No El Cebichero, o ceviche é bem tratado e nós saímos felizes

Confesso que já me cansei de ver ceviches nas ementas dos restaurantes deste País. O ceviche não é nosso e há tanto da nossa cozinha a ficar de lado e para trás… Por isso, quando me convidaram para ir ao El Cebichero não disse logo que sim. Mas fui ler melhor algumas informações sobre o novo espaço recém-aberto na Praça das Flores e decidi-me. Digo-lhe já que ainda bem, e quero voltar.

O espaço é pequeno – aliás, já lá tinha estado há uns meses quando naquele mesmo número 46 residia um outro conceito de restauração –, o que acaba por ter alguma vantagem: ali, nunca encontrará grupos e a conversa acontece. Optámos pelo balcão, com uns seis lugares, por sugestão de Duarte Cardeira, antigo chef de bar do El Clandestino Lisboa que assume a responsabilidade por este El Cebichero ou não fossem os criadores do projecto os actuais sócios do restaurante El Clandestino, em Cascais (João Baptista, Bernardo Crespo e Kellman Sequeira). Mas se Duarte já tinha dado mais que provas com os seus ceviches, agora decidiu ir buscar ao Perú o seu braço-direito que o ajuda a manter ainda mais fiel a conceitos e sabores.

Bem, por mim só digo, ainda bem. E que assim se mantenha. A ementa é curta, mas mais que suficiente, até porque é tudo bom e assim a tentação pode ser mais controlada! Por nós, começámos com um ceviche Tradicional Peruano, que junta peixe branco, camarão e um cremoso creme de coentros (15 euros) – é simplesmente incrível e de rapar o prato até ao fim – a que se seguiu um Puka Mixto em Ajies Peruanos, traduzido numa mistura de marisco e peixe branco com creme de ajies peruanos e pimentas do Perú (17 euros). Bem diferente no sabor, mais intenso mas perfeito na confecção e combinação de ingredientes.

Por recomendação de Duarte, seguimos para um tiradito misto de vieiras, composto por peixe branco, polvo e vierias, com creme de vieiras, kiuri milho e batata doce. Entre este e o primeiro, tenho dificuldade em eleger o favorito – lá está, terei que voltar para tirar teimas.

O que posso dizer é que os sabores estavam todos tão equilibrados e de conquista, que em vez de seguirmos para a sobremesa – tínhamos pensado numa tarte fresca de lima –, optámos antes por um Bao de peixe branco e coentros (12 euros), de uma leveza inquestionável e que nos deixou mais aconchegados ainda.

Claro que onde há ceviche há pisco, e no el Cebichero não é diferente. Aqui, e para já, estão desenhados cocktails como o Pisco Sour – Pisco Ancholado 1615, limão, clara de ovo e Bitters (10 euros) – ou o Muleta Peruana – Pisco Ancholado 1615, lima, hortelã, gengibre e Bitters (9,50 euros). Mas pode sempre optar por um copo de vinho natural branco, palhete ou orange (5 euros) com castas únicas.

A partir do número 46 da Praça das Flores, onde está aberto de quarta-feira a domingo, das 18h à 1h, o El Cebichero é nome que vai ficar. Acredite!

Texto de M.ª João Vieira Pinto

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