Pingo Doce reduz prazo de pagamento a fornecedores para 10 dias
O Pingo Doce e a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) anunciaram hoje que a marca do Grupo Jerónimo Martins vai antecipar o prazo de pagamentos a 402 fornecedores nacionais de frescos. Nos próximos 12 meses, o Pingo Doce vai pagar a esses fornecedores até 10 dias após a entrega dos produtos, contra a média actual de 60 dias.
A iniciativa abrange cerca de metade dos fornecedores de frescos do Pingo Doce, e visa combater a falta de liquidez dos produtores nacionais. Num contexto de seca extrema e em que «a tesouraria dos agricultores está depauperada», devido ao aumento dos custos de produção e às dificuldades de acesso ao crédito, o objectivo prioritário desta iniciativa é o de «colocar dinheiro dentro das explorações o mais rapidamente possível», anunciou João Machado, presidente da CAP, na apresentação da iniciativa, que decorreu na sede da CAP, em Lisboa.
Apesar de a medida ter um impacto financeiro estimado entre 80 a 100 milhões de euros no capital circulante do Pingo Doce, a cadeia de supermercados justifica a iniciativa pela necessidade de «manutenção da cadeia de abastecimento alimentar». «Somos confrontados todos os dias com fornecedores que fecham portas», lamentou Pedro Leandro, director comercial do Pingo Doce. «Queremos evitar que surjam situações adicionais», reiterou.
A medida não prevê uma redução dos custos dos produtos fornecidos pelos agricultores seleccionados. «Vamos antecipar o pagamento sem quaisquer custos financeiros para os fornecedores», garantiu Pedro Leandro, acrescentando que a medida não implica a celebração de novos contratos com os fornecedores. «A CAP nunca entraria num acordo destes com o Pingo Doce se fosse acrescentado um desconto comercial», reforçou João Machado, que expressou «esperança que esta medida possa ser seguida por outros» distribuidores.
Os 402 fornecedores abrangidos por esta medida, que representam cerca de 700 produtores, correspondem a fornecedores de pequena e média dimensão que mantêm uma relação comercial há pelo menos cinco anos com o Pingo Doce. «São fornecedores que nos entregam com regularidade e que pelo menos cumprem 95% das nossas encomendas, e para os quais nós [Pingo Doce] temos uma relevância no negócio deles de pelo menos 50%», justificou Pedro Leandro, explicando que os parâmetros de escolha dos fornecedores visaram assegurar que a «medida teria impacto».
Texto de Daniel Almeida