N’O Jardim, em São Bento, também há Piquenique e é bom!

Das últimas vezes que subi a Rua de São Bento, em Lisboa, ao final do dia, fiquei com vontade de entrar. Porque adoro jardins na cidade, árvores iluminadas, restaurantes que parecem casa e como que nos “piscam o olho”. Porque neste espírito voyeur que há em todos nós, espreitava a sala e o ambiente era de gente feliz. E porque juntando tudo isto, aquele só podia ser espaço de bem com comida boa.

Desculpem, estou a falar do Jardim, onde finalmente fui e onde confirmei que tudo aquilo que tinha imaginado ser, o era de facto.

Entra-se pelo tal jardim de grande oliveira com luz e que, a mim, me enche a alma. Segue-se para a sala e, lá está, só se sente conforto. Pela simpatia do staff que recebe, pela decoração que aconchega, pela árvore estrategicamente colocada no centro e que protege, pelos cheiros que nos chegam da cozinha aberta e dirigida por Pedro de Sousa.

Pedro, o chef executivo, já vinha a dar provas com o Sr. Lisboa – a Cozinha, que abriu com Francisco Breyner, na Rua de São José. Por ali se apresentaram, aprenderam, arriscaram e… cresceram. Ao ponto de terem que se expandir para o exterior, que é como quem diz para este Jardim que desde há cerca de um ano tem vindo a contar histórias e a deixar memórias a quem por lá passa.

E tanto assim é que, desde há uns meses, a dupla quis ir mais longe ainda e oferecer aos seus clientes outras propostas gastronómicas, preparadas por chefs escolhidos a dedo. Num conceito a que deram o nome de “Piquenique n’o Jardim”, abrir as portas da cozinha a chefs, bartenders e chefs pasteleiros, permitindo que cada um introduzisse na carta alguma criação sua. A ideia foi que os chefs preparassem três pratos e uma sobremesa, os bartenders três cocktails, e os chefs pasteleiros três sobremesas.

Nós, fomos lá a um jantar que teve, também, assinatura de Leandro Araújo, um chef com muito mundo mas que desde há uns anos voltou ao ligar onde nasceu, o Algarve, e por ali tem vindo a fazer diferente. Formado na Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve em 2008, passou por várias cozinhas, entre elas a do São Gabriel, do chef Leonel Pereira, e a do Viajante, do chef Nuno Mendes em Londres. Em 2019 tomou as rédeas à do CaféZïque, em Loulé, com uma cozinha contemporânea e internacional e que se apresenta também como Enoteca, com uma selecção de vinhos de todas as regiões portuguesas.

No dia, começámos pelo tradicional Encontro, feito de azeitonas do Douro, pão de fermentação natural, manteiga de levedura e miso e pica pão; e seguimos Para Partilhar, entre um Chora agora (beterraba fumada, óleo de pimenta rosa, creme de caju e alcaparras) ou um Esta flor não se cheira, frita-se (uma couve-flor frita com molho gonchujang e pickles de couve-flor). E dissemos que sim a todas as propostas do chef Leandro que se foram coordenando na perfeição, em ritmo e sabores, com as de Pedro Sousa.

Francisco Breyner, proprietário de O Jardim costuma rotular o restaurante como flexitariano, onde se dá primazia aos vegetais, mas onde a carne e o peixe também chegam à mesa.

Confirmámos e, com dupla ou não, soube-nos bem, muito bem, ir ao Jardim. Ou não tivéssemos tido ainda a sorte de ter sido em verdadeira noite de Verão!

Texto de M.ª João Vieira Pinto

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