Com mais de sete décadas de história, a Ferreira de Sá é uma das mais prestigiadas manufaturas de tapeçarias artesanais da Europa, reconhecida pela excelência, inovação e profundo respeito pelas tradições portuguesas. A marca tem vindo a afirmar-se internacionalmente como um ícone do design têxtil de luxo, combinando técnicas ancestrais com uma visão contemporânea e sustentável.
Por Sandra M. Pinto
Em 2025, a Ferreira de Sá reforça a sua presença global com participações estratégicas em dois importantes eventos internacionais: a BDNY – Boutique Design New York, um dos maiores encontros de design de interiores e hospitalidade dos Estados Unidos, e o showroom Made in Portugal Naturally meets Lazado, em Riade, consolidando a sua presença no Médio Oriente. Nesta entrevista, Ana Gomes, diretora de Marketing da Ferreira de Sá, partilha a visão da marca sobre o futuro do design português, a inspiração por detrás da nova coleção ALÉM TEJO, apresentada pela primeira vez em Nova Iorque, e o equilíbrio entre tradição artesanal e inovação tecnológica que define a essência da empresa.
O que motivou a Ferreira de Sá a participar da BDNY 2025 e a apresentar pela primeira vez a coleção ALÉM TEJO?
A BDNY é um evento de referência nos Estados Unidos para o design de interiores e hospitality, que reúne arquitetos, designers e marcas de todo o 
mundo. A presença da Ferreira de Sá em Nova Iorque representa uma oportunidade estratégica para reforçar a visibilidade da marca num mercado altamente competitivo e valorizado. Contamos já com escritório e equipa na cidade, sendo este um dos nossos mercados prioritários. A escolha de apresentar, em estreia internacional, a coleção ALÉM TEJO neste contexto surge de forma natural: trata-se de uma coleção que traduz a essência portuguesa com um olhar contemporâneo, posicionando-se de forma perfeita para um público que valoriza autenticidade, saber-fazer e design diferenciado.
De que forma a coleção ALÉM TEJO traduz as tradições e a cultura do Alentejo no design contemporâneo dos tapetes?
A ALÉM TEJO é uma homenagem ao ritmo calmo, à luz dourada e à paisagem intemporal do Alentejo. Cada peça reflete elementos característicos da região – das texturas dos campos e dos tons terrosos das planícies à simplicidade arquitetónica das aldeias brancas. Esses elementos foram reinterpretados através de uma linguagem contemporânea, com composições subtis e paletas cromáticas naturais. O resultado é uma fusão harmoniosa entre tradição, modernidade e consistência, que celebra a identidade portuguesa sem perder o foco no design atual.
Como é que a direção criativa de Carlota Verde influenciou o desenvolvimento da coleção ALÉM TEJO?
A visão criativa da Carlota Verde foi essencial para dar alma à coleção. A Carlota respondeu, com a visão conceptual da coleção a um briefing sobre o que se pretendia estrategicamente apresentar no mercado. O seu olhar sensível sobre o território alentejano permitiu captar o espírito da região para além do óbvio – traduzindo-o em formas, texturas e cores que comunicam serenidade e autenticidade. Sob a sua direção, o diálogo entre o artesanal e o contemporâneo tornou-se o eixo central do projeto, garantindo que cada tapete contasse uma história de lugar, tempo e emoção.
Quais são os principais objetivos da Ferreira de Sá ao participar no showroom Made in Portugal Naturally meets Lazado, em Riade, e como isso fortalece sua presença no mercado internacional?
A presença da Ferreira de Sá em Riade, no showroom Made in Portugal Naturally meets Lazado, visa reforçar o posicionamento da marca junto de um mercado em rápido crescimento e com forte valorização pela exclusividade. O Médio Oriente é uma região onde já marcamos presença; o design de interiores nesta área tem uma expressão cultural e estética muito própria, e acreditamos que a combinação entre o savoir-faire português e a inovação tecnológica dos nossos tapetes responde a essa exigência. Além disso, esta participação reforça o papel da Ferreira de Sá na missão de levar o design e o saber-fazer portugueses além-fronteiras.
Como consegue a marca Ferreira de Sá equilibrar a tradição artesanal com a inovação no design das suas tapeçarias?
Na Ferreira de Sá, tradição e inovação coexistem de forma natural. Mantemos as técnicas de tecelagem manual que nos definem há mais de sete décadas, garantindo autenticidade e qualidade incomparável. Ao mesmo tempo, investimos continuamente em investigação, tecnologia e parcerias criativas que nos permitem explorar novos materiais, padrões e processos sustentáveis. O segredo está em respeitar as origens sem receio de as reinterpretar – é assim que continuamos a evoluir sem perder a alma.
Qual a importância da participação da Ferreira de Sá nos eventos internacionais para consolidar a marca como uma referência no segmento de tapeçarias de luxo?
Os eventos internacionais são plataformas essenciais para reforçar a notoriedade da Ferreira de Sá e estabelecer contacto direto com arquitetos, designers e marcas globais. A nossa presença nestes contextos não é apenas comercial, mas sobretudo estratégica: permite-nos estar próximos, partilhar novidades e ouvir – algo que consideramos fundamental. É também uma forma de afirmar o design português no panorama global, posicionando a Ferreira de Sá como uma referência no segmento de tapeçarias de luxo.
Como se adaptam às tendências globais de design enquanto mantêm a autenticidade da sua produção artesanal?
Acompanhamos de perto as tendências internacionais e procuramos inspiração em áreas diferentes da nossa, explorando novas linguagens estéticas. No entanto, o nosso ponto de partida é sempre a autenticidade – aquilo que temos dentro da Ferreira de Sá: as pessoas, o know-how e a vontade constante de inovar. A adaptação às tendências nunca compromete a nossa identidade; pelo contrário, serve para a valorizar.
Qual tem sido o impacto das colaborações com entidades como a AICEP no crescimento e reconhecimento da Ferreira de Sá no mercado internacional de luxo?
As parcerias com a AICEP têm sido importantes para ampliar o alcance internacional da Ferreira de Sá. Através da sua rede, conseguimos participar em iniciativas, que nos colocam em contacto com novos mercados e potenciais parceiros. Este tipo de colaboração reforça a projeção da marca e também o reconhecimento do design português enquanto símbolo de qualidade e saber fazer no setor do luxo.
