O XXL desceu ao Algarve e nós fomos novamente felizes

Houve quem estranhasse quando se soube que Olivier da Costa iria ficar à frente do antigo XL de Vasco Gallego, ali bem de frente para a Assembleia da República, em Lisboa, um restaurante de tradições e provas dadas, em particular no seu tão célebre souflé. Entretanto, Olivier não só lhe acrescentou um X – é agora XXL – como mais que provou pela capital que, respeitando a tradição, conseguia inovar e ir mais longe. Agora, está a “exportar” o conceito e acaba de abrir na tradicional Quinta do Lago, onde, a partir do hotel de cinco estrelas Wyndham Grand Algarve, tem vindo a baralhar e dar de novo, com pratos de sempre.

Mais a Sul, há noites mais temperadas. Mas, no XXL, o tempero é o mesmo. A carta segue a de Lisboa e as receitas chegam à mesa nas medidas e sabor a que sempre nos habituámos!  Diz que o menu é o “mais autêntico e familiar de todo o Grupo” e um “espelho das memórias afectivas de Olivier da Costa”. Nós, só temos a agradecer a essas memórias que também nos ficam na memória.

O couvert é q.b. mas longe da mediania, entre a delicada tosta, o azeite, a manteiga temperada e o fuet. E que entretém até começarem a desfilar as primeiras entradas. Fomos por um dos mais tradicionais do XXl, o Ovo, traduzido em puré de trufa com quatro variedades de cogumelos salteados e o belo do dito estrelado em cima (envolvido, quando chega à mesa), que se mantém irrepreensível. Pelo meio, quisemos experimentar os novos croquetes de espinafres com queijo parmesão e basílico – que nos mereceu aplauso -, assim como as gambas à guilho com malagueta, no perfeito ponto de cozedura e tempero.

Depois, bem depois, o festim só pode e deve continuar. Em Lisboa, o bitoque de lagosta é receita que “venerámos”: por Olivier da Costa ter pegado num dos pratos mais tradicionais e despretensiosos da cozinha portuguesa, o bitoque, e ter substituído a carne por… lagosta, mantendo tudo o resto, desde a batata à portuguesa ao ovo estrelado e o molho; pelo sabor e cruzamento de sabores; pela arte de aconchego numa combinação que poderia ser só improvável.

Por isso, aproveitámos a ida ao XXL no Wyndham Grand Algarve, para voltarmos a ser felizes. E fomos! Muito. Sabemos que é o prato mais caro do menu – 89 euros – mas que deixa de alma cheia e um sorriso no estômago, ai isso deixa.

Sobremesa? O espaço é escasso. Mas quando a tentação dá pelo nome de profiteroles e da célebre fatia dourada conseguida com massa de brioche, fechamos os olhos e entregamo-nos ao “demo”.

Pela capital, o XXL provou e conquistou. Pelo Wyndham, o caminho não pode ser outro que não o mesmo. De resto, Olivier da Costa há anos que mostra que sabe manter qualidade, receituário, serviço e entrega, seja em que geografia for. No Algarve, desde Junho de 2012 que tem portas abertas no Pine Cliffs com o seu Yakuza, o japonês que cruza tradição com fusão, peixe e marisco do mais fresco com propostas inusitadas, atendimento com ambiente. Por isso, não se estranha quando ali se volta e só se confirma casa cheia. Que deverá ser precisamente o mesmo que vai acontecer ao seu XXL.

Se está pelo Algarve ou ainda lá vai, faça a reserva e dê um salto ao Wyndham Grand. Peça para ficar na varanda se a noite estiver amena, entregue-se às propostas do chef em caso de alguma dúvida, e depois conte-me como foi!

Eu, por mim, fui feliz. Nos dois!

Texto de M.ª João Vieira Pinto

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