M.ª João Vieira Pinto
Directora de Redacção Marketeer
Venho aqui, hoje, falar do Papa Leão XIV e de André Ventura. Calma. Porque é que venho aqui falar dos dois? Porque ambos têm aquilo que sempre ajudou e continua a fazer construir e eleger líderes: personal branding.
Comecemos pela principal figura da Igreja Católica. Robert Prevost é um exemplo de marketing pessoal. Sabe falar e utilizar o silêncio. Sabe escolher os temas, olhar ao passado e projectar ideias do presente para o futuro. De resto, em entrevista à edição online da Marketeer, Marlene Gaspar, directora- geral da LLYC Portugal, refere mesmo que a própria escolha do nome “Leão XIV” é mais do que storytelling; é “storydoing” – «um gesto carregado de significado estratégico, que remete tanto para o pensamento social da Igreja como para a humildade franciscana», tornando-o em poucos dias, como considera, um «case study em marketing institucional e pessoal».
Olhando para Portugal e para aquele que em meia dúzia de anos construiu um partido e se tornou uma real força política, também a palavra e os temas trazidos para a esfera pública e de debate não são de acaso. André Ventura sabe o que o povo quer ouvir e cavalga em cima disso. Sabe o que descontenta e alimenta a esfera. Sabe do que se gosta e oferece rebuçados. E aos que da política estão afastados, conquista pelas redes sociais, sem recear estragar a figura, antes ganhando com ela.
Claro que um não tem nada que ver com o outro e pode parecer quase “sacrilégio” vir aqui comparar o que é eventualmente incomparável. Mas, numa altura em que os líderes escasseiam e a procura por referências ganha terreno, o branding é mais que uma característica ou jeito. É uma ferramenta que elege. Junto de alguns ou de muitos! E, às vezes, para o bem e para o mal, faz toda a diferença…
Editorial publicado na revista Marketeer n.º 346 de Maio de 2025
