Mimos em tempo de férias
Tirar uns dias de férias do teletrabalho, rumar a uma casa diferente e lavar as vistas das paredes que ao longo dos últimos meses nos têm acompanhado seja em dias de semana, seja em fins-de-semana. O plano estava feito e o local encontrado: Salgados Beach Villas.
Mãe, filho e cão fizeram-se à estrada e em menos de duas horas (partindo de Lisboa e cumprindo escrupulosamente os limites de velocidade) estávamos a pôr os pés em terras algarvias. Primeira paragem: comprar laranjas para fazer um sumo assim que estivéssemos instalados.
Chegados às Salgados Beach Villas, percebi que o destino cumpria a promessa. Casa ampla com zonas de convívio e outras que permitem que fiquemos a sós com os nossos pensamentos. Tudo aquilo de que estava a precisar. Com a vantagem do Chico (o cão) poder andar por todo o lado, sem incomodar os outros hóspedes. É que com uma piscina privada e um amplo deck para dela desfrutar não é necessário ter o cão à trela ou fechado em casa com a preocupação de que vá incomodar os vizinhos.
Para aqueles que querem expandir horizontes sem ter de mexer no carro, não faltam espaços que convidam à caminhada. Dirigindo-nos à orla marítima podemos optar por observar os encantos da natureza e das aves, em particular, na Lagoa dos Salgados, ou então fazer os passadiços ao longo da costa até chegar à Praia da Galé. Para os menos dados a caminhadas e que queiram apenas desfrutar da praia, a dos Salgados, paredes meias com a Praia Grande de Pêra, tem toda a extensão de areal que se pode desejar.
Mas para aqueles que se querem mimar dentro de portas, em privacidade e em segurança, o Salgados Beach Villas tem duas propostas tentadoras: Spa e Chef sem sair de casa. Claro que quisemos experimentar as duas.
O Spa em Casa é uma oferta limitada, que inclui uma massagem de casal de 60 minutos para duas pessoas, a desfrutar na própria villa, no interior ou no exterior, de acordo com a preferência dos hóspedes.
Sou de opinião de que – em podendo – toda a gente se devia entregar ao deleite de uma massagem de relaxamento uma vez por semana. Deixar o corpo nas mãos de quem sabe e deixar a cabeça vaguear por onde ela quiser.
E em férias o deleite não deve ser posto de lado. Fi-lo com a Isabel e senti-me, literalmente, a abrandar da correria das notícias, umas atrás das outras. Ali, no sossego dos Salgados, enquanto fracos pingos de chuva caiam para lá da vidraça, deitei-me na cama de massagem e deixei-me ir. Um a um todos os músculos perceberam que aquelas mãos vinham para lhes melhorar o dia. Pernas, braços, costas. E como estavam as costas das horas passadas em frente ao portátil e com os telemóveis a clamar por atenção…
No final, senti-me outra. Pronta para, de seguida, enfrentar uma caminhada até e pela praia, ouvir o som das ondas a rebentar na areia. Se o paraíso existir deve ser algo muito parecido com este programa de tarde.
No meio da caminhada, enquanto o Chico corria enlouquecido para que as ondas não o apanhassem, o telefone chamou-me de volta à villa. O chef Ricardo Pereira e o seu sub-chef Charles Neto estavam prontos para invadir a minha cozinha.
Na proposta Chef em Casa, o chef desloca-se à moradia proporcionando uma experiência completa, desde a preparação dos alimentos à arrumação da cozinha. Pode-se escolher o menu de tapas, um menu de sushi ou à carta.
Entregámo-nos ao menu de partilha de tapas composto por várias entradas deliciosas que, na hora combinada, estavam à nossa espera numa mesa posta com o rigor necessário. Decidimos começar pelos ovos mexidos com alheira de caça que cedo percebemos que estavam com a cremosidade certa (o chef perguntou durante a preparação qual o ponto pretendido) e com um excelente equilíbrio entre ovos e alheira. Seguimos pelos quentes com as gambas al ajillo, muito bem temperadas com sabor nos bichos e no molho que os acompanhava e que no qual o pão foi sendo mergulhado. Avançámos, com segurança, para o choco frito saboroso e para a sua maionese gulosa de coentros a pedir para não ficar no prato. Tratados os quentes, seguimos para os frios onde entre o tártaro de atum com abacate e o presunto ibérico de Bellota não saberíamos qual deixar de lado. O presunto estava irrepreensível aparentando ter sido acabado de cortar. O tártaro apresentava um atum muito fresco e abacate nas quantidades certas. E de o recordar já estou novamente a salivar!
Por esta altura muitos dos comensais estariam em fase de dar por terminada a refeição. Mas nós fomos mais longe. E ainda bem porque la piéce de resistance estava por chegar.
Aqui houve um compasso de espera enquanto os convivas convivem e na cozinha são dados os retoques finais naquele que é o prato principal. Chegaria, então o entrecôte grelhado e as batatas bravas. A carne no ponto certo – que no nosso caso significa mal passada – estava deliciosa. Mas as batatas bravas serão inolvidáveis por muito tempo que passe. Creio que nunca as comera tão boas (e seguramente já não era a fome a dar sinais).
Finalizaríamos com um mousse bem cremosa e com pedaços de amêndoa que lhe conferia uma crocância bem interessante e um clássico recheados de ovos, o pudim abade prisco.
Se voltaria a repetir toda a experiência? Seguramente que sim!
Texto de Maria João Lima