No Bougain, o Inverno é aconhego
M.ª João Vieira Pinto
Há um ditado que diz que não se deve voltar aos lugares onde já fomos felizes. Pois eu, que sou teimosa, não só voltei, como voltei a ser feliz. Tudo isto a propósito do Bougain – o restaurante de Miguel Garcia bem no centro de Cascais – e do seu menu de Inverno.
Já pelo início do Verão lá tinha ido e prometido voltar. Os dias, semanas e meses passaram até que agora lá me meti novamente a caminho para confirmar aquilo que já sabia: está-se bem, muito bem por ali. É que o Bougain é comida, mas é muito mais que isso. É serviço e cuidado. E é um ambiente onde apetece estar, como se nos evadíssemos daqui e aterrássemos numa outra paragem onde um cenário de verde aconchega!
A desculpa, desta vez, era a de experimentar algumas sugestões de conforto para esta época do ano. Digamos que não precisávamos de desculpa, mas lá fomos com essa ideia. Se bem que acabámos por virar o bico ao prego e cumprimos pouco da promessa…
Então, nesta carta que agora chega às mesas, o que mais se destaca é o trio de Wellingtons. Ao tradicional de carne de vaca, junta-se a versão com salmão e espinafres e a vegetariana com abóbora, sendo que o referido trio passou a integrar uma nova secção fixa na carta. Mas há mais por aqui, entre o lombo de bacalhau com broa e tapenade de azeitona, as bochechas de porco preto com arroz cremoso e queijo da ilha ou o toucinho do céu. Numa cozinha identitária, com assinatura da chef Diana Roque, serve-se ainda sabores fortes como a sopa de cebola gratinada e a bomba de chocolate com caramelo salgado cremoso, para fechar.
Em almoço de domingo com sol a acompanhar, a verdade é que o que começou por nos chegar foi uma bela dose de ostras do Sado, bem gordas como se quer e com (ligeiro) sabor a mar. Claro que não houve como resistir à dita da sopa de cebola, ou não fosse um prato de memória. É de aconchego esta e, se é dos que come pouco, quase que serve de refeição. Não foi o caso, diga-se!
Seguimos para o prato principal com uma dúvida quase existencial, entre tirar a prova dos nove aos Wellington ou, em dia a cheirar a Primavera, repetir o arroz de carabineiro e citrinos. Pois que o sol nos inspirou e nos levou a adiar o primeiro pedido para outras núpcias, seguindo para o belo do arroz.
Se já tinha sido feliz antes, voltei a sê-lo que a chef sonhou e confecionou bem esta receita.
Assim como (re)comprovei que por ali também não se brinca quando é hora de pedir por um doce, Tiramisu neste caso. A gula é um pecado, eu sei. Mas deve haver pecados piores…
Numa carta onde o clássico se cruza com o internacional, sem complicar, o Bougain continua igual a si mesmo desde que se instalou no rés-do-chão e jardins do 13 da Avenida Valbom.
No total, são 75 lugares entre a sala interior e os espaços exteriores, numa casa aberta sete dias por semana. Ah, e mesmo que chova, há lugares no exterior que se quiseram bem protegidos e onde se pode almoçar ou jantar com o maior conforto. Saiba ainda que durante o fim de semana é possível aproveitar ainda melhor o espaço, porque os horários de almoço foram estendidos, com reservas até às 16h30.
NOTA:
Bougain Restaurant & Garden Bar Av. Valbom 13 2750-508 Cascais Horário 2ª a 6ªf Almoço: 12h30 às 15h Jantar: 19h às 23h Fins de semana Almoço: 12h30 às 16h30 Jantar: 19h às 23h
*A jornalista escreve segundo o Antigo Acordo Ortográfico