O BAHR é especial, todos os meses

O convite era para ir conhecer as Sugestões do Mês, no BAHR & Terrace do Bairro Alto Hotel, em Lisboa. Num almoço com tempo, sabor e vista, naquele que é um belo terraço de frente para o Tejo. Em semana de sol aberto, foi como que o “casamento” perfeito.

Há uns dois anos – que não dei pela passagem – que não ia lá. Nem ao hotel nem a nenhum dos seus espaços gastronómicos. Mas da última vez que me tinha sentado à mesa do BAHR & Terrace não só tinha sido feliz como tinha percebido que, por ali, o trabalho era verdadeiramente sério e de um nível superior, ou não tivessem os responsáveis do hotel ido buscar Nuno Mendes que desde há muito dá cartas cá e lá fora, em particular nos seus espaços londrinos.

Só que não só o tempo passou como a equipa “ligeiramente” se alterou, sendo que algumas das criações e conceitos iniciais se mantiveram para garantirem a clientes de sempre que nada se perdeu. Por ali, e desde sempre, houve sabores portugueses com influências do Mundo. E assim continua a ser, numa carta que vai tirando e pondo alguns pratos em função do mês em curso e do que é mais relevante, em termos gastronómicos, para a época. Só para ter uma ideia, fomos no dia 31 de Janeiro, data em que tinha acabado de ser destronado o leitão para subir à mesa a feijoada de polvo.

Mas os sabores do mês que desfilaram pela nossa mesa foram mais ainda e começaram desde logo no couvert que se compõe de pão de trigo e aveia massa-mãe, umas delicadíssimas crackers de algas e manteiga Rainha do Pico. Chegaria, com mais sabor, a bela tosta de percebes fumados que desde sempre se senta por ali, bem recheada do molusco que é ligeiramente cozinhado no fogo e colocado num bom pão torrado com um toque de manteiga e azeite. Foi repetição de experiência e de gosto – desta feita acompanhado por um Pôpa branco, do Douro -, que gosto bastante da ideia, apesar de achar que o fumado retira parte do intenso sabor a mar que o percebe tem. Pelos vistos, não sou a única a repetir e, o que é certo, é que a tosta mantém presença assídua na carta do BAHR.

Para seguimento de conversa, o chef sugeriu os belos filetes de garoupa com açorda de tomate e coentros, com os ditos bem soltos e fritos no ponto. Combinariam bem, também com o branco encorpado feito de Terrantez do Pico, servido no momento certo.

E para fechar as hostilidades, a “princesa” do mês, a tal feijoada de polvo que vale muito a pena provar… e comer, já agora!

Nas sobremesas pedimos a farófia, que não segue a versão clássica e assenta numa base de limão mas que não deixou rasto! E para o café – é verdade, houve espaço e gula – um jesuíta que, por ali, se faz com delicadas lascas de amêndoas tostadas, por cima. Foi um belo acompanhante do café!

A carta de vinhos contempla propostas com pouca intervenção e outras mais clássicas, assinalando uma viagem pelas diferentes regiões do País e piscando o olho ao que de melhor é feito além-fronteiras. Entre espumantes e champanhes, vinhos tranquilos e fortificados contam-se mais de 100 referências. Por isso, o melhor é entregar-se nas mãos de quem sabe.

Os especiais do mês estão disponíveis de segunda a sexta apenas aos almoços, entre as 12h30m e as 15h30m, e mudam todos os meses.

Mas o restaurante, que ocupa o quinto piso do primeiro boutique hotel de 5 estrelas, aposta em diferentes momentos gastronómicos, incluindo o brunch (servido aos feriados e fins de semana, das 13h às 16h).

Ao jantar, a experiência é de alta gastronomia, entre tartelete de atum à algarvia, nos “Snacks”, lula grelhada, feijão verde, grelos e algas ou ceviche de atum, agrião e edamame nas “Entradas”, e Arroz de Carabineiros, nos “Pratos Principais”, são alguns dos exemplos do que é servido à mesa. A carta das “Sobremesas” é desenvolvida em conjunto com Maria Ramos, a chef pasteleira do hotel.

Os produtos são essencialmente portugueses, com os pequenos produtores a manterem-se uma preferência da casa.

Texto de M.ª João Vieira Pinto

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