Opinião de Isabel Roseiro (Randstad Portugal): Gen Z, viver em realidades simultâneas

Por Isabel Roseiro, Marketing & Communications director da Randstad Portugal

A Geração Z é a primeira geração totalmente digital, cresceu com internet de alta velocidade, com acesso a telemóveis, e para quem ter múltiplos ecrãs é, não só, o normal, como uma forma de estar em várias plataformas ao mesmo tempo, em realidades simultâneas.

É, também, a geração com maior nível de educação de sempre, compreendem a importância do ensino superior e vêem a obtenção de um diploma como o melhor caminho para garantir um emprego bem remunerado.

O que observamos anteriormente foi uma evolução natural entre gerações, sem rupturas abruptas entre as mesmas, o que não parece ser o caso entre os Millennials e a Geração Z. O acesso a múltiplas realidades, diferentes vivências, com uma visão global e multicultural, leva a que tenham preocupações e referências também elas globais. A forma como lidam com a diferença, como vivem as alterações climáticas, ou a emigração e outros fenómenos globais, é claramente distinta.

Esta nova perspectiva do mundo, a forma como se relacionam e o que valorizam deve ser compreendido pelas empresas, quer de um ponto de vista de consumo e relação com as marcas, quer de relação com o trabalho. No que se refere ao trabalho, é a geração que mais valoriza o salário emocional, como a procura de work-life balance, progressão de carreira e alinhamento da empresa com os seus valores e interesses (80% da Gen Z priorizam encontrar um emprego que esteja alinhado com os seus valores e interesses, segundo estudo de tendências da Randstad).

As gerações mais jovens cresceram num ambiente onde a diversidade é a norma, o que influencia perspectivas e interacções com pessoas de diferentes origens. Estão atentos às marcas e aos empregadores com políticas de ED&I (Equidade, Diversidade & Inclusão), iniciativas com impacto social e sustentabilidade ambiental. Conhecidos como “nativos digitais”, a Geração Z é hipercognitiva, tem a capacidade de vivenciar várias realidades ao mesmo tempo. Porém, são vários os estudos que revelam que os jovens de hoje se debatem com maiores desafios de saúde mental, apontando a instabilidade económica, a exposição às redes sociais ou o impacto da pandemia como causas (é a geração que mais valoriza o apoio à saúde mental dado pelas empresas, 36% a mais em relação à média de todas as gerações, segundo estudo da Randstad).

As expectativas que a sociedade, as empresas e as famílias colocam na geração mais qualificada e digital de sempre são enormes. Por um lado, as marcas que pretendam comunicar com esta geração devem preferir os meios digitais, ser autênticas, social e ambientalmente responsáveis e criar conteúdos envolventes e com um propósito claro. Por outro lado, os empregadores que procuram atrair e reter talentos da Gen Z devem pensar em proporcionar um ambiente de trabalho que priorize a segurança psicológica e lhes permita o tão desejado equilíbrio, nas suas realidades simultâneas.

Artigo publicado na revista Marketeer n.º 329 de Dezembro de 2023

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