Pinturas desaparecidas de Paula Rego durante a ditadura dão mote a nova exposição
A Casa das Histórias Paula Rego tem uma nova exposição que assinala os 50 anos do 25 de Abril. “Paula Rego: Manifesto” já pode ser vista e fica disponível até 8 de Outubro.
Com curadoria de Catarina Alfaro e Leonor de Oliveira, a exposição é realizada numa iniciativa da Fundação D. Luís I e da Câmara Municipal de Cascais, no âmbito da programação do Bairro dos Museus.
“Paula Rego: Manifesto” parte da recriação da primeira exposição individual da artista, apresentada há quase 60 anos, numa altura marcada pela intensificação do ambiente repressivo e persecutório da ditadura. Agora, 18 das 19 pinturas que compunham aquela mostra histórica, criadas entre 1961 e 1965, estarão novamente reunidas e poderão ser vistas na Casa das Histórias Paula Rego.
Algumas das obras que integram “Paula Rego: Manifesto” foram localizadas apenas recentemente, depois de anos em paradeiro incerto, fruto de um trabalho de investigação, ainda decorrer, que ambiciona catalogar todos os trabalhos conhecidos que Paula Rego produziu entre as décadas de 1950 e 1960. As obras em empréstimo são provenientes das colecções de instituições nacionais como a Fundação Calouste Gulbenkian e a Fundação de Serralves, além de colecções particulares portuguesas, inglesas e francesas.
«A narrativa sobre a ditadura e o processo de democratização têm sido dominados pela perspectiva e acções masculinas. Em contracorrente, a obra de Paula Rego inscreve na abordagem crítica desses momentos históricos não só a experiência feminina, mas também o papel das mulheres na luta pela democracia e pelos seus direitos. O trabalho criativo e a intervenção cívica da artista recordam-nos ainda que a democracia é um projecto em construção e tem que ser revista e promovida constantemente», dizem, em comunicado, Catarina Alfaro e Leonor de Oliveira.