Masturbação ainda é tema tabu para 57% dos portugueses. E para si?
A masturbação ainda é um tema tabu na sociedade portuguesa. 57% dos portugueses inquiridos num estudo da Lelo (marca sueca de brinquedos eróticos de luxo) afirma que, dependendo de com quem se fala sobre o assunto, a masturbação ainda é tabu. 38% dos inquiridos considera mesmo que este tópico ainda está envolvido em preconceitos, não sendo abordado abertamente. Ou seja, apenas 5% dos portugueses acredita que este já não é um tema tabu.
Os dados do estudo (realizado, em Março deste ano, junto de 562 indivíduos – 52% do género feminino, 47% masculino e 1% transexuais) foram revelados esta manhã num encontro promovido pela marca Lelo para assinalar o mês de Maio como o mês da Masturbação. O evento contou com a participação de Vanessa Martins, influenciadora e fundadora da Frederica, Susana Dias Ramos, psicoterapeuta especializada em sexualidade clínica e terapia de casal, e Glória Dias, influenciadora, que estiveram à conversa com o stylist Pedro Crispim.
Remetendo para o estudo, Susana Dias Ramos assegura que 47% das pessoas já fala abertamente sobre masturbação, mas «dependendo de com quem estamos o tema pode ser mais ou menos fácil de abordar», sublinha, revelando que 45% quando fala sobre masturbação o faz de forma reservada. Aqueles que indicam que para si é impensável falar sobre este tema não o fazem por vergonha (74%) e por considerarem que é um tema pessoal sobre o qual não se deva falar em frente a outras pessoas (26%).
Na verdade, defende Susana Dias Ramos, «devíamos, em educação sexual, falar sobre masturbação. Mas continuamos a ter algum tabu em falar sobre o tema».
Relativamente à pergunta “Que sentimento tem em relação à masturbação?”, 8 em cada 10 portugueses responderam que se sentem bem, confiantes e que sentem a auto-estima a melhorar. No entanto, os restantes confessaram que sentem culpa, ansiedade e medo de serem descobertos. Há também quem acredite que faz mal à saúde, possivelmente devido a influências na infância em que muitas vezes para evitar que as crianças/adolescentes se tocassem, era-lhes dito que fazia borbulhas e que fazia crescer pelos nas palmas das mãos. «Se há coisa que a masturbação não faz é mal à saúde! Só traz benefícios para a pele, para as endorfinas, para a dopamina. Todas as nossas hormonas de coisas boas aparecem no momento do desejo», assegura a psicoterapeuta, lembrando, no entanto, que deve acontecer com equipamentos desenhados para o efeito.
E quanto à frequência da masturbação? A maioria dos inquiridos (36%) refere masturbar-se uma vez por mês. Mas há quem o faça diariamente (14%), duas vezes por semana (27%) e uma vez por semana (23%). «As pessoas não têm na sua rotina e no seu calendário emocional que isso lhes vai fazer bem e que as vai fazer sentir-se melhor», explica Susana Dias Ramos. E acrescenta: «Mas quanto mais nos masturbamos [as mulheres] mais prontas para a relação sexual nós estamos e mais sensualizadas estamos.»
Relacionamentos e brinquedos
Ao nível de relacionamento entre casais, 73% assumiu que se sente confortável em falar com o companheiro(a) sobre masturbação, existindo, no entanto, 27% que respondeu negativamente, por ainda ter vergonha ou serem muito reservados em relação ao tema. «A masturbação já está mais envolvida na relação. A outra pessoa gosta de ver o parceiro tocar-se», sublinha a psicoterapeuta. Aliás, 51% já se incentivam mutuamente a incluir a masturbação nos seus actos sexuais, apesar de 40% afirmar que nunca o fez e 5% que já o fez, mas que não se sente confortável.
Adriana Di Ippolito, responsável de marketing e comunicação da Lelo, salienta que todos os produtos da Lelo podem ser usados de forma individual ou em casal. A marca trabalha nos vectores de qualidade, desenho e funcionalidade de maneira a que os utilizadores possam desfrutar da viagem sem ter a pressão do orgasmo. «O momento sexual começa bem antes porque todas as hormonas começam a ser libertadas antes do orgasmo, que pode ser atingido ou não.»
Segundo o estudo da Lelo, mais de metade dos portugueses afirma que a associação de masturbação e brinquedos sexuais não tem de ser obrigatória. Mas, lembra a psicoterapeuta, «às vezes é necessária uma mão amiga que não é a nossa».
No entanto, 31% dos inquiridos afirma que usa brinquedos sexuais quando se masturba, em metade das vezes, e 23% chega mesmo a indicar que usa quase sempre. Já 37% reforça que a experiência da masturbação com o uso de gadgets sexuais a torna melhor ou mais completa.
Texto de Maria João Lima