Estúdio de animação Nebula não tem planos para voltar a ter escritório

Surgiu como uma necessidade em Março de 2020, mas entretanto provou funcionar «muito bem». É desta forma que André Gaspar, Guilherme Afonso e João Marcos Marchante – que em 2008 fundaram a Nebula – encaram os resultados de um ano de trabalho remoto e os planos para o futuro.

«Em Março de 2020, toda a equipa da Nebula foi para casa e nunca mais regressou ao Lx Factory. Durante este ano, reunimos apenas duas vezes presencialmente, não na Nebula mas em agência e, por acaso, para o mesmo projecto», conta João Marcos Marchante.

E, segundo o fundador do estúdio especializado em animação, a nova forma de trabalhar pouco os afectou. Quando foi criado o estúdio, os sócios sempre fizeram por se rodear de talento extraordinário, específico para cada projecto. Neste contexto, trabalhavam com pessoas que estavam habituadas a este ambiente e modo de fazer as coisas, ou seja, comunicar e trabalhar com pessoas distantes, dentro e fora do País sempre fez parte da forma de trabalhar da Nebula. «Ter pessoas  do outro lado do écran, a fazer caretas, sempre foi normal para nós porque a equipa interna estava junta (já foram 12, oito, agora são sete fixos) e os freelancers estavam remotos.

«A infra-estrutura sempre esteve baseada na nuvem porque sempre precisámos que um talento baseado nas Filipinas (não é um exemplo casual, temos mesmo um artista filipino que trabalha connosco com alguma regularidade) conseguisse interagir connosco numa base regular, estivesse onde estivesse», explica. Daí que há já muito tempo usem a Dropbox como sistema principal. Mal sabiam que isso ia dar tanto jeito na actual conjuntura.

Com a chegada da pandemia e a imposição do teletrabalho, a equipa da Nebula continuou a trabalhar, mas agora a reunir virtualmente também entre si, em vez de ser só com o talento externo. Um elemento está no Algarve, outro em Benfica, na Costa, em Oeiras e em Telheiras. «Toda a gente tem condições em casa, o trabalho que é eminentemente digital flui e as coisas vão-se fazendo com a nossa equipa principal e os freelancers específicos como sempre foi. Tudo passa pela Dropbox e pela documentação online e calendarização. Sempre passou.»

Neste ambiente e modo de fazer as coisas, a Nebula produziu aqueles que João Marcos Marchante considera dos melhores trabalhos do estúdio: “A Fábrica dos Preços Imbatíveis” para a Maxmat, “O Bando do Mar” para o Pingo Doce e mais uns quantos. «Saliento estes dois porque além de gostar imenso dos resultados finais foram projectos que envolveram filmagens, pré-produzidas no conforto dos respectivos lares e, chegado o dia de cada filmagem, todas as precauções foram tomadas e nada ficou por planear ou concretizar porque a preparação tivesse sido remota. Tudo aconteceu como previsto e como sempre aconteceu», sublinha. Só sentem falta de alguma espontaneidade nas interacções já que, agora, para dizer uma coisa a alguém tem de se ter uma reunião ou escrever uma linha de texto e esperar que a pessoa veja.

Tendo em conta a experiência dos últimos meses, os sócios da Nebula tomaram a decisão de, a partir de Fevereiro, deixar de ter espaço físico e assumir que o novo normal da empresa, mesmo depois da pandemia, será o trabalho remoto. «Coordenei a mudança com a Urbanos que tem uma base logística em Bucelas que também faz armazenamento.» Aí, num contentor, ficou o material que entretanto foi posto à venda no OLX. «Basicamente pusemos à venda o que as pessoas não quiseram levar para casa para estarem mais confortáveis», conta.

E o sócio do estúdio acredita que esta não será uma decisão de curto prazo. Para o futuro consegue antever team buildings mais divertidos do que as festas no Zoom e reuniões, às segundas de manhã, que em vez de serem numa sala durante meia hora, serão em esplanadas enquanto bebem cafés e galões. «Ou poderemos fazer jantaradas semanais. Prefiro fazer jantares semanais do que largar esse dinheiro em renda», finaliza.

Veja alguns dos filmes da Nebula feitos em trabalho remoto:

Vigor Kefir

Maxmat Fábrica

Maxmat Preços Baixos

MB Way

Pingo Doce Bando do Mar

Meo Net Segura

Texto de Maria João Lima

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