portugueses, com cada vez mais lares a realizar este tipo de compra, optando por categorias não só de stockagem, mas também de rotina», adianta Marta Santos, Manufacturers Sector director da Kantar
Portugueses estão a comprar mais vezes
O mesmo estudo evidencia que os consumidores fizeram este ano, em média, quase mais três cestas de compra do que no primeiro confinamento. No entanto, as compras foram de menor valor e dimensão, com as cestas a valerem menos 13,,5% cada.
Em 2021, os portugueses mostram menos receio com as deslocações às lojas e já não se preocupam tanto em encher o carrinho de compras para não terem de sair de casa tantas vezes. O número médio de compradores situa-se agora acima de 20% em relação à média diária de 2020 (2 de Março a 31 de Dezembro).
«O número médio de compradores aumentou gradualmente conforme a evolução dos casos diários, ou seja, a diminuição do número de casos levou a mais idas às compras por produtos de grande consumo», sublinha Marta Santos.
Marcas de distribuição em destaque
As marcas de distribuição pesaram quase 39% do total gasto em bens de grande consumo durante os períodos de confinamento, apontam a Kantar e a Centromarca. A justificação para esta opção residirá no cuidado em racionalizar o orçamento.
De acordo com a Manufacturers Sector director da Kantar, «a preocupação na escolha das marcas dever-se-á a uma adaptação do orçamento familiar, por força dos sinais da crise económica gerada pela pandemia».
Pedro Pimentel, director-geral da Centromarca, considera que a forma como as famílias portuguesas realizam as suas compras mostra uma elevada maturidade e uma adaptação aos cenários de risco com que a cada momento se confrontam, apesar de já se sentir alguma saturação.
«A maturidade dos portugueses deveria motivar o Governo a ‘desconfinar’ também algumas legislações aprovadas ao abrigo dos vários estados de emergência que continuam a afectar administrativa e artificialmente o mercado», aponta Pedro Pimentel. Em comunicado, o responsável indica que essas medidas terão feito sentido num dado momento mas que agora já não deveriam ser mantidas em vigor.