Portugueses estão a ir mais vezes às compras mas Grande Consumo recua 8,5%

O segundo trimestre deste ano foi de quebra no sector do Grande Consumo: menos 8,5% em valor e menos 9,5% em volume, face ao período homólogo de 2020. O estudo “Nem tudo o que parece é”, realizado pela Kantar, mostra que, apesar de os portugueses estarem a voltar a ser mais assíduos (aumento de 5,8% na frequência de compra durante o primeiro semestre), o volume por acto de compra caiu 6,8%.

«As quebras a nível do PIB, do consumo privado e do turismo, a que se adiciona a redução do índice de confiança dos consumidores e o forte inflacionamento dos preços das matérias-primas marcam um cenário difícil para o sector do grande consumo e justificam a evolução negativa do mercado no retalho alimentar», explica Pedro Pimental, director-geral da Centromarca, que analisa o estudo.

Além disso, os resultados do segundo trimestre deste ano, em concreto, são também penalizados pelo retrocesso do consumo em casa. Com a reabertura da economia, nota-se uma ligeira recuperação do consumo fora de casa.

Marta Santos, sector director da Kantar, considera que os dados deste primeiro semestre «mostram um regresso dos consumidores às lojas, com um aumento significativo do número de visitas, acompanhado da natural descida do volume e valor das cestas».

Alimentação sobe e higiene desce

Olhando para as diferentes categorias de consumo, a Kantar indica que a alimentação e as bebidas foram as que registaram maior crescimento no primeiro semestre do ano – respectivamente de 3,1% e de 7,2% em valor, face ao mesmo período de 2020. Por outro lado, os produtos de limpeza caseira e de higiene e beleza obtiveram quebras de 5,7% e de 9,0% em valor, respectivamente.

«Os crescimentos em alimentação, e especialmente na área das bebidas, foram mais do que compensados pelos retrocessos nos produtos de limpeza caseira e de higiene e beleza, que apesar de continuar em terreno negativo parece mostrar alguns sinais de recuperação», acrescenta Marta Santos.

E onde compram os portugueses estes produtos? Com o início do desconfinamento, os consumidores voltaram a procurar mais os grandes supermercados e os hipermercados. Contudo, o canal tradicional de compras de maior proximidade – como mercearias, padarias, talhos, peixarias ou frutarias – continuam numa trajectória positiva, dando continuidade ao movimento iniciado com a pandemia. Quanto ao canal digital, verifica-se um ajustamento da compra no segundo trimestre.

«A normalização progressiva mostra também um regresso às lojas de maior dimensão, uma desaceleração da compra online e, apesar de tudo, uma boa resiliência do comércio tradicional», resume Marta Santos.

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