Procura-se designer gráfico que queira mudar de carreira para uma relação séria

Por Ruben Ferreira Duarte, formador na FLAG

Gostava de começar este texto a fazer uma promessa ao leitor. Não vou falar uma única vez daquela-coisa-que-todos-nós-sabemos-qual-é. Não porque o tema não seja muito sério (que é), mas porque gostava sim de falar, acima de tudo, de mudanças positivas!

Existe uma frase muito conhecida de Abraham Maslow que resume bem tudo aquilo que não pode ser a carreira de um designer nos dias de hoje: “para quem só sabe usar um martelo, todos os problemas vão parecer pregos”. Podemos interpretar a frase de muitas formas, é verdade, mas será relativamente consensual que uma das mensagens mais fortes é a provocação à necessidade de se procurar constantemente as ferramentas certas para cada desafio.

No que toca à área do design em particular, este desafio faz hoje ainda mais sentido. Se olharmos para todas as transformações que a área sofreu nos últimos anos, facilmente chegaremos à conclusão de que as ferramentas de hoje são muito diferentes das do passado.

O próprio papel e importância do design mudaram imenso. Alguns dos leitores lembrar-se-ão que em tempos houve que trabalhar design em digital era desenhar um website para uma resolução de 1024 (para Internet Explorer, claro está) que deveria acomodar algures um banner M-REC. Também se poderá lembrar, especialmente se for designer, que se já trabalhava em digital nessa altura certamente sentiu a necessidade de aprender AS2 para trabalhar com o Macromedia Flash, para fazer todas aquelas interacções que se dizia que iam salvar o mundo. Acontece que o Flash não salvou o mundo e hoje o papel do designer vai muito além do desenho.

Com a evolução da profissão, especialmente com a migração de muitos designers gráficos para o digital, tornou-se fundamental, mais do que saber “martelar”, saber onde martelar. Saber que tipo de martelo utilizar, se é que faz sentido utilizar um martelo. Por outras palavras, o papel do designer hoje, especialmente quando falamos das áreas de User Experience (UX) e User Interface (UI) em produtos digitais, vai muito para além da criação de imagens. Para além de se saber, não só desenhar e prototipar um interface, seguindo as melhores boas-práticas, simples, diferenciador, representativo da marca, é muito relevante perceber como ir à procura das necessidades reais dos utilizadores, saber valorizar o conteúdo através da estratégia e perceber como organizar a informação de forma clara. A juntar a tudo isto, é indispensável reconhecer que o design, em especial o UX/UI, é um exercício iteractivo e que tudo isto só faz sentido e o produto digital só atingirá os seus objectivos de negócio se conseguirmos testar as ideias com pessoas reais no seu dia-a-dia.

É claro que tudo isto é um exercício de equipa. Uma grande (ou pequena) orquestra onde cada músico tem a sua missão. Mas para um designer que esteja a pensar migrar, por exemplo do design gráfico para o UX/UI, é muito importante ter uma noção clara de tudo aquilo que pode fazer num produto digital. Para além de conseguir escolher muito melhor o tipo de trabalho que mais o motiva, essa visão 360º trará também o vislumbre de melhores oportunidades.

Para além disto, é muito natural e enriquecedor procurar alguma formação adicional nas áreas de UX/UI. É incrível a oferta que existe em Portugal. Para além da formação no ensino superior, existem muitas escolas de formação especializada como é o caso da FLAG, que são um acelerador incrível para alguém que queira fazer a transição entre o design gráfico e UX/UI. Neste contexto de aprendizagem, através de um espaço confortável ao erro é possível aliar a dimensão teórica e prática, ou não fosse o design uma disciplina eminentemente prática. Com tudo isto, para além da panorâmica completa sobre a indústria, é possível ainda compreender e experimentar muitas das principais ferramentas do mercado de UX/UI utilizadas actualmente no pensamento, desenho e desenvolvimento de produtos digitais, feitos por pessoas para as pessoas.

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