Opinião de Sandra Alvarez (PHD): Os desafios de utilização de IA na expansão das marcas
Por Sandra Alvarez, directora-geral da PHD
A Inteligência Artificial (IA) é indiscutivelmente uma força poderosa para as empresas na procura de crescimento e eficiência. No entanto, a sua implementação nem sempre é livre de desafios e é crucial entender como a IA pode, paradoxalmente, limitar o crescimento de uma marca.
Um dos desafios mais significativos é o enviesamento dos algoritmos, baseados nos dados recolhidos e nos comportamentos actuais dos consumidores. Se os modelos de IA forem treinados com dados enviesados, há o perigoso risco de se perpetuarem os preconceitos existentes, por muito tempo. Esse enviesamento poderá manifestar-se em decisões automáticas discriminatórias, potencialmente prejudicando a imagem e até a reputação da uma marca, além de limitar o que é mostrado e sugerido aos consumidores.
Outro ponto crítico é a falta de personalização eficaz. Embora a personalização, impulsionada pela IA, seja valiosa, a ausência de uma compreensão aprofundada das preferências dos utilizadores pode resultar em recomendações imprecisas. Uma personalização excessiva pode tornar-se invasiva, provocando uma experiência do utilizador insatisfatória e afastando potenciais clientes.
A experiência do utilizador, em geral, é fundamental para o sucesso de qualquer marca. Implementações inadequadas de IA, como chatbots ou assistentes virtuais que não conseguem compreender as consultas dos utilizadores, podem levar a uma experiência insatisfatória, gerando frustração e minando a confiança na marca.
A falta de transparência no uso da IA também pode ser um obstáculo. Se os consumidores não compreendem como é que os algoritmos influenciam as decisões da marca, a confiança pode ser comprometida. A transparência torna-se, assim, uma componente crucial para construir e manter relacionamentos sólidos com o público, impactando directamente o crescimento da base de clientes.
A resistência cultural e interna à adopção da IA dentro das organizações é um desafio adicional. A implementação bem-sucedida muitas vezes requer mudanças culturais e internas, e a resistência dos funcionários a essas mudanças pode prejudicar a eficácia da IA na optimização de processos internos e na promoção da inovação.
Além disso, as regulamentações em constante evolução em torno do uso de IA podem impor restrições e exigir práticas mais transparentes. O não cumprimento dessas regulamentações pode resultar em multas significativas e perda de eficácia das campanhas das marcas.
Em resumo, embora a IA ofereça um leque de oportunidades, é vital abordar proactivamente esses desafios. O equilíbrio delicado entre inovação e responsabilidade é essencial para maximizar o potencial da IA e, ao mesmo tempo, mitigar os riscos que poderiam limitar o crescimento de uma marca.
Artigo publicado na revista Marketeer n.º 330 de Janeiro de 2024